sexta-feira, 18 de novembro de 2016

« Contradições nas Escrituras Sagradas? » (18 de novembro de 2016)

- Deus mandou os judeus fazerem sacrifícios quando foram libertos do Egito?

Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre a Deus ter, ou não, mandado os judeus fazerem sacrifícios:
“Deus fala a respeito de sacrifícios com os filhos de Israel libertos do egito (Levítico 1:1-9) [Chamou o SENHOR a Moisés e, da tenda da congregação, lhe disse: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós trouxer oferta ao SENHOR, trareis a vossa oferta de gado, de rebanho ou de gado miúdo. Se a sua oferta for holocausto de gado, trará macho sem defeito; à porta da tenda da congregação o trará, para que o homem seja aceito perante o SENHOR. E porá a mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. Depois, imolará o novilho perante o SENHOR; e os filhos de Arão, os sacerdotes, apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então, ele esfolará o holocausto e o cortará em seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar e porão em ordem lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, os sacerdotes, colocarão em ordem os pedaços, a saber, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo sobre o altar. Porém as entranhas e as pernas, o sacerdote as lavará com água; e queimará tudo isso sobre o altar; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao SENHOR.]”.
“Deus nega que houvesse dito algo sobre sacrifícios naquela ocasião (Jeremias 7:22). [Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.]”.

Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos versículos citados como defesa de sua tese.

O que digo? Para explicarmos essa aparente contradição procuramos fazer uma breve análise do que mudou na prática em questão depois do que foi exposto por Jeremias. Busquei algumas informações na Bíblia e fora dela e a resposta foi: nada. Os judeus continuaram fazendo sacrifícios até o ano 70, quando da destruição do templo, ou seja, por 650 anos após Jeremias, e, segundo informações do site GospelPrime, em matéria disponibilizada neste link, eles voltaram a fazê-los neste ano. Então qual o motivo deles terem continuado com o mesmo ritual mesmo após o que Jeremias escreveu? Foi porque eles entenderam que Jeremias não estava “desmanchando” o que havia sido dito por Moisés, isto é, Jeremias não estava contradizendo a Moisés.
Então o que Jeremias estava dizendo? Para entendermos isso precisamos olhar para o contexto. Vejamos o que está escrito em Jeremias 7:8-9: “Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam. Que é isso? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis”. O cenário na época é muito parecido com o que havia nos tempos de Oséias, Miqueias, João Batista, Jesus, Paulo e hoje. As pessoas cometem erros deliberadamente, desobedecendo os mandamentos de Deus (não estou aqui querendo dizer que estes são as leis do antigo testamento para nossos dias atuais), e realizando “rituais” achando que assim serão salvos. Vejam quantas coisas contrarias aos mandamentos de Deus eram feitos no texto que foi citado agora a pouco. As pessoas estavam furtando, roubando, adulterando, jurando falsamente (ou mentindo), acendendo velas para santos (ou para outros deuses) e procurando outros deuses (ou algum ensinamento, ou algo que não seja o verdadeiro Deus) para adorar. Igualmente se é praticado hoje. E faziam isso tudo sabendo o que estavam fazendo. Faziam porque queriam fazer. Depois realizavam sacrifícios (ou se confessam a homens, ou pagam penitências, ou compram perdão ou as bênçãos de Deus), para ter seus pecados perdoados e achavam que assim estariam salvos. Vejam que com João Batista as pessoas vinham ser por ele batizadas para terem seus pecados perdoados, e João lhes disse: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?” (Mt. 3:7b). É evidente que tais atos eram maus diante de Deus. Seus sacrifícios eram inúteis e não serviam para coisa alguma. Seus estados não mudavam porquê seus corações não mudavam. Não havia arrependimento sincero e verdadeiro.
Podemos ver nas Escrituras que o princípio de tudo é a obediência. Deus disse a Adão para não comer da árvore do conhecimento e a desobediência era a morte (Gn. 2:16-17). Deus disse ao povo que libertou do Egito que se eles obedecessem suas palavras seriam o povo de Deus e faria aliança com eles (Ex. 19:5 [é a este momento que o texto de Jeremias faz menção], Lv. 26:3, Dt. 11:13), e a desobediência anularia esta aliança (Dt. 31:16, 20-21, Jr. 31:32). Deus enviou Jesus para estabelecer uma nova aliança (Mt. 26:28) que também é baseada na obediência (I Co. 11:29, 31-32; I Pe. 1:2, 14, 22) e a desobediência é a morte (ou condenação) eterna (Ap. 20:14-15; 21:8; 22:15). Em Hebreus 10:26-27 vemos que quando pecamos indiscriminadamente, nossa situação enquanto tal, é de “certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir”. Não há perdão. Então não importa o que você está fazendo, enquanto não se arrepender e deixar os pecados, não haverá salvação para você.
E quanto aos sacrifícios? Os sacrifícios eram para duas finalidades. Uma para adoração (Gn. 8:20, Gn. 12:7-8, Gn. 13:18, Gn. 26:25, Gn. 33:20, Gn. 35:7, Ex. 17:15, Ex. 20:24) e para perdão de pecados (Ex. 29:36; 30:10; Lv. 4 a 7). Os da segunda finalidade são os realizados e condenados por Jeremias na ocasião do texto que deu origem a esta postagem; foram condenados porque estavam sendo utilizados de forma equivocada. As pessoas distorceram as palavras de Deus.
Porque eles foram instituídos por Deus? O Homem, após Adão, tem a tendência de errar (Rm. 7:19) e este não é o desejo de Deus. Então Ele instituiu algumas formas que valeram em algumas épocas para que o homem pudesse se manter em paz de espírito e em comunhão com Ele. Todas estas formas tinham por base a fé e a obediência aos mandamentos de Deus. No entanto o homem (que é mau) tem o prazer de desobedecer (conscientemente e por vontade própria) e quer “enganar” a Deus achando que se utilizando das formas instituídas por Ele seus erros terão que ser perdoados. Vejam, principalmente nos textos de Levíticos, que no início de cada ordenança tem a palavra “ignorância” e apenas no capitulo 7 que tem a palavra “culpa”. Vejam que em nosso dicionário o significado de culpa é: “Ato ou omissão repreensível ou criminosa; falta voluntária, delito, crime” (Dicio – Dicionário Online de Português, acessado em: 18 de novembro de 2016 e disponível em: https://www.dicio.com.br/culpa/) e em todo o restante do livro de Levíticos faz menção de quais os pecados que são considerados como de culpa, além de que, se tomarmos por base nossa justiça atual, os crimes são divididos em “culposos” e “dolosos”, onde os “culposos” é quando o réu comete um crime grave devido a circunstância e não por que ele planejou fazê-lo. O mesmo princípio vale para a lei de Deus. Levíticos menciona também o que é necessário para o ritual, o que posso lhes adiantar que era de um custo financeiro elevado (fazemos um paralelo aos dias de hoje, onde só dói nas pessoas quando se acerta o bolso) e alguns dos pecados cometidos não havia sacrifício aceitável (vide exemplo em Nm. 35:31). Quando Jesus veio, e este perdoava os pecados de alguém, ele dizia: “não peques mais” (Jo. 8:11).
Então a que conclusão chegamos? A mesma de I Samuel 15:22: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar”; de Deuteronômio 10:12-13: “Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem”; de Oseias 6:6: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.”; de Miqueias 6:6-8: “Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.”; de Salmos 40:6: “Sacrifícios e ofertas não quiseste; abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado não requeres.”; e de Sl. 51:17, Mt. 9:13 e 12:7, Lc. 6:46-47 e Hb. 10:5-10. Entendam que se os judeus não pecassem não lhes era requerido sacrifício pelos pecados e é isto que Deus quer: que não pequemos.
Portanto não adianta sacrifícios feitos por você ou por outrem (dizendo que está a sacrificar-se por você), não adiantam rituais e orações e nem todo o dinheiro ou bens do mundo, pois estes não poderão restabelecer sua comunhão com Deus. Se você não procurar obedecer a Seus mandamentos nada que você faça irá agradá-Lo. Certamente que erraremos, mas não podemos pecar voluntariamente. Nas palavras de Paulo: “Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6:2) e, como afirma João, “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;” (1Jo 2:1).

Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.” (Sl 119:11).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

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