Continuando
sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o
que foi dito sobre a Deus ter, ou não, mandado os judeus fazerem sacrifícios:
“Deus
fala a respeito de sacrifícios com os filhos de Israel libertos do egito (Levítico
1:1-9) [Chamou
o SENHOR a Moisés e, da tenda da congregação, lhe disse: Fala aos filhos de
Israel e dize-lhes: Quando algum de vós trouxer oferta ao SENHOR, trareis a
vossa oferta de gado, de rebanho ou de gado miúdo. Se a sua oferta for
holocausto de gado, trará macho sem defeito; à porta da tenda da congregação o
trará, para que o homem seja aceito perante o SENHOR. E porá a mão sobre a
cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação.
Depois, imolará o novilho perante o SENHOR; e os filhos de Arão, os sacerdotes,
apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o altar que está diante da
porta da tenda da congregação. Então, ele esfolará o holocausto e o cortará em
seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar e
porão em ordem lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, os sacerdotes,
colocarão em ordem os pedaços, a saber, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que
está no fogo sobre o altar. Porém as entranhas e as pernas, o sacerdote as
lavará com água; e queimará tudo isso sobre o altar; é holocausto, oferta
queimada, de aroma agradável ao SENHOR.]”.
“Deus nega que houvesse dito algo sobre sacrifícios naquela
ocasião (Jeremias 7:22). [Porque nada
falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei
coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.]”.
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o
texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos
versículos citados como defesa de sua tese.
O que digo? Para explicarmos essa aparente contradição procuramos
fazer uma breve análise do que mudou na prática em questão depois do que foi
exposto por Jeremias. Busquei algumas informações na Bíblia e fora dela e a
resposta foi: nada. Os judeus continuaram fazendo sacrifícios até o ano 70,
quando da destruição do templo, ou seja, por 650 anos após Jeremias, e, segundo
informações do site GospelPrime, em matéria disponibilizada neste link, eles voltaram a fazê-los neste ano. Então qual o motivo deles
terem continuado com o mesmo ritual mesmo após o que Jeremias escreveu? Foi
porque eles entenderam que Jeremias não estava “desmanchando” o que havia sido
dito por Moisés, isto é, Jeremias não estava contradizendo a Moisés.
Então o que Jeremias estava dizendo? Para entendermos isso
precisamos olhar para o contexto. Vejamos o que está escrito em Jeremias 7:8-9:
“Eis que vós confiais em palavras falsas,
que para nada vos aproveitam. Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério
e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que
não conheceis”. O cenário na época é muito parecido com o que havia nos
tempos de Oséias, Miqueias, João Batista, Jesus, Paulo e hoje. As pessoas
cometem erros deliberadamente, desobedecendo os mandamentos de Deus (não estou
aqui querendo dizer que estes são as leis do antigo testamento para nossos dias
atuais), e realizando “rituais” achando que assim serão salvos. Vejam quantas
coisas contrarias aos mandamentos de Deus eram feitos no texto que foi citado
agora a pouco. As pessoas estavam furtando, roubando, adulterando, jurando
falsamente (ou mentindo), acendendo velas para santos (ou para outros deuses) e
procurando outros deuses (ou algum ensinamento, ou algo que não seja o
verdadeiro Deus) para adorar. Igualmente se é praticado hoje. E faziam isso
tudo sabendo o que estavam fazendo. Faziam porque queriam fazer. Depois
realizavam sacrifícios (ou se confessam a homens, ou pagam penitências, ou
compram perdão ou as bênçãos de Deus), para ter seus pecados perdoados e
achavam que assim estariam salvos. Vejam que com João Batista as pessoas vinham
ser por ele batizadas para terem seus pecados perdoados, e João lhes disse: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da
ira vindoura?” (Mt. 3:7b). É evidente que tais atos eram maus diante de
Deus. Seus sacrifícios eram inúteis e não serviam para coisa alguma. Seus estados
não mudavam porquê seus corações não mudavam. Não havia arrependimento sincero
e verdadeiro.
Podemos ver nas Escrituras que o princípio de tudo é a obediência.
Deus disse a Adão para não comer da árvore do conhecimento e a desobediência
era a morte (Gn. 2:16-17). Deus disse ao povo que libertou do Egito que se eles
obedecessem suas palavras seriam o povo de Deus e faria aliança com eles (Ex.
19:5 [é a este momento que o texto de Jeremias faz menção], Lv. 26:3, Dt.
11:13), e a desobediência anularia esta aliança (Dt. 31:16, 20-21, Jr. 31:32). Deus
enviou Jesus para estabelecer uma nova aliança (Mt. 26:28) que também é baseada
na obediência (I Co. 11:29, 31-32; I Pe. 1:2, 14, 22) e a desobediência é a
morte (ou condenação) eterna (Ap. 20:14-15; 21:8; 22:15). Em Hebreus 10:26-27 vemos
que quando pecamos indiscriminadamente, nossa situação enquanto tal, é de “certa expectação horrível de juízo e fogo
vingador prestes a consumir”. Não há perdão. Então não importa o que você
está fazendo, enquanto não se arrepender e deixar os pecados, não haverá
salvação para você.
E quanto aos sacrifícios? Os sacrifícios eram para duas
finalidades. Uma para adoração (Gn. 8:20, Gn. 12:7-8, Gn. 13:18, Gn. 26:25, Gn.
33:20, Gn. 35:7, Ex. 17:15, Ex. 20:24) e para perdão de pecados (Ex. 29:36;
30:10; Lv. 4 a 7). Os da segunda finalidade são os realizados e condenados por
Jeremias na ocasião do texto que deu origem a esta postagem; foram condenados
porque estavam sendo utilizados de forma equivocada. As pessoas distorceram as
palavras de Deus.
Porque eles foram instituídos por Deus? O Homem, após Adão, tem a
tendência de errar (Rm. 7:19) e este não é o desejo de Deus. Então Ele
instituiu algumas formas que valeram em algumas épocas para que o homem pudesse
se manter em paz de espírito e em comunhão com Ele. Todas estas formas tinham
por base a fé e a obediência aos mandamentos de Deus. No entanto o homem (que é
mau) tem o prazer de desobedecer (conscientemente e por vontade própria) e quer
“enganar” a Deus achando que se utilizando das formas instituídas por Ele seus
erros terão que ser perdoados. Vejam, principalmente nos textos de Levíticos,
que no início de cada ordenança tem a palavra “ignorância” e apenas no capitulo
7 que tem a palavra “culpa”. Vejam que em nosso dicionário o significado de
culpa é: “Ato ou omissão repreensível ou criminosa; falta voluntária, delito,
crime” (Dicio – Dicionário Online de Português, acessado em: 18 de novembro de
2016 e disponível em: https://www.dicio.com.br/culpa/) e em todo o restante do livro de
Levíticos faz menção de quais os pecados que são considerados como de culpa, além de que, se tomarmos
por base nossa justiça atual, os crimes são divididos em “culposos” e “dolosos”,
onde os “culposos” é quando o réu comete um crime grave devido a circunstância
e não por que ele planejou fazê-lo. O mesmo princípio vale para a lei de Deus. Levíticos menciona também o que é necessário para o ritual, o que posso lhes adiantar que
era de um custo financeiro elevado (fazemos um paralelo aos dias de hoje, onde
só dói nas pessoas quando se acerta o bolso) e alguns dos pecados cometidos não
havia sacrifício aceitável (vide exemplo em Nm. 35:31). Quando Jesus veio, e
este perdoava os pecados de alguém, ele dizia: “não peques mais” (Jo. 8:11).
Então a que conclusão chegamos? A mesma de I Samuel 15:22: “Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar”; de Deuteronômio 10:12-13: “Agora,
pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu
Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu
Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos
do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem”; de
Oseias 6:6: “Pois misericórdia quero, e não
sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”; de Miqueias
6:6-8: “Com que me apresentarei ao SENHOR
e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com
bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil
ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do
meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom e
que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia,
e andes humildemente com o teu Deus.”; de Salmos 40:6: “Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste
os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres.”; e de Sl.
51:17, Mt. 9:13 e 12:7, Lc. 6:46-47 e Hb. 10:5-10. Entendam que se os judeus
não pecassem não lhes era requerido sacrifício pelos pecados e é isto que Deus
quer: que não pequemos.
Portanto não adianta sacrifícios feitos por você ou por outrem (dizendo
que está a sacrificar-se por você), não adiantam rituais e orações e nem todo o
dinheiro ou bens do mundo, pois estes não poderão restabelecer sua comunhão com
Deus. Se você não procurar obedecer a Seus mandamentos nada que você faça irá
agradá-Lo. Certamente que erraremos, mas não podemos pecar voluntariamente. Nas
palavras de Paulo: “Como viveremos ainda
no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6:2) e, como afirma João, “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo
para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;” (1Jo 2:1).
“Guardo no coração as tuas palavras,
para não pecar contra ti.”
(Sl 119:11).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
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