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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

📘 Deus tenta pessoas ou não? 📖


» Série: Aparentes Contradições da Bíblia (13 de janeiro de 2020)

“Deus...
... tenta ...
(Gn 22:1) Depois dessas coisas, provou Deus a Abraão, dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu: Eis-me aqui. Então disse Deus: toma o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto.

... ou não tenta as pessoas? ...
(Tg 1:13) Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele a ninguém tenta.”

Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme chegou até nós.
   

Inicialmente não estava disposto a escrever sobre este ponto por achar que era demasiado simples. Que qualquer pessoa honesta e que se disponha a olhar os significados dos termos em um dicionário resolveria, mas pensando um pouco mais detidamente sobre o motivo de Nosso Amigo ter dado destaque a este percebi que talvez haja algo aqui que podemos acrescentar ao conhecimento de alguém que venha a nos ler, e espero que esta pessoa seja você. E já que estamos escrevendo, então vamos abordar a parte simples também.

Começando pelo simples
Segundo o Houaiss: provação = dificuldade, situação aflitiva ou sofrimento muito grandes, que põem à prova a força moral, a fé religiosa, as convicções etc. de um indivíduo. Enquanto tentação = impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável. Então, de maneira bem simples, uma olhadela no dicionário já nos mostra que não há contradição nos pontos citados.
Simples, mas não tanto
Podemos explicar que não há contradição, mas não de forma tão simples quanto a anterior, citando alguns exemplos alegóricos ou mesmo textos bíblicos. Entretanto é preciso muito cuidado ao fazê-lo para não passarmos impressões limitantes e erradas daquilo que realmente são. Citando apenas um exemplo de um problema que pode ser gerado é se dissermos que as tentações levam ao pecado e as provas não. Este conceito está equivocado.
É possível que ao sermos tentados, não pequemos, e ao sermos provados, sim.
Se pegarmos Ex. 16:4: "Então, disse o SENHOR a Moisés: Eis que vos farei chover do céu pão, e o povo sairá e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu ponha à prova se anda na minha lei ou não.", é evidente que quem não andasse segundo as ordens de Deus estaria descumprindo uma lei, e portanto, estaria pecando, pois "... o pecado é a transgressão da lei." (I Jo. 3:4b).
Então, se vamos utilizar algum argumento que não o dado pelo dicionário devemos ser cuidadosos ao escolhe-los; portanto devemos nos ater aos objetivos de cada uma das coisas (o que revela também o caráter de “quem aplica” cada uma delas), que são:
- "Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis." (Ex. 20:20), ou;
- "... porquanto o SENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma." (Dt. 13:3 [ARA]), e ainda;
- "sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança." (Tg. 1:3);
Enquanto para as tentações:
- "Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte." (Tg. 1:13-15).
Uma observação aqui. Apesar de constantemente dizermos que o diabo é o tentador e que somos tentados pelo diabo, com exceção do próprio Jesus, não há texto na Bíblia que afirme isso, antes, todos os textos dizem que somos tentados por nossas próprias fraquezas. Por outro lado, há textos afirmando que ele é o enganador, e após sermos enganados nos colocamos em tentação devido nossa própria maldade.

O caso específico de Abraão
Diferentemente de outras vezes que Nosso Amigo citou textos de modo equivocado e até mesmo biltre, nesta ele trouxe aspecto que antes não tinha dado a devida atenção a ele.
O problema levantado por Nosso Amigo na prova de Abraão é mais ou menos o seguinte: como vimos no significado da palavra, tentação é um impulso para fazermos algo considerado errado, e temos neste texto Deus pedindo para Abraão matar seu filho, isto é, filicídio. Apesar de não ter concluído o ato, Abraão tentou fazê-lo, o que poderia ser tido como tentativa de homicídio, que também seria algo censurável.
Entretanto pensar desta forma é um grande equívoco; ignora (geralmente propositalmente) o contexto histórico. Temos então dois pontos a considerar, em defesa, que juntos mostram que o feito não podia ser tido como algo errado.

Sacrifícios
Naquela época (e até bem recente em algumas religiões, além de não ser certeza que não se pratica mais em algum lugar do mundo ainda hoje em dia), sacrifícios humanos às divindades não eram considerados assassinatos e até mesmo é motivo de honra, tanto para os ofertantes quanto para as oferendas. Se olharmos, por exemplo, para atentados terroristas, onde pessoas tiram suas próprias vidas para ceifar a de outros, aqueles que se oferecem para esta infeliz tarefa, o fazem com orgulho e em sua comunidade é honrado pelo feito. Na história bíblica em questão em nenhum momento passou pela cabeça do patriarca que o pedido feito fora algo absurdo.
Ele deve ter achado aquilo até comum, pois da região de onde fora chamado arqueólogos encontraram um zigurate e, apesar de não termos dados históricos de como era o culto a divindade Nanna, o deus da lua, na antiga religião que praticava, se considerarmos as evidências das práticas em outros povos que também construíram estruturas semelhantes, tais como os Astecas, o sacrifício humano fazia parte fundamental dos ritos.
Não estou dizendo aqui que nosso entendimento de certo e errado é o que prevalece. Estou apenas dizendo que, na ocasião, Abraão entendeu o pedido e não achou que estava fazendo algo errado, além de ter total convicção que a vida de seu filho seria mantida e podemos afirmar isto baseados na sua resposta à pergunta de Isaque, seu filho: “Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto ...” (Gn. 22:8). Outro pedido semelhante provavelmente nunca foi ou será feito. Decerto há outros dois casos nas Escrituras que alguém pode entender como de sacrifícios humanos, mas nenhum deles foi por solicitação ou tenham sidos aceitos por Deus. Os contextos e eventos eram outros e não podemos atribuir a Deus a culpa por nossas decisões. O aprendizado de cada um deles também é distinto do que estamos tratando aqui.

Lei
O outro ponto é que não havia ordem explicita de Deus para não matar. Então a grande questão é: como sabiam os homens que matar era algo reprovável? Quando Caim matou seu irmão cogitou por algum tempo. Não precisaria pensar muito sobre isso caso não houvesse algo que o fizesse sentir que matar não era certo. Esta questão só pode ser respondida por uma lei implantada no coração do homem que o acusa sempre que pensa em fazer algo errado (Rm. 2:15). Esta lei é chamada de lei moral e o “dispositivo” que nos alerta sobre a existência desta lei chamamos de “consciência”; mas com relação aos sacrifícios, como estavam servindo as próprias divindades, não tinham as mortes como imorais.
Outro momento em que a lei moral é suplantada, isto é, a consciência é deturpada, foi escrito por São Paulo em sua carta aos Romanos 1:28-32. Eis o texto:
E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.
Então, pela ausência de lei e pelo entendimento que havia dos sacrifícios aos deuses o caso de Abraão não pode ser tomado como tentação.

Porque o relato está na Bíblia
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” (II Tm. 3:16), nos resta entender quais ensinos estão relatados no texto bíblico.
Citarei alguns aspectos que percebo no relato, mas não estarei listando todas as lições do texto:
a. Comunhão: o primeiro aspecto que vemos no texto é o contato que Abraão tinha com Deus. Ele falava com Deus. O ouvia e obedecia. Quantas vezes temos negligenciado nossa comunhão com Deus? Quantas vezes trocamos os momentos que devíamos ter com Ele por outras coisas, até mesmo com futilidades? Que Deus nos ajude a ter mais e melhor comunhão com Ele;
b. Amor: Abraão amava muito seu filho, principalmente porque era o único filho que tinha com sua esposa. Entretanto ao Deus pedir-lhe o filho em sacrifício ele não se negou a entrega-lo. Neste ponto somos chamados a fazermos uma séria reflexão sobre o que realmente amamos e se o amamos mais do que a Deus. Você já fez esta reflexão? Lembremos das palavras de Jesus: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.” (Mt. 6:24). O que mais amamos é o deus que, na verdade, servimos;
c. Comprometimento: fomos comprados para Deus pelo sangue de Cristo e não há nada mais valioso que isto, ao menos é assim que deve ser. Abraão não se negou a dedicar à Deus aquilo que ele tinha de mais valioso. Somos então convocados a fazer o mesmo. Não estou dizendo para você dar todos os seus bens para o líder da comunidade religiosa local que você frequenta (que aqui, por conveniência, chamaremos de igreja). Sua igreja deve ter alguma forma na qual você também pode contribuir financeiramente para o funcionamento e objetivos. Tudo que Deus nos dá deve ser usado para engrandecer e glorificar o Seu Nome. Se sua igreja está organizando um evento, o que você fará com seu tempo? Ajudará sua igreja a glorificar o nome de Deus? Se Deus te deu dinheiro suficiente, o que você está fazendo com ele? Está o usando para glorificar o nome de Deus? Não estou dizendo que você não pode ter lazer ou fazer suas economias. A questão é o quê e quanto você tem valorizado acima de Deus;
d. Procrastinação: procrastinar (deixar para depois) é um grande mal que assola o mundo hodierno. Postergar aquilo que preciso fazer é uma das minhas maiores falhas (não a única, infelizmente). Espero que não estejas passando pelo mesmo problema. Abraão, mesmo tendo um bom motivo, não procrastinou. Ele foi rapidamente fazer o que precisava ser feito;
e. Obediência: Abraão também buscou cumprir as ordens de Deus como Ele as tinha lhe dado. Não pensou que poderia fazer o sacrifício ali mesmo já que se deslocar para longe na sua idade seria difícil (eles caminharam por três dias só na ida; e não estamos dispostos a nos deslocar por trinta ou mesmo uma hora até a igreja). Isto nos mostra que Deus não aceita qualquer tipo de culto. Ele definiu a forma como deve ser adorado e não aceita que seja diferente. Realizar cultos baseados nas percepções e vontades humanas não passará de entretenimento para o público;
f. Fé: Abraão tinha certeza absoluta que Deus não tiraria seu filho. O pacto, a promessa e conhecimento que tinha de Deus era base suficiente para sua fé. Dificilmente confiaremos em alguém que não conhecemos bem; e isto também acontece em relação a Deus. Sem O conhecer, não conseguiremos ter fé n’Ele e nem O adorar como convém;
g. Uma tipificação de Cristo: para encerrarmos esta lista de lições que podemos retirar do texto (como disse antes, não é nosso intuito esgota-las) este acontecimento é chamado de “um tipo de Cristo”, isto é, tem correlação com o sacrifício de Cristo. Deus sacrifica Seu único filho, Jesus, para perdão dos pecados. Esta história facilita nosso entendimento da morte do Cristo pela maior facilidade em nos colocarmos no lugar de Abraão.

Conclusão
Esperamos que tenha ficado claro para você que não há contradição nos textos apontados. Também desejamos que os outros pontos tratados possam lhes ajudar em sua vida material e espiritual.

O aguardamos nas próximas postagens.

"Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O SENHOR é meu Deus." (Zc. 13:9).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

Se gosta de nosso trabalho você pode nos ajudar financeiramente comprando os livros indicados nas postagens ou em nosso grupo do WhatsApp

Fontes:
- Ur. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ur. Acesso em: 11/01/2020;

domingo, 15 de setembro de 2019

📘 Deus da paz ou Deus da guerra? 📖

» Série: Aparentes Contradições da Bíblia (15 de setembro de 2019)

“Deus é Deus...
... da paz ...
(Rm 15:33) E o Deus da paz seja com todos vós. Amém.
(Is 2:4) Ele exercerá o seu juízo entre as nações, e repreenderá a muitos povos. Estes converterão as suas espadas em arados e as suas lanças em podadeiras. Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra. [ECA – Edição Contemporânea de Almeida]

... ou da guerra? ...
(Ex 15:3) O Senhor é um guerreiro; o Senhor é o seu nome.
(Jl 3:9-10) Proclamai isto entre as nações: Santificai uma guerra! (...) Forjai espadas das relhas dos vossos arados, e lanças da vossas podadeiras.”

Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme chegou até nós.



O que digo? Bom, podemos mostrar que aqui não há contradição em três aspectos distintos. Vamos direto a elas:

1. Ausência de texto
Apesar de Nosso Amigo sempre indicar textos já vimos que muitos deles são retirados do contexto, tem partes cortadas para alterar seu significado ou são mal interpretados. Por exemplo, nesta ele cita texto que diz claramente “Deus da paz” mas, ao citar os textos contrários, não cita nenhum que tenha “Deus da guerra”. Então ele pega textos que falam sobre “guerra” ou “guerreiro” e dá a eles um significado que eles não têm. Há decerto alguns poucos textos onde Deus ordena guerras e cada uma delas tem um contexto próprio. Geralmente estas fazem parte do Seu juízo. Por exemplo, as guerras travadas pelo povo que foi libertado do Egito para adentrar na terra prometida. Ele usou aquelas guerras para cumprir Sua promessa e ao mesmo tempo levar juízo as pessoas que viviam naquelas terras, cuja maldade havia chegado ao limite (Gn. 15:16 e Dt. 9:5). O contrário também ocorreu. Deus utilizou de guerras também para punir o povo de Israel sempre que estes se desviavam do caminho do Senhor e passavam a adorar outros deuses.
Vamos fazer um pequeno exercício: você se considera uma pessoa da paz ou conhece alguém que se considere como tal? Se, por acaso, houvesse uma guerra em que outro país tentaria invadir o seu para tomar as terras e levar o povo como escravo, você lutaria na guerra? Ou seja, você se tornaria um combatente se nenhuma negociação tivesse êxito? Ou simplesmente entregaria sua família para serem usadas como os invasores bem quisessem?
Assim, pela ausência de textos dizendo que Deus era tomado como o “Deus da guerra”, mas sim como o Deus que não se omite da guerra, este ponto não pode ser tido como uma contradição das escrituras.
2. Não são antagônicas
A ideia de que existe uma contradição aqui também parte do pressuposto tomado pelo Nosso Amigo de que as duas coisas são antagônicas, ou seja, não podem acontecer ao mesmo tempo ou são totalmente incompatíveis. Isto só seria verdade se tomássemos “guerra” apenas como luta e “paz” apenas como o fim desta luta. Ainda teríamos que tomar um universo observável limitado e totalmente abstrato. Por exemplo, podemos usar este sentido em: a guerra na Síria acontece desde 2011 e desde então o país não teve paz. Mas não é possível afirmarmos que não haja ninguém naquele lugar que não tem momentos de paz, mesmo muitas outras pessoas estando em guerra. Também a guerra que acontece lá não retira a paz em outros lugares do globo.
Também podemos imaginar que possa haver pessoas que só estão em paz quando estão guerreando. Neste sentido tomamos “paz” como um estado de espírito. Por outro lado, há pessoas que não estão em paz mesmo em países onde não há nenhum conflito armado. Logo não é possível tomar os dois estados (guerra e paz) como sendo totalmente opostos e que um só exista na ausência do outro.
Aqui devemos salientar um erro no entendimento do Nosso Amigo em relação a quem é o responsável pelas guerras (retomamos este ponto no próximo item), mas, caso fosse possível creditar alguma guerra a Deus, também não será possível creditar a paz dos outros lugares a Ele? Neste aspecto, por não serem coisas opostas, não há contradição nas Escrituras.

3. Outros deuses da guerra e da paz
Olhando para diversas culturas espalhadas pelo mundo vemos que muitos são os “deuses da guerra e da paz” e que há bem poucos deuses específicos da paz. Fazendo uma busca na Web encontramos “deuses da paz” em apenas três culturas: gregos (Irene), romanos (Pax [literalmente paz em português]) e nórdicos (Forseti). Todas as demais pesquisadas os “deuses da paz” eram também os “deuses da guerra”. Isto porque era de entendimento comum que os “deuses da guerra” eram aqueles que ajudavam os homens a vencer suas batalhas e assim, como vencedores, teriam então direito a paz. Aos perdedores o que sobrava era o sofrimento e a servidão, logo, os perdedores não teriam paz. Neste aspecto podemos tomar, sem contradição nas Escrituras, Deus como o “da paz” pois Ele é vencedor em todas as batalhas. “Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos.” (I Cr. 29:11).

Conclusão
É necessário ainda entendermos que a paz que Deus nos proporciona enquanto estamos no mundo é um estado de espírito (trataremos mais de assunto na nossa série sobre o Fruto e os Dons do Espírito) e no mundo vindouro será completa e perpétua.

Assim encerramos mais esta postagem, crendo que tenha ficado claro que não há contradições entre os textos apresentados. Os aguardamos nas próximas postagens.

"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." (Jo. 14:27).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

quinta-feira, 28 de março de 2019

📘 Sobre Deus ser bom ou ruim 📖

» Série: Aparentes Contradições da Bíblia (28 de março de 2019)
“Deus é...
... bom ...
(Sl 45:9) O Senhor é bom para todos. [na verdade é o Salmo 145:9]
(Dt 32:4) Ele é justo e reto.

... ou ruim? ...
(Is 45:7) Eu formo a luz, e crio as trevas, eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas as coisas.
(Lm 3:38) Não é da boca do Altíssimo que saem o mal e o bem?
(Jr 8:11) Assim diz o Senhor: Olhai! Estou forjando mal contra vós, e projeto um plano contra vós. [na verdade é Jeremias 18:11]
(Ez 20:25-26) Também lhe dei estatutos que não eram bons, e juízos pelos quais não haviam de viver; deixei-os contaminar-se em seus próprios dons, nos quais faziam passar pelo fogo tudo o que abre a madre, para os assolar, a fim de que soubessem que Eu sou o Senhor.”
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme chegou até nós.

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É recomendado que este texto só seja lido após a leitura da postagem: Sobre Deus mudar de ideia e se arrepender (de 11 de fevereiro de 2019).
O que digo? Não é muito comum Nosso Amigo errar as referências dos textos, mas desta vez ele foi meio relapso. Entretanto é hábito dele usar textos fora do contexto, o que já dissemos que é extremamente perigoso para a compreensão correta das Escrituras Sagradas (ou de quaisquer outra coisa); assim, não é de admirar que ele aponte tantas contradições na Bíblia, as quais, em sua maioria, se mostram infundadas logo ao lermos seu contexto. Então vamos desfazer mais esse mal-entendido e aproveitar para mostrar que desta vez fez uso de mais uma artimanha para ludibriar seus incautos leitores. Vamos começar por isso.

Ah, a língua portuguesa
Queremos começar mostrando como Nosso Amigo foi astuto ao utilizar recursos da língua portuguesa para manipular seus leitores.
Talvez você tenha estranhado (mas não tenha dado muita importância ao fato) que ele tenha usado como ponto de contradição os adjetivos “bom” e “ruim” e não os antônimos diretos “bom” e “mau”.
Isto foi feito propositalmente por ele para enganá-los! Fugindo do esperado, da normalidade, mas se aproveitando da flexibilidade da língua portuguesa. Pode até tentar justificar que são palavras sinônimas, decerto, mas há uma diferença entre elas.
Se você fizer uma busca por antônimos, por exemplo no site https://www.antonimos.com.br/bom, verá que “ruim” não aparece como contrário de “bom” quando este se refere ao adjetivo “bondoso”. Mas, se você inverter a pesquisa, buscando por “ruim” vai aparecer como contrário a “bom” em algum sentido não específico da palavra. Sentido este delimitado “apenas” pela sinonímia.
Diferentemente se você buscar o antônimo de “mau”, logo notará que há uma especificação clara de significados.
Assim, podemos concluir que a contradição não existe devido aos textos apresentados para definir um caráter “mau” de Deus, não serem sobre Sua natureza, enquanto que os textos para “bom” o são.
Mas, apesar de acreditarmos que apenas isso fosse suficiente, mais a frente vamos analisar os textos dentro de seus contextos, para não restarem dúvidas.
Antes disso vamos falar sobre outras coisas:

Bondade, igualdade e justiça nem sempre são parceiras
A imagem acima é uma situação hipotética que retrata três situações e nelas queremos que foquem em três aspectos: igualdade, justiça e bondade.
A ideia não é minha. Me foi enviada por um amigo nas redes sociais a muito tempo. Apenas remontei com algumas alterações.
Como é possível notar, nem sempre as três coisas (igualdade, justiça e bondade) vão estar juntas em um único “acontecimento” (neste caso cada quadro retrata um acontecimento). E parecerá ainda menos quando a ocasião da justiça envolver punição (que não é o caso desta imagem, evidentemente).
Vamos partir daqui com um exemplo mais prático: privar alguém de sua liberdade é ruim. Mas se quem está privando for um juiz e quem estiver sendo privado for um criminoso? Podemos dizer se o juiz é bom ou mau? Será que é possível adjetiva-lo nestes termos?
É neste ponto que acontecem confusões quando tratamos dos atos de Deus. Querem acreditar que por Deus ser bom ele não pode punir. O que é um engano!
O que ocorre, como vemos nos dois primeiros textos apontados na abertura desta postagem, é que apensar de Deus ser bom, ele também é justo (faz parte de Seus atributos); e assim é necessário, por vezes, trazer punições para aqueles que continuamente infringem Suas leis.
Se Deus pune, então como pode ser bom? Pode ser sua pergunta.
A resposta é simples: Deus tarda em punir, esperando que as pessoas se arrependam de seus atos. Apenas quando suas iniquidades alcançam uma determinada intensidade, é que Deus aplica juízo (Ne. 9:17; Jó 35:15; Sl. 145:8; Jl. 2:13; Jn. 4:2) como está escrito “O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente” (Na. 1:3a [ACF]). mas, “Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? —diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez. 18:23). Entretanto, “Desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade, morrerá por causa dela; na iniquidade que cometeu, morrerá.” (Ez. 18:26).

Não vamos aqui focar na explicação de como Deus pode ser bom e existir tanto mal no mundo, mas acredito que a mensagem da imagem ao lado é suficiente, ao menos por hora, para explicar. Em livro tratamos mais detalhadamente do assunto. Esperamos em Deus que possamos termina-lo.
Nos atendo, então, aos textos que Nosso Amigo apontou, vamos abordar cada um deles na tentativa de os ajudar a entende-los:
Is. 45:7 – A palavra hebraica que foi traduzida por “mal” tem uma boa diversidade de significados. Todos, evidentemente, relacionados a algum tipo de mal, tais como: desagradável, aflição, miséria, adversidade. Como o texto traz contrastes, inicialmente entre “luz” e “trevas”, seria de esperar que a sequência também assim fizesse, e é neste sentido que o texto deve ser entendido. No caso devemos entender “paz” como “tranquilidade” e “mal” como “calamidade”. A versão que traz um entendimento mais simples deste versículo seria a BV (Bíblia Viva): “Eu crio a luz e a escuridão. Eu controlo todos os acontecimentos, os bons e os maus. Eu, o Senhor, é que faço todas essas coisas”. O contexto no qual este texto está inserido começa com os pecados do povo de Israel, o que culmina em sua derrota na guerra travada contra a Babilônia e seu consequente exílio. Agora Deus está dizendo ao Seu povo que usaria aquela mesma nação que havia destruído a cidade de Jerusalém para a restaurar. Explicando de outra forma, por causa do pecado do povo, Deus usa a guerra para puni-los e agora usará o mesmo governo que os escravizava para restaurar a nação de Israel. É neste sentido que Deus usa as circunstâncias boas e más para seus desígnios.
Lm. 3:38 – Neste texto vemos que tudo procede de Deus. Em uma visão bem simplista sobre a criação, Deus é o criador de todas as coisas, portanto, também criador do mal. Mas, como disse, esta é uma visão bem simplista, pois não é assim tão simples; mas isto é assunto para outro trabalho. O contexto aqui é a queda de Jerusalém para a Babilônia e a angústia (lamentações) do profeta Jeremias (muito provavelmente). Angustia essa estabelecida pela consciência do pecado cometido pelo povo contra Deus (Lm. 1:8), de como os falsos profetas os enganaram e não os alertaram de suas faltas (Lm. 2:14) e a terrível experiência de sua alma amargurada por causa dos terrores que vivenciou (Lm. 3:1-2). Atormentado por suas angústias disse: “Minha alma, continuamente, os recorda e se abate dentro de mim” (Lm. 3:20); então lembra-se de como o Senhor é bom, e diz: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lm. 3:21-23) e conclui: “Então de que se pode queixar o homem, se ainda está vivo, apesar dos seus pecados?” (Lm. 3:39 [BPT – Bíblia para todos]). De sorte que o profeta tem plena consciência de que todo mal que caiu sobre eles foram em consequência (ou por punição) de seus próprios pecados.
Jr. 18:11 – O contexto é de um povo que abandonou a Deus e estava adorando outros deuses. Seus pecados haviam crescido tanto que tramavam em tirar a vida do profeta, apenas porque ele falava contra suas falhas e os advertia das consequências que seus pecados trariam. Essas consequências estavam nos planos que Deus traçava caso eles não se arrependessem. Os planos à que este vv. faz referência está descrito no vv. 21 do mesmo capítulo: “Portanto, entrega seus filhos à fome e ao poder da espada; sejam suas mulheres roubadas dos filhos e fiquem viúvas; seus maridos sejam mortos de peste, e os seus jovens, feridos à espada na peleja”. O pecado sempre trará consequências, algumas até de morte. Atentem para estes versos: “Palavra do SENHOR que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. Então, veio a mim a palavra do SENHOR: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?” (Jr 18:1-6a). Como Deus nos fez do barro (Gn. 2:7), somos como vasos em suas mãos, então “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?” (Rm. 9:20).
Ez. 20:25-26 – O contexto é de quando alguns dos anciãos foram até Ezequiel para que este consultasse ao Senhor (vv. 1), mas Deus se recusa a lhes ouvir (vv. 2). Narra o que aconteceu ao tirar o povo do Egito (vv. 5) e como, mesmo não O obedecendo (vv. 8), manteve sua promessa (vv. 9), se revelou a eles (vv. 10), lhes deu os mandamentos para seguirem (vv. 11), lhes proporcionou descanso (vv. 12) e os fez entrar em uma terra de fartura (vv. 28). Mesmo Deus tendo se revelado a eles com grandes e diversas manifestações de poder ainda assim se rebelaram contra Ele (vv. 27). Deus, no entanto, repetidamente lhes perdoou e passou seus estatutos para seus filhos (vv. 21), mas estes também se rebelaram contra Ele (vv. 24). Então Deus permitiu que fizessem o que queriam para que condenassem a si próprios (vv. 25-26). O mesmo acontece hoje, como podemos ver nas palavras de São Paulo: “Sim, eles conheciam algo sobre Deus, mas não o adoraram nem lhe agradeceram. Em vez disso, começaram a inventar ideias tolas e, com isso, sua mente ficou obscurecida e confusa. ... Por isso, Deus os entregou aos desejos pecaminosos de seu coração. Como resultado, praticaram entre si coisas desprezíveis e degradantes com o próprio corpo. Trocaram a verdade sobre Deus pela mentira. Desse modo, adoraram e serviram coisas que Deus criou, em lugar do Criador, que é digno de louvor eterno! Amém. Por isso, Deus os entregou a desejos vergonhosos. Até as mulheres trocaram sua forma natural de ter relações sexuais por práticas não naturais. E os homens, em vez de ter relações sexuais normais com mulheres, arderam de desejo uns pelos outros. Homens praticaram atos indecentes com outros homens e, em decorrência desse pecado, sofreram em si mesmos o castigo que mereciam. Uma vez que consideraram que conhecer a Deus era algo inútil, o próprio Deus os entregou a um inútil modo de pensar, deixando que fizessem coisas que jamais deveriam ser feitas. ... Sabem que, de acordo com a justiça de Deus, quem pratica essas coisas merece morrer, mas ainda assim continuam a praticá-las. E, o que é pior, incentivam outros a também fazê-lo.” (Rm 1:21, 24-28, 32 [NVT], grifo nosso).

Conclusão
Deus é tão bom que nos orienta como devemos viver.
Quando nos desviamos, Ele nos avisa e usa meios para que voltemos ao caminho certo.
E quando mesmo sabendo de tudo isso, insistimos em O desagradar, Ele continua sendo bom e nos deixa fazer o que quisermos, entretanto, Ele também é justo juiz e nos julgará. E não poderemos depois reclamar das consequências e punições que receberemos.

Assim encerramos mais esta postagem, crendo que tenha ficado claro que não há contradições entre os textos apresentados. Os aguardamos nas próximas postagens.

"A condenação é esta: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal detesta a luz e não se aproxima da luz, para que as suas obras não sejam reprovadas." (Jo. 3:19-20 [NAA – Nova Almeida Atualizada Ver. 2017).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
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