- Há contradição nas genealogias?
Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre a as genealogias:
Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre a as genealogias:
Primeira:
“Jesus
foi filho de José, que foi de Jacob (Mateus 1:16) [E Jacob gerou a
José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Christo.]”.
{Versão ARC 1911 – Almeida Revista e Corrigida Edição 1911}
“Jesus foi filho de José, que foi de Heli (Lucas 3:23). [E o mesmo Jesus começava a ser de quasi
trinta annos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli,]”. {Versão ARC 1911}
Segunda:
“O pai de Salathiel foi Jeconias (Mateus 1:12). [E, depois da deportação para a Babylonia,
Jechonias gerou a Salathiel; e Salathiel gerou a Zorobabel;]”. {Versão ARC 1911}
“O pai de Salathiel foi Neri (Lucas 3:27). [e Juda de Johanna, e Johanna de Rhesa, e Rhesa de Zorobabel, e
Zorobabel de Salathiel, e Salathiel de Neri,]”. {Versão ARC 1911}
Terceira:
“Abiud é filho de Zorobabel
(Mateus 1:13). [E Zorobabel gerou a
Abiud; e Abiud gerou a Eliakim; e Eliakim gerou a Azor;]”. {Versão ARC 1911}
“Resa é filho de Zorobabel (Lucas 3:27). [Jodá, filho de Joanã, Joanã, filho de Resa, Resa, filho de Zorobabel,
este, de Salatiel, filho de Neri;]”.
“São citados os nomes de todos os filhos de Zorobabel, mas nem
Resa e nem Abiud estão entre eles (I Crônicas 3:19-20). [Os filhos de Pedaías: Zorobabel e Simei; os filhos de Zorobabel:
Mesulão e Hananias; e Selomite, irmã deles; e Hasuba, Oel, Berequias, Hasadias
e Jusabe-Hesede; cinco ao todo.]”.
Quarta:
“Jorão era o pai de Ozias
que era o pai de Joathão (Mateus 1:8-9). [E
Asa gerou a Josaphat; e Josaphat gerou a Jorão; e Jorão gerou a Ozias; E Ozias
gerou a Joathão; e Joathão gerou a Achaz; e Achaz gerou a Ezequias;]”. {Versão ARC 1911}
“Jorão era o pai de Occozias, do qual nasceu Joás, que gerou
Amazias, que foi pai de Azarias que, finalmente, gerou Joathão (I Crônicas
3:11-12). [Pai de Jorão : o qual Jorão
gerou a Occozias, do qual nasceo Joás : E Amasias filho deste gerou a Azarias:
Mas Joathão filho d’Azarias.]”. {Paralipomenos
I CAP. III:11-12 - Versão ASB 1821 – A Sancta Biblia Edição de 1821}
Quinta:
“Josias era o pai de
Jeconias (Mateus 1:11). [Josias gerou a
Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia.]”.
“Josias era o avô de Jeconias (I Crônicas 3:15-16). [Os filhos de Josias foram: o primogênito,
Joanã; o segundo, Jeoaquim; o terceiro, Zedequias; o quarto, Salum. Os
filhos de Jeoaquim: Jeconias e Zedequias.]”.
Sexta:
“Zorobabel era filho de
Salathiel (Mateus 1:12). [E, depois da
deportação para a Babylonia, Jechonias gerou a Salathiel; e Salathiel gerou a
Zorobabel;] (Lucas 3:27) [e Juda de
Johanna, e Johanna de Rhesa, e Rhesa de Zorobabel, e Zorobabel de Salathiel, e
Salathiel de Neri,]”. {Versão ARC
1911}
“Zorobabel era filho de Fadaia. Salathiel era tio dele (I Crônicas
3:17-19). [Filhos de Jeconias, o cativo:
Salatiel, seu filho, Melquirão, Fadaia, Seneser, Jecemias,
Sama e Nadabias. Filhos de Fadaia: Zorobabel e Semei.
Filhos de Zorobabel: Mosolão, Hananias, Salomit, sua irmã;]”.
{Versão BAM}
Sétima:
“Sale era filho de Cainan,
neto de Arfaxad e bisneto de Sem (Lucas 3:35-36). [Lc 3:35 filho de Sarug, filho de Ragau, filho de Faleg, filho de Eber,
filho de Salé, Lc 3:36 filho de Cainã, filho de
Arfaxad, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lamec,]”.
{Versão BAM}
“Sale era filho de Arfaxadad e neto de Sem (Gênesis 11:11-12). [Depois do Nascimento de Arfaxad, Sem viveu
ainda quinhentos anos, e gerou filhos e filhas. Arfaxad, com a idade de trinta e cinco
anos, gerou Salé.]”. {Versão BAM}
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o
texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos
versículos citados como defesa de sua tese.
O que digo? Primeiro quero (mais uma vez) esclarecer a questão dos
textos da Bíblia. Sempre procuro uma versão que seja a mais próxima possível da
versão usada por Nosso Amigo e, neste caso, foram umas versões bem antigas
(agradecimentos ao Google Livros e ao pessoal que trabalha na The Word);
portanto não estranhem o português. Quanto a sequência de textos ser maior que
o normal o motivo é o mesmo da postagem de 12
de setembro de 2016 [http://sepade.blogspot.com.br/2016/09/contradicoes-nas-escrituras-sagradas-12.html] sobre os “erros numéricos”; eles têm
explicações semelhantes. Assim vamos tentar explicar cada ponto a partir de pontos
de vista gerais. Então vamos as informações gerais.
Para explicar estas aparentes contradições temos que entender que
algumas palavras não existem em outros idiomas e algumas podem ser entendidas
de formas diferente. Por exemplo (e em nosso caso) não existe, nestes textos, a
palavra avó (apesar de Nosso Amigo a ter utilizado para dar maior impacto
negativo ao texto Bíblico); muito menos termos que usamos no português como
bisavó, trisavó e por aí vai (alguns que são utilizados cotidianamente sequer
sei se realmente existem). Para fazer um comparativo, no inglês só existe até
avó (afirmo isso apesar de meu inglês ser apenas técnico. É possível alguém que
tenha bom conhecimento de inglês atestar essa informação?).
Também há uma questão de cultura. Aqui no Brasil não damos muito
valor as genealogias (os mais velhos ainda tinham um certo zelo quanto a família.
Era frequente ouvirmos a pergunta: “Eis da família de quem?”, e respondíamos:
“de sicrano de beltrano”, mas hoje em dia...) então algumas coisas podem nos
passar desapercebidas. Em outras culturas, no entanto, a genealogia é
extremamente importante e há um cuidado em manter o nome da família.
Evidentemente que nem todos da árvore genealógica de uma família foi de grande
importância ou de destaque para a história do povo (seja local ou nacional),
então os escritores ao relatarem a árvore de algumas pessoas omitem alguns
desses nomes, buscando apresentar apenas aqueles que serão mais facilmente reconhecidos
pelo público alvo. Também os omiti quanto não há o risco de confusão sobre qual
descendência se estava escrevendo (vejam, por exemplo, a Quinta da lista no início da postagem ou Mt. 1:1).
Temos a questão de como as pessoas são conhecidas (quem não
conhece uma pessoa por um nome que outro conhece por outro?) e das mudanças que
os nomes tiveram com a atualização da linguagem (compare II Sm. 24:24 com I Cr.
21:25, Mt. 9:9 com Mc. 2:14, Mc. 1:16 com Mt. 4:18, At. 9:10 com At. 13:9 e nos
textos do início da postagem de 1911 com sua Bíblia hoje). Nos textos Bíblicos
também vemos o cuidado dos escritores quando duas pessoas tinham o mesmo nome,
exercício a mesma “função” e viveram ao mesmo tempo. Nestes casos os escritores
usavam uma variação do nome que tivesse o mesmo significado do original (os
significados dos nomes são importantes e já falamos o poder das palavras em
nossa postagem de 01 de agosto de 2016 [http://sepade.blogspot.com.br/2016/08/cuidado-com-o-que-ouve-01-de-agosto-de.html]).
Outro ponto que também precisamos considerar é a forma como se
entende o termo. No texto bíblico ter por pai não quer dizer que seja filho
direto. Assim como ser gerado não quer dizer que nasceu da pessoa. Ambos os
termos indicam que é da geração de. Vejamos por exemplo o texto de Jo 8:39: “Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão.
Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão.”.
É evidente que as pessoas que disseram isso a Jesus não eram todos sequer da
família como entendemos no Brasil (irmãos, primos em 1º grau, etc.) e nem que
conviveram pedindo a benção todas as manhãs a Abraão. O que estavam dizendo é
que eram descendentes (Ver Rm. 9:6-7).
Explicado isso vamos as outras explicações que se façam
necessárias em cada uma das referências elencadas que deram origem a esta
postagem.
Primeira: As
genealogias de Jesus descritas por Mateus e Lucas não são contraditórias porque
“percorrem” duas linhagens diferentes. Assim como todos nós, Jesus tinha duas
descendências. Mateus (que escreveu o livro para mostrar Jesus como o Rei de
Israel) relata a descendência na qual vieram os reis de Judá e esta era a
linhagem de Maria (aqui vou por uma corrente diferente da maioria, senão de todos,
os estudiosos da Bíblia, mas isso é um pensamento meu, e mesmo que esteja
errado não cria uma contradição nas Escrituras). Chego à conclusão deste fato
apenas por uma frase utilizada por Mateus em 1:16, que diz: “…José, marido de Maria”. O que indica, a
meu ver, que Mateus se pega a uma atribuição legal, proveniente do casamento.
Não é estranho tal fato de se usar o nome do marido, pois, para os judeus,
sempre o nome masculino aparecia na genealogia. Já Lucas (que escreveu o
evangelho para mostrar a Jesus como Deus-homem e sacerdote de Deus, pois por
várias vezes aparece que Jesus estava todos os dias pregando no templo) relata
a descendência de José; e uma frase, que está em 3:23, também me leva a esta
conclusão. O texto diz que “… Jesus…,
como se cuidava, filho de José”. Apesar de já ter insistido outrora de que
Maria fosse da tribo de Levi (peço desculpas se fui insistente em demasia nesse
assunto em algum momento), esta análise mais detalhada destes dois textos,
iluminado pelo Espírito Santo (assim creio, pois de mim mesmo não teria chegado
até aqui), me fizeram entender que alguma de suas antepassadas recentes casaram
com um homem da linhagem real de Davi e assim, pela árvore genealógica do pai,
Maria era da tribo de Judá, sendo, por outro lado, também da tribo de Levi. Estas
informações aqui expostas explicam o motivo de aparecer duas linhagens
diferentes para José e isso era perfeitamente legal, já que o casamento naquela
cultura dava todos os direitos da mulher ao marido, incluindo o de a substituir
em sua própria genealogia. Não é novidade que muitos benefícios foram acordados
através do matrimônio, inclusive reinos, bens e títulos, foram adquiridos por
esse meio durante toda a história da humanidade. Para exemplificar Davi teve
direito ao trono de Saul após casar com uma de suas filhas (I Sm. 19:11).
Um outro ponto geralmente apontado como falha da genealogia é que
Natã, filho de Davi, não tivesse descendência. Essa conclusão equivocada é
baseada em que a Bíblia, com exceção da genealogia em Lucas, não cita os
descendentes dele. É claro que não podemos pegar apenas essa omissão para criar
tal hipótese. Temos que ter em mente também que as genealogias em Israel eram
públicas e qualquer pessoa as poderiam consultar, então, caso houvesse qualquer
erro ou engano nessas genealogias os livros rapidamente teriam sido contestados
por aqueles que perseguiam o Evangelho. Segundo a Bíblia de Estudos Scofield,
2009, Editora Holy Bible, São Paulo – SP, o livro de Mateus foi escrito em 50
d.C. e o de Lucas em 60 d.C. (em anos aproximados) e, assim, os opositores de
Cristo e do Evangelho, que crescia rapidamente e incomodava a muitos, tiveram
mais ou menos 10 anos para contestar estas genealogias, já que em 70 d.C. o templo
em Jerusalém foi destruído pela segunda vez e, segundo rumores (infelizmente
não tenho livros históricos para tentar confirmar este fato, mas não citaria se
não fosse plausível), muitos dos escritos que eram guardados no templo (entre
eles as genealogias) foram destruídos ou seriamente danificados. Para demostrar
que as genealogias existiam e foram pesquisadas vejam os trechos escritos em
Mt. 9:27, Mt. 12:23, Mt. 15:22, Mt. 20:30-31, Mt. 21:9, Mc. 10:46-48 e Lc.
18:38-39.
Com estas informações já aqui apresentadas todos os requisitos necessários
(todos mesmo) para validação das Escrituras Sagradas são plenamente
satisfeitos. As genealogias são verdadeiras e não contraditórias, todas as
profecias são cumpridas e explica o fato do povo judeu não aceitar a Jesus como
Messias, pois esperavam que Ele viesse pela descendência direta dos reis pela
parte do pai, e não da mãe (Vide Mt: 22:42, Mc. 12:35 e Lc. 20:41). Vejamos o
que diz em Lucas 1:32 (grifo nosso): “Este
será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;”.
Assim temos a confirmação de que Jesus não viria pela linhagem real da forma
que era esperada e a profecia que anularia a Jesus como herdeiro do trono de
Davi (Jr. 22:29-30 e que alguns usam para contradizer a própria Bíblia) é
também cumprida.
Segunda, Terceira (1ª parte) e Quarta: O maior questionamento sobre este ponto é o porquê, sendo
genealogias diferentes, aparecem nomes iguais após Davi. A resposta é bem
simples. Apesar de serem nomes iguais, eram pessoas diferentes que resolveram
dar a seus filhos nomes de pessoas “famosas”. Veja que Mateus fala que de Davi
ao exílio da Babilônia, pouco antes de Salatiel, foram 14 + 2 gerações (+ 2
para chegarmos a Salatiel). Seguindo o que diz o site http://blog.myheritage.com.br/2013/03/as-geracoes-e-a-sua-genealogia/, atribuindo a Heráclito, que uma
geração dura 30 anos, temos o tempo de Davi a Zorobabel como sendo de 30 x (14
+ 2) = 480 anos, se somarmos a isso os 3 nomes que Mateus “pulou” por terem um
período de “apenas” 50 anos (pouco mais de 16 para cada, o que não completa
gerações) vamos para 530 anos. Ao contarmos as gerações até o Salatiel que é
descrito por Lucas temos 22 gerações, o que seria 22 x 30 = 660 anos. Vejam que
não há como serem as mesmas pessoas, nem pela própria genealogia, nem pelo
período de tempo, pois há uma diferença de 130 anos. Assim não é possível que
sejam as mesmas pessoas. O fato de Mateus não ter citados alguns nomes era
porque ele fez as contas para especificar as gerações completas, ignorando
assim alguns nomes, o que não compromete a genealogia e nem a coloca em
contradição com nenhuma outra.
Quinta: Se entendeu tudo que foi explicado até aqui então também
já compreendeu esta.
Sexta e Terceira (Final): Este é um pouco mais complicado de
explicar, pois as Escrituras não nos dão muitos indícios. Mas, baseados na
“insistência” da própria Escritura (Vide Ed. 3:2; 3:8; 5:2; Ne. 12:1; Ag. 1:1;
Ag. 1:12; Ag. 1:14; Ag. 2:2; Ag. 2:23) em dizer que Zorobabel era filho de Salatiel
(ou Sealtiel como também aparece em outros lugares) podemos fazer duas
suposições: 1. Salatiel teve um filho durante o cativeiro babilônico o qual lhe
pôs o nome também de Zorobabel e; 2. Durante o cativeiro o seu irmão Pedaías (Fadaia)
foi pai de Zorobabel, mas não sobreviveu, e assim Salatiel passou a ser o pai
legal de Zorobabel. A adoção dá direitos de pais e filhos da mesma forma que os
de nascimento. Vejam que nós também somos beneficiados por esses direitos pois deu-nos “o
poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;”
[Jo. 1:12]. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos
chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.” [I Jo. 3:1], assim “O próprio Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus. Ora,
se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com
Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.” [Rm. 8:16-17]. Aleluia! Que enorme benção que
nos foi concedida.
Sétima: Esta última é a
mais complicada de todas, pois não podemos dizer se nos documentos utilizados
por Lucas realmente havia tal pessoa (Cainã) entre Arfaxade e Selá. O que
podemos dizer aqui é o que já dissemos antes, que a genealogias descrita por
ele era aceita e foi retirada de documentos públicos de confiáveis. Conjecturar
o porquê deste aparecer apenas em Lucas não nos é possível. No entanto sabemos
que não é nenhum absurdo que sejam gerados filhos ao 17 ou 18 anos de idade,
mesmo que sejam dois da mesma família e mesmo que não seja comum para a época. Assim
temos em defesa a possibilidade do acontecimento e a autenticidade dos
documentos usados como fonte de informação.
“Quando, porém, se manifestou a
benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por
obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos
salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele
derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,
a fim de
que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança
da vida eterna.”
(Tt. 3:4-7).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.