terça-feira, 20 de dezembro de 2016

« Contradições nas Escrituras Sagradas? » (20 de dezembro de 2016)

- Há contradição nas genealogias?

Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre a as genealogias:
Primeira:
“Jesus foi filho de José, que foi de Jacob (Mateus 1:16) [E Jacob gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Christo.]”. {Versão ARC 1911 – Almeida Revista e Corrigida Edição 1911}
“Jesus foi filho de José, que foi de Heli (Lucas 3:23). [E o mesmo Jesus começava a ser de quasi trinta annos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli,]”. {Versão ARC 1911}

Segunda:
“O pai de Salathiel foi Jeconias (Mateus 1:12). [E, depois da deportação para a Babylonia, Jechonias gerou a Salathiel; e Salathiel gerou a Zorobabel;]”. {Versão ARC 1911}
“O pai de Salathiel foi Neri (Lucas 3:27). [e Juda de Johanna, e Johanna de Rhesa, e Rhesa de Zorobabel, e Zorobabel de Salathiel, e Salathiel de Neri,]”. {Versão ARC 1911}

Terceira:
 “Abiud é filho de Zorobabel (Mateus 1:13). [E Zorobabel gerou a Abiud; e Abiud gerou a Eliakim; e Eliakim gerou a Azor;]”. {Versão ARC 1911}
“Resa é filho de Zorobabel (Lucas 3:27). [Jodá, filho de Joanã, Joanã, filho de Resa, Resa, filho de Zorobabel, este, de Salatiel, filho de Neri;]”.
“São citados os nomes de todos os filhos de Zorobabel, mas nem Resa e nem Abiud estão entre eles (I Crônicas 3:19-20). [Os filhos de Pedaías: Zorobabel e Simei; os filhos de Zorobabel: Mesulão e Hananias; e Selomite, irmã deles; e Hasuba, Oel, Berequias, Hasadias e Jusabe-Hesede; cinco ao todo.]”.

Quarta:
 “Jorão era o pai de Ozias que era o pai de Joathão (Mateus 1:8-9). [E Asa gerou a Josaphat; e Josaphat gerou a Jorão; e Jorão gerou a Ozias; E Ozias gerou a Joathão; e Joathão gerou a Achaz; e Achaz gerou a Ezequias;]”. {Versão ARC 1911}
“Jorão era o pai de Occozias, do qual nasceu Joás, que gerou Amazias, que foi pai de Azarias que, finalmente, gerou Joathão (I Crônicas 3:11-12). [Pai de Jorão : o qual Jorão gerou a Occozias, do qual nasceo Joás : E Amasias filho deste gerou a Azarias: Mas Joathão filho d’Azarias.]”. {Paralipomenos I CAP. III:11-12 - Versão ASB 1821 – A Sancta Biblia Edição de 1821}

Quinta:
 “Josias era o pai de Jeconias (Mateus 1:11). [Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia.]”.
“Josias era o avô de Jeconias (I Crônicas 3:15-16). [Os filhos de Josias foram: o primogênito, Joanã; o segundo, Jeoaquim; o terceiro, Zedequias; o quarto, Salum. Os filhos de Jeoaquim: Jeconias e Zedequias.]”.

Sexta:
 “Zorobabel era filho de Salathiel (Mateus 1:12). [E, depois da deportação para a Babylonia, Jechonias gerou a Salathiel; e Salathiel gerou a Zorobabel;] (Lucas 3:27) [e Juda de Johanna, e Johanna de Rhesa, e Rhesa de Zorobabel, e Zorobabel de Salathiel, e Salathiel de Neri,]”. {Versão ARC 1911}
“Zorobabel era filho de Fadaia. Salathiel era tio dele (I Crônicas 3:17-19). [Filhos de Jeconias, o cativo: Salatiel, seu filho, Melquirão, Fadaia, Seneser, Jecemias, Sama e Nadabias. Filhos de Fadaia: Zorobabel e Semei. Filhos de Zorobabel: Mosolão, Hananias, Salomit, sua irmã;]”. {Versão BAM}

Sétima:
 “Sale era filho de Cainan, neto de Arfaxad e bisneto de Sem (Lucas 3:35-36). [Lc 3:35 filho de Sarug, filho de Ragau, filho de Faleg, filho de Eber, filho de Salé, Lc 3:36 filho de Cainã, filho de Arfaxad, filho de Sem, filho de Noé, filho de Lamec,]”. {Versão BAM}
“Sale era filho de Arfaxadad e neto de Sem (Gênesis 11:11-12). [Depois do Nascimento de Arfaxad, Sem viveu ainda quinhentos anos, e gerou filhos e filhas. Arfaxad, com a idade de trinta e cinco anos, gerou Salé.]”. {Versão BAM}

Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos versículos citados como defesa de sua tese.

O que digo? Primeiro quero (mais uma vez) esclarecer a questão dos textos da Bíblia. Sempre procuro uma versão que seja a mais próxima possível da versão usada por Nosso Amigo e, neste caso, foram umas versões bem antigas (agradecimentos ao Google Livros e ao pessoal que trabalha na The Word); portanto não estranhem o português. Quanto a sequência de textos ser maior que o normal o motivo é o mesmo da postagem de 12 de setembro de 2016 [http://sepade.blogspot.com.br/2016/09/contradicoes-nas-escrituras-sagradas-12.html] sobre os “erros numéricos”; eles têm explicações semelhantes. Assim vamos tentar explicar cada ponto a partir de pontos de vista gerais. Então vamos as informações gerais.
Para explicar estas aparentes contradições temos que entender que algumas palavras não existem em outros idiomas e algumas podem ser entendidas de formas diferente. Por exemplo (e em nosso caso) não existe, nestes textos, a palavra avó (apesar de Nosso Amigo a ter utilizado para dar maior impacto negativo ao texto Bíblico); muito menos termos que usamos no português como bisavó, trisavó e por aí vai (alguns que são utilizados cotidianamente sequer sei se realmente existem). Para fazer um comparativo, no inglês só existe até avó (afirmo isso apesar de meu inglês ser apenas técnico. É possível alguém que tenha bom conhecimento de inglês atestar essa informação?).
Também há uma questão de cultura. Aqui no Brasil não damos muito valor as genealogias (os mais velhos ainda tinham um certo zelo quanto a família. Era frequente ouvirmos a pergunta: “Eis da família de quem?”, e respondíamos: “de sicrano de beltrano”, mas hoje em dia...) então algumas coisas podem nos passar desapercebidas. Em outras culturas, no entanto, a genealogia é extremamente importante e há um cuidado em manter o nome da família. Evidentemente que nem todos da árvore genealógica de uma família foi de grande importância ou de destaque para a história do povo (seja local ou nacional), então os escritores ao relatarem a árvore de algumas pessoas omitem alguns desses nomes, buscando apresentar apenas aqueles que serão mais facilmente reconhecidos pelo público alvo. Também os omiti quanto não há o risco de confusão sobre qual descendência se estava escrevendo (vejam, por exemplo, a Quinta da lista no início da postagem ou Mt. 1:1).
Temos a questão de como as pessoas são conhecidas (quem não conhece uma pessoa por um nome que outro conhece por outro?) e das mudanças que os nomes tiveram com a atualização da linguagem (compare II Sm. 24:24 com I Cr. 21:25, Mt. 9:9 com Mc. 2:14, Mc. 1:16 com Mt. 4:18, At. 9:10 com At. 13:9 e nos textos do início da postagem de 1911 com sua Bíblia hoje). Nos textos Bíblicos também vemos o cuidado dos escritores quando duas pessoas tinham o mesmo nome, exercício a mesma “função” e viveram ao mesmo tempo. Nestes casos os escritores usavam uma variação do nome que tivesse o mesmo significado do original (os significados dos nomes são importantes e já falamos o poder das palavras em nossa postagem de 01 de agosto de 2016 [http://sepade.blogspot.com.br/2016/08/cuidado-com-o-que-ouve-01-de-agosto-de.html]).
Outro ponto que também precisamos considerar é a forma como se entende o termo. No texto bíblico ter por pai não quer dizer que seja filho direto. Assim como ser gerado não quer dizer que nasceu da pessoa. Ambos os termos indicam que é da geração de. Vejamos por exemplo o texto de Jo 8:39: “Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão.”. É evidente que as pessoas que disseram isso a Jesus não eram todos sequer da família como entendemos no Brasil (irmãos, primos em 1º grau, etc.) e nem que conviveram pedindo a benção todas as manhãs a Abraão. O que estavam dizendo é que eram descendentes (Ver Rm. 9:6-7).
Explicado isso vamos as outras explicações que se façam necessárias em cada uma das referências elencadas que deram origem a esta postagem.
Primeira: As genealogias de Jesus descritas por Mateus e Lucas não são contraditórias porque “percorrem” duas linhagens diferentes. Assim como todos nós, Jesus tinha duas descendências. Mateus (que escreveu o livro para mostrar Jesus como o Rei de Israel) relata a descendência na qual vieram os reis de Judá e esta era a linhagem de Maria (aqui vou por uma corrente diferente da maioria, senão de todos, os estudiosos da Bíblia, mas isso é um pensamento meu, e mesmo que esteja errado não cria uma contradição nas Escrituras). Chego à conclusão deste fato apenas por uma frase utilizada por Mateus em 1:16, que diz: “…José, marido de Maria”. O que indica, a meu ver, que Mateus se pega a uma atribuição legal, proveniente do casamento. Não é estranho tal fato de se usar o nome do marido, pois, para os judeus, sempre o nome masculino aparecia na genealogia. Já Lucas (que escreveu o evangelho para mostrar a Jesus como Deus-homem e sacerdote de Deus, pois por várias vezes aparece que Jesus estava todos os dias pregando no templo) relata a descendência de José; e uma frase, que está em 3:23, também me leva a esta conclusão. O texto diz que “… Jesus…, como se cuidava, filho de José”. Apesar de já ter insistido outrora de que Maria fosse da tribo de Levi (peço desculpas se fui insistente em demasia nesse assunto em algum momento), esta análise mais detalhada destes dois textos, iluminado pelo Espírito Santo (assim creio, pois de mim mesmo não teria chegado até aqui), me fizeram entender que alguma de suas antepassadas recentes casaram com um homem da linhagem real de Davi e assim, pela árvore genealógica do pai, Maria era da tribo de Judá, sendo, por outro lado, também da tribo de Levi. Estas informações aqui expostas explicam o motivo de aparecer duas linhagens diferentes para José e isso era perfeitamente legal, já que o casamento naquela cultura dava todos os direitos da mulher ao marido, incluindo o de a substituir em sua própria genealogia. Não é novidade que muitos benefícios foram acordados através do matrimônio, inclusive reinos, bens e títulos, foram adquiridos por esse meio durante toda a história da humanidade. Para exemplificar Davi teve direito ao trono de Saul após casar com uma de suas filhas (I Sm. 19:11).
Um outro ponto geralmente apontado como falha da genealogia é que Natã, filho de Davi, não tivesse descendência. Essa conclusão equivocada é baseada em que a Bíblia, com exceção da genealogia em Lucas, não cita os descendentes dele. É claro que não podemos pegar apenas essa omissão para criar tal hipótese. Temos que ter em mente também que as genealogias em Israel eram públicas e qualquer pessoa as poderiam consultar, então, caso houvesse qualquer erro ou engano nessas genealogias os livros rapidamente teriam sido contestados por aqueles que perseguiam o Evangelho. Segundo a Bíblia de Estudos Scofield, 2009, Editora Holy Bible, São Paulo – SP, o livro de Mateus foi escrito em 50 d.C. e o de Lucas em 60 d.C. (em anos aproximados) e, assim, os opositores de Cristo e do Evangelho, que crescia rapidamente e incomodava a muitos, tiveram mais ou menos 10 anos para contestar estas genealogias, já que em 70 d.C. o templo em Jerusalém foi destruído pela segunda vez e, segundo rumores (infelizmente não tenho livros históricos para tentar confirmar este fato, mas não citaria se não fosse plausível), muitos dos escritos que eram guardados no templo (entre eles as genealogias) foram destruídos ou seriamente danificados. Para demostrar que as genealogias existiam e foram pesquisadas vejam os trechos escritos em Mt. 9:27, Mt. 12:23, Mt. 15:22, Mt. 20:30-31, Mt. 21:9, Mc. 10:46-48 e Lc. 18:38-39.
Com estas informações já aqui apresentadas todos os requisitos necessários (todos mesmo) para validação das Escrituras Sagradas são plenamente satisfeitos. As genealogias são verdadeiras e não contraditórias, todas as profecias são cumpridas e explica o fato do povo judeu não aceitar a Jesus como Messias, pois esperavam que Ele viesse pela descendência direta dos reis pela parte do pai, e não da mãe (Vide Mt: 22:42, Mc. 12:35 e Lc. 20:41). Vejamos o que diz em Lucas 1:32 (grifo nosso): “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;”. Assim temos a confirmação de que Jesus não viria pela linhagem real da forma que era esperada e a profecia que anularia a Jesus como herdeiro do trono de Davi (Jr. 22:29-30 e que alguns usam para contradizer a própria Bíblia) é também cumprida.
Segunda, Terceira (1ª parte) e Quarta: O maior questionamento sobre este ponto é o porquê, sendo genealogias diferentes, aparecem nomes iguais após Davi. A resposta é bem simples. Apesar de serem nomes iguais, eram pessoas diferentes que resolveram dar a seus filhos nomes de pessoas “famosas”. Veja que Mateus fala que de Davi ao exílio da Babilônia, pouco antes de Salatiel, foram 14 + 2 gerações (+ 2 para chegarmos a Salatiel). Seguindo o que diz o site http://blog.myheritage.com.br/2013/03/as-geracoes-e-a-sua-genealogia/, atribuindo a Heráclito, que uma geração dura 30 anos, temos o tempo de Davi a Zorobabel como sendo de 30 x (14 + 2) = 480 anos, se somarmos a isso os 3 nomes que Mateus “pulou” por terem um período de “apenas” 50 anos (pouco mais de 16 para cada, o que não completa gerações) vamos para 530 anos. Ao contarmos as gerações até o Salatiel que é descrito por Lucas temos 22 gerações, o que seria 22 x 30 = 660 anos. Vejam que não há como serem as mesmas pessoas, nem pela própria genealogia, nem pelo período de tempo, pois há uma diferença de 130 anos. Assim não é possível que sejam as mesmas pessoas. O fato de Mateus não ter citados alguns nomes era porque ele fez as contas para especificar as gerações completas, ignorando assim alguns nomes, o que não compromete a genealogia e nem a coloca em contradição com nenhuma outra.
Quinta: Se entendeu tudo que foi explicado até aqui então também já compreendeu esta.
Sexta e Terceira (Final): Este é um pouco mais complicado de explicar, pois as Escrituras não nos dão muitos indícios. Mas, baseados na “insistência” da própria Escritura (Vide Ed. 3:2; 3:8; 5:2; Ne. 12:1; Ag. 1:1; Ag. 1:12; Ag. 1:14; Ag. 2:2; Ag. 2:23) em dizer que Zorobabel era filho de Salatiel (ou Sealtiel como também aparece em outros lugares) podemos fazer duas suposições: 1. Salatiel teve um filho durante o cativeiro babilônico o qual lhe pôs o nome também de Zorobabel e; 2. Durante o cativeiro o seu irmão Pedaías (Fadaia) foi pai de Zorobabel, mas não sobreviveu, e assim Salatiel passou a ser o pai legal de Zorobabel. A adoção dá direitos de pais e filhos da mesma forma que os de nascimento. Vejam que nós também somos beneficiados por esses direitos pois  deu-nos “o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;” [Jo. 1:12]. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.” [I Jo. 3:1], assim “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.” [Rm. 8:16-17]. Aleluia! Que enorme benção que nos foi concedida.
Sétima: Esta última é a mais complicada de todas, pois não podemos dizer se nos documentos utilizados por Lucas realmente havia tal pessoa (Cainã) entre Arfaxade e Selá. O que podemos dizer aqui é o que já dissemos antes, que a genealogias descrita por ele era aceita e foi retirada de documentos públicos de confiáveis. Conjecturar o porquê deste aparecer apenas em Lucas não nos é possível. No entanto sabemos que não é nenhum absurdo que sejam gerados filhos ao 17 ou 18 anos de idade, mesmo que sejam dois da mesma família e mesmo que não seja comum para a época. Assim temos em defesa a possibilidade do acontecimento e a autenticidade dos documentos usados como fonte de informação.

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.” (Tt. 3:4-7).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

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