◄►◄►◄►
Apesar desta música não ser nova (já tem 15 anos) ao ouvi-la recentemente me foi inevitável não a relacionar com o momento atual que estamos vivendo no país. Acabamos de sair de uma eleição presidencial muito polarizada, onde as pessoas olhavam a mesma informação e a entendiam de forma totalmente oposta. Então, nesta terceira postagem de “Cuidado com o que ouve!” vamos tratar um pouco de como a música pode influenciar nossa cosmovisão, ou seja, faz com que nossos conceitos sejam modificados sem que pareçam terem sido distorcidos e assim tenhamos uma nova visão do que é certo e errado. Passamos a ver o mundo sob outro prisma e isto influência nossa percepção da realidade e escolhas. Esta música será ótima para mostrar isso. Vamos a ela:
01. Amor é um livro | Sexo é esporte
02. Sexo é escolha | Amor é sorte
03. Amor é pensamento, teorema | Amor é novela
04. Sexo é cinema | Sexo é imaginação, fantasia
05. Amor é prosa | Sexo é poesia
06. O amor nos torna patéticos | Sexo é uma selva de epiléticos
REFRÃO
07. Amor é cristão | Sexo é pagão
08. Amor é latifúndio | Sexo é invasão
09. Amor é divino | Sexo é animal
10. Amor é bossa nova | Sexo é carnaval
11. Amor é para sempre | Sexo também
12. Sexo é do bom | Amor é do bem
13. Amor sem sexo | É amizade
14. Sexo sem amor | É vontade
15. Amor é um | Sexo é dois
16. Sexo antes | Amor depois
17. Sexo vem dos outros | E vai embora
18. Amor vem de nós | E demora
REFRÃO
19. Amor é isso | Sexo é aquilo
20. E coisa e tal | E tal e coisa
Compositores: Arnaldo Jabor / Rita Lee Jones Carvalho / Roberto Zenobio Affonso de Carvalho
Letra de Amor e sexo © Warner/Chappell Music, Inc
Esta música trata o “amor” e o “sexo” como sendo duas coisas distintas e independentes, até como opostas. Ela não trata o amor como o ato sexual por duas pessoas que se amam, mas precisamos abordar este ponto, pois quando se menciona essas duas palavras é quase impossível não as relacionar a priori. Neste primeiro aspecto precisamos fazer um rápido comentário. Como a lente com a qual olhamos o mundo tem que ser a Escritura Sagrada, é sobre este prisma que precisamos moldar nossa cosmovisão. Pela Palavra de Deus não é permitido o sexo fora do casamento e não é possível que em um casamento saldável não haja amor, logo o sexo não é para ser algo destituído de amor. Fora desta “regra” o fracasso do relacionamento quase sempre, e inevitavelmente, acontece. As vezes o amor é confundido com a paixão, mas há diferenças entre eles. Na postagem anterior desta série falamos um pouco sobre isto. Se ainda não leu confira neste link.
Dentro do que a música se propõe encontramos alguns problemas. Hora trata o amor em sua definição bíblica, a qual é um sentimento que vem de Deus e que parte de você para os outros, sem a necessidade da reciprocidade. Hora o trata em uma definição mais humana, onde espera-se que ao dar amor possa-se recebe-lo também, mas não especificamente através da conjunção carnal. Por vezes é tratado como um sentimento desprovido de um objeto o que lhe dá um tom egoísta, narcisista ou mesmo idiota. O poema tem o poder de suavizar a mensagem, mas nosso subconsciente interpreta a mensagem e muda nossa cosmovisão, mudando o conceito e o banalizando. Para que fique mais claro que nossa análise está no rumo certo vamos abordar cada linha da música:
A. Na linha “1” o amor é um livro, ou seja, algo que deve ser apreciado sozinho. Se for bom pode ser compartilhado ou recomendado, se não for, deve ser depreciado. Pode-se tentar outro livro e depois outro. Uns serão muito bons, outros nem tanto. O certo é que haverá prazeres e decepções. O sexo, no entanto, é um esporte. Em todo esporte você não pode disputar sozinho. Mesmo nos esportes individuais você precisa de outro para competir. As vezes precisamos de mais que duas pessoas, como nos esportes coletivos. Como todo esporte às vezes se ganha, às vezes se perde. Isto faz parte do jogo. O importante é participar, “competir”. Logo diante destas comparações vemos, logo no primeiro verso, o convite para a libertinagem em detrimento da tentativa de um sentimento puro;
B. Na linha “2” confirma o que acabamos de dizer. Sexo é um esporte onde você pode escolher os participantes enquanto o amor você vai ficar arriscando até dar sorte. E como não existe jogos de sorte, mas sim de azar, a probabilidade está contra você. Entretanto esta ideia está demasiadamente equivocada. O amor começa com escolhas. Boas escolhas levam a bons relacionamentos e, se escolher mal, terá relacionamentos fracassados. Não estou dizendo que as coisas são fáceis. Relacionamentos mais duradouros precisam de mais cuidados. Mas quando se escolhe da forma certa, há maior chance de sucesso. Do outro lado, o sexo, mesmo sendo apenas uma única vez, pode trazer consequências para toda a vida;
C. Na linha “3” e “4” trata o amor como sendo algo racional, o que é verdade. Mas o que é racional é tido como algo não é emocionante; sendo maçante e chato. Como uma novela uma vez ou outra até emociona, se vivido por completo, mas muita gente só quer curtir o início e o final. O sexo, entretanto, é cinema, imaginação e fantasia, ou seja, tem muito mais emoção. Não é preciso durar muito tempo e quase sempre trará prazer de forma mais rápida. Esquecemos muitas vezes de medir os impactos reais nas nossas vidas. O filme que pensávamos ser de ação pode, na verdade, ser um filme de terror;
D. Na linha “5” o amor é trazido como algo maçante, sem ritmo, enquanto o sexo é apresentado como algo poético, criativo e belo. Logicamente tais analogias são equivocadas. Não há nada mais belo que o amor;
E. Na linha “6” é feita uma referência até certo ponto estranha. Não sei se tentaram tratar o sexo como uma mal incurável ou apenas fazer uma referência ao orgasmo, uma selva de emoções; em contraponto o amor que nos torna “patéticos”, ou seja, é incapaz de provocar emoções fortes;
F. Na linha “7” o amor é vinculado a religião, enquanto o sexo a não religião. Como não entendem que a verdadeira religião, ou seja, o cristianismo, liberta, chegam a conclusões equivocadas. Entendem que a religião é o “ópio do povo” (Karl Marx) e que o sexo seria a verdadeira libertação. Não podem estar mais enganados;
G. Na linha “8” diz que o amor é uma terra fértil que não está sendo explorada e que o sexo é tipo o MST: invade a terra alheia dizendo que a vai deixar produtiva. Incrivelmente o resultado final é o mesmo. Encontram terras produzindo fartamente e destroem tudo que já está em ponto de colheita. Deixam apenas destruição e partem para invadir outras terras;
H. Nas linhas “9” e “10” diz que o amor é algo que só os deuses podem ter ou que só é proveniente deles (não está tão distante da verdade) e que é de pouca duração (a Bossa Nova só durou oito anos, de 1958 a 1966) e algo que ficou no passado, enquanto que o sexo é algo inerente ao ser humano e que está a todo instante “voltando” (o carnaval acontece todos os anos desde a antiguidade).
I. Na linha “11” tenta mudar o entendimento das linhas anteriores colocando em igualdade o amor e o sexo quanto a duração. Esta linha contraria todas as outras; além de não ser verdadeiro que o sexo dura para sempre, nem em uma relação, nem em uma pessoa, e só seria possível afirmar isto se a humanidade pudesse subsistir, tal como ela é hoje, pelo mesmo período. As expectativas cientificas, no entanto, desmentem esta afirmação, tomando como finito o tempo da humanidade. E pela expectativa bíblica a terra, como conhecemos, um dia terminará e, até onde entendemos, a humanidade não será mais como é agora;
J. Na linha “12” diz que o amor remete ao equilíbrio, dignidade, ética e aperfeiçoamento espiritual. O sexo remete ao que é exigido, ao que é moralmente aceitável. Não é preciso dizer que se procura a todo instante mudar o conceito do que é ou não aceitável, invertendo valores;
K. Nas linhas de “13” a “16” vemos uma repetição do que foi exposto até aqui, só que de forma mais clara. Amor como amizade, você pode amar sozinho sem ser correspondido e não é necessário o contato físico para que ele aconteça, podendo ser, portanto, solitário. O sexo é o que queremos, necessita de companhia e quase nunca gostamos de estarmos sozinhos. E conclui invertendo os valores e a ordem correta das coisas, trazendo o sexo antes do amor, contrariando a forma correta como já expomos no início;
L. Nas linhas “17” e “18” nos é apresentado concernente a responsabilidade e consequências. Enquanto que o sexo vem até nós e ao ir embora nos exime de qualquer ligação, o amor, por estar em nós, nos mantém “aprisionados” e responsáveis ao que virá depois. Geralmente procuramos não assumir responsabilidades o que faz com que este tipo de ideia é bastante confortante. Sendo que as consequências do sexo são muito ruins enquanto as do amor podem até ser penosas, mas nunca são ruins;
M. As linhas “19” e “20” nos mostra apenas que o amor e o sexo são duas coisas opostas. O que não é verdade, como dissemos inicialmente.
Bom, terminamos por aqui. Tenham cuidado com o que ouvem para que não venham a olhar o mundo com uma lente escura, mas o vejamos pela lente transparente da Palavra de Deus.
Se tiverem alguma música que queiram entende-la melhor, deixe seu título e interprete nos comentários. Podem ser músicas seculares ou gospel. Faremos o possível para atendê-los.
Que Deus nos dê sabedoria e renove nosso entendimento.
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.