domingo, 10 de outubro de 2021

⏳ Esclarecendo questões de Grey’s Anatomy – T14ep10 – Parte III⌛

 » Out of Series (10 de outubro de 2021)

Continuando, e concluindo, a abordagem às questões que sugiram no Ep. 10 da Temporada 14 da série Grey’s Anatomy vamos agora aos pensamentos da dra. April no final deste episódio; pensamentos estes que surgem de suas incertezas, da forma como procura entender as Escrituras e ainda de seu desconhecimento de Deus, o que, infelizmente, se estende a uma grande parcela dos que se consideram cristãos.

A dra. April já vinha enfrentando uma crise de fé e os acontecimentos recentes só aumentaram suas incertezas. O que sobrava de fé desapareceu com os eventos daquele dia: a esposa de seu ex-namorado dá entrada grávida, no hospital, com complicações e falece pouco após dar à luz. Ela não consegue harmonizar seu conhecimento limitado e, em grande parte equivocado, com os tristes eventos daquele dia. Em sua “suprema bondade” o sofrimento não era justificável, logo era impossível harmonizar um Deus bom e todo poderoso com as inúmeras situações ruins que acontecem todos os dias “bem debaixo do seu nariz”, como ela própria diz.

Já ambientados vamos então entrar em seus pensamentos.

   

Deus abandonou seus filhos?

Logo após ver o corpo, agora sem vida, da mulher que estava casada com seu ex-namorado lhe vem à mente as palavras de Jesus em seus últimos momentos na cruz: “Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” [Mt. 27:46]. Este certamente era o sentimento que ela estava neste momento e é, em muitos momentos de nossas vidas, o sentimento que nos aflige. Mas precisamos corrigir algumas coisas:

1. Apesar de parecer, com exceção da ocasião de Jesus na cruz, por motivos que não convém aqui explicar, Deus não abandona seus filhos [Is. 49:14-15; Rm. 8:35-39], apesar de que isto não é um “salvo-conduto” contra o sofrimento [I Co. 15:30; II Co. 11:23-27]. É certo que passaremos por momento difíceis. Também não deveria ser estranho para nós o fato da morte, pois esta é uma das poucas certezas que temos na vida;

2. Os motivos pelos quais passamos por sofrimento nem sempre nos é claro, mas certamente somos moldados também por eles [I Co. 11:31-32];

3. O sofrimento sempre faz com que pensemos em Deus, alguns para salvação, os aproximando d’Ele e outros para condenação, os afastando. Este, afinal, é o principal motivo de nossa vida aqui: decidirmos onde iremos passar a eternidade.

 

O presente da fé?

A dra. April prossegue: “Jó também fez esta pergunta, mas ele manteve a fé. E o que ele ganhou com isso: filhos postiços e transtorno de estresse pós-traumático. Valeu a pena ter sido um servo fiel? Ou teria sido melhor amaldiçoar o nome de Deus desde o começo?”

Certamente ela está fora de si neste momento, não leu todo o livro de Jó ou simplesmente não entendeu nada do que leu. Todo o sofrimento passado por Jó teve seu propósito e ele é resumido em suas palavras: “Eu te conhecia [a Deus] só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.” [Jó 42:5]. Várias outras coisas se encontram neste livro, mas por agora só precisamos saber disso e que, ao final, e com exceção dos filhos, Deus lhe deu tudo em dobro [Jó 42:10].

Deus também não se exime das diversas circunstâncias da vida como você poderá ler no versículo seguinte: “... e o consolaram de todo o mal que o SENHOR lhe havia enviado” [Jó 42:11] e “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” [Is 45:7].

Filhos postiços seriam filhos ilegítimos? Jó não os teve.

Ele gerou outros sete filhos e três filhas e estas foram mais belas que as primeiras [Jó 42:13, 15]. Viveu ainda muito tempo e feliz [Jó 42:16-17], logo não dá pra imaginá-lo com alguns traumas ou transtornos.

As duas últimas perguntas que ela fez, evidentemente, podem ser respondidas com um sim e um não, respectivamente. Leia toda a história de Jó, compare com o seu sofrimento presente ou passado, e ao final, responda por si mesmo estas mesmas perguntas.

 

Quando sofremos, onde está Deus?

Ela segue: “Onde estava Deus durante todo o sofrimento e toda a dor de Jó?”

Deus estava onde sempre esteve. Ele impediu que sua vida fosse ceifada pelo Diabo, que não hesitaria em fazê-lo se tivesse permissão para tal. E, após um discurso que mostrou a Jó sua pequenez em relação ao criador, lemos o que segue: “Disse mais o SENHOR a Jó: Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argúi a Deus que responda. Então, Jó respondeu ao SENHOR e disse: Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei. Então, o SENHOR, do meio de um redemoinho, respondeu a Jó: Cinge agora os lombos como homem; eu te perguntarei, e tu me responderás. Acaso, anularás tu, de fato, o meu juízo? Ou me condenarás, para te justificares?” [Jó 40:1-8].

As perguntas que temos que responder diante do sofrimento são estas.

Como a resposta certamente será não e não, o que temos que fazer é olhar para o que ganhamos no sofrimento. Algumas delas, mas não se limitando a, são fé, esperança, força e conhecimento.

 

O caso Jó: conflito cósmico?

O cenário muda para um bar e, enquanto consome álcool, responde sua própria pergunta: “Ele estava ganhando uma aposta com Satã”.

Então aqui está a errônea ideia de “conflito cósmico entre o bem e o mal”. Tal conflito inexiste. O diabo não é inimigo de Deus pois não há quem O possa vencer. Nas escrituras encontramos a descrição dos que são inimigos de Deus: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” [Tg. 4:4] e mesmo estes são submissos a Ele [Sl. 66:3]. Assim é equivocado o entendimento de uma aposta entre Deus e o diabo nos eventos descritos no livro de Jó.

A melhor forma de entendermos o texto é levando em conta que o diabo, por ser o príncipe deste mundo [Jo. 12:31; 14:30; 16:11; Ef. 2:2], teria então domínio sobre ele (ao menos até certa altura e época). Veja a semelhança destes textos, principalmente nas partes que destacamos:

1. “Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela.” [Jó 1:7];

2. “Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.” [Gn 3:8];

3. “Uma tarde, levantou-se Davi do seu leito e andava passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa.” [2Sm 11:2];

4. “Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.” [Dn 3:25];

5. “Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia, falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” [Dn 4:29-30];

6. “Onde está, agora, o covil dos leões e o lugar do pasto dos leõezinhos, onde passeavam o leão, a leoa e o filhote do leão, sem que ninguém os espantasse?” [Na 2:11];

Essa expressão pode ser entendida como alguém que está verificando suas terras durante uma incursão ou caminhada despreocupada, apenas com intuito de admirar o que é seu. Satanás, no sentido do texto de Jó, podemos entender como acusador. Assim o melhor cenário para entendermos corretamente o texto é o diabo indo até Deus para apresentar uma causa (queixa) onde ele se sente prejudicado ou lesado. O objeto da disputa são atitudes de Jó que se recusa a servir ao dono da terra em que habita, mas talvez houvessem outras questões, não sabemos ao certo, já que Deus tomou a dianteira e fez com que toda a atenção fosse centrada apenas em Jó, evitando, assim, que outras demandas fossem levantadas pelo diabo. Deus aproveitaria a ocasião e faria juízo aos seus filhos e servos, que já haviam completado a medida de sua iniquidade, além de dar a Jó o conhecimento verdadeiro de Deus, a quem ele se esforçava por servir. Lembre as palavras de Jó já citadas anteriormente aqui: “Antes, eu só te conhecia de ouvir falar; agora, eu te vi com meus próprios olhos.” [Jó 42:5 – NVT (Nova Versão Transformadora)].

 

Quem é responsável por todos os males do mundo?

O cenário muda novamente. Agora ela está no banho (assim como no começo do episódio, quando meditava sobre os acontecimentos descritos em Jó, é como se todo o episódio fosse suas recordações daquele dia), só que, agora, depois de ter “dormido” com o primeiro cara (um desconhecido) que lhe dirigiu a palavra no bar. Seus pensamentos são: “Faz você se perguntar onde Ele está diante de toda injustiça, desigualdade e crueldade do mundo”.

Como já dissemos Deus não se exime dos acontecimentos. Tudo só acontece de acordo com Sua vontade [Mt. 10:29; Is. 46:9:10; Dn. 4:35]. Então como um Deus bom permite que tanto mal aconteça?

O primeiro problema a ser resolvido é que quando alguém diz isso parte do pressuposto que inocentes estão sofrendo, o que é um grande equívoco. Vejam o que São Paulo escreveu aos Romanos, principalmente nas partes que destacamos: “Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.” [3:9-18], logo não há inocentes sofrendo.

O segundo ponto que temos que entender é que Deus sabe o que é melhor para nós: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” [Rm. 8:28]. Como dizem os antigos: “Há males que vem para o bem”. Acredito não ser necessário repetir aqui que os acontecimentos, mesmo os piores, moldam nosso caráter, nos dando conhecimento, fé e força. Para alguns são a oportunidade de ajudar, de amar, enquanto para outros, a de serem amados.

O terceiro ponto é que todas as “injustiças, desigualdade e crueldade do mundo” são praticadas tanto por homens como por animais. Eliminar isto significa eliminar toda a existência. Decerto Ele não fará isso antes do fim e, depois, como viu São João em sua visão em Patmos: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.” [Ap 21:1].

 

Onde Ele está agora?

A dra. April pergunta enquanto peca, mesmo sabendo a resposta.

Mas, se você não sabe, lhe responderei: sofrendo diante de toda afronta à Sua santidade. E, depois, você reclamará do juiz quando ele decretar a sentença e aplicar o castigo?

 

Não pense, entretanto, que por Deus ser tardio em irar-se [Ne. 9:17, Sl. 145:8, Jl. 2:13, Jn. 4:2, Na. 1:3] suportará para sempre a transgressão, “Não se desviará a ira do SENHOR, até que ele execute e cumpra os desígnios do seu coração; nos últimos dias, entendereis isso claramente.” [Jr. 23:20].

 

Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.” [Tg. 5:11]. Até a próxima!

 

"Que a graça e a Paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês." [I Co. 1:3]

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Oz. B. Silva

Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

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segunda-feira, 12 de julho de 2021

⏳ Esclarecendo questões de Grey’s Anatomy – T14ep10 – Parte II⌛

» Out of Series (12 de julho de 2021)

Continuando com a abordagem as questões que sugiram na série Grey’s Anatomy vamos agora abordar os diálogos que ocorreram em outra parte do hospital com outros dois personagens.

   

É só questão de interpretação de texto?

Um rapaz dá entrada no hospital com um corte no pulso direito. Os médicos acham que foi tentativa de suicídio, mas o rapaz de nome David Roman (Kevin David Lin) diz que nunca tentaria suicídio, o que ele queria era “apenas” decepar sua mão direita. A justificativa foi Mateus 5:30: “Se a mão direita o fizer pecar, corte-a fora” (conforme fala do ator na série), e o David completa: “e eu não parava de pecar”. A resposta da dra. April Kepner (Sarah Drew) algum tempo depois, foi que ele entendeu tudo errado. Por enquanto vamos trabalhar estes pontos, e, apesar de anteciparmos que ambos estão errados na maior parte do tempo, depois daremos prosseguimento ao diálogo deles.

Muita gente tem problema em entender alguns dos textos bíblicos e as palavras proferidas por Jesus não estão excluídas. Além do nível de interpretação de texto hoje em dia ser muito ruim, muitos o levaram a sua própria interpretação pessoal, o que é um erro. Todo o texto bíblico deve ser interpretado a luz da própria Escritura. Não cabe nele interpretações pessoais: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal” [II Pe. 1:20 - KJA]. Portanto é mister interpretar os textos bíblicos sempre em acordo com o todo da própria Escritura.

 

Literalmente ou figuradamente?

Geralmente a discussão sobre a interpretação do texto bíblico gira em torno de que ele deve ser entendido de forma literal ou figurada e, quase nunca essa discussão progride de forma satisfatória. Os que defendem a literalidade esquecem o princípio da mensagem e se fixam na própria letra da mensagem. Os que defendem o aspecto figurado do texto passam a interpretar tudo pelo seu próprio desejo. Outros tentam unir as duas coisas, o que gera um outro problema e que trataremos mais a frente nesta postagem.

O texto mencionado de Mateus 5:30 diz que se for sua mão direita que lhe leva a pecar, então é melhor ficar sem a mão do que ir inteiro para o inferno (Geena, “local de sofrimento”). Mas será que era a mão direita de David que o fazia pecar? Será que antes dele utilizar sua mão direita ele já não estava pecando? Com a difusão maciça da internet e a banalização do sexo, seria equivocado imaginarmos que antes ele estivesse assistindo vídeos inadequados? Então, para não pecar, bastaria retirar esses vídeos de sua vida. E o princípio da mensagem seria cumprido, literalmente. Isto mesmo, o que permanece literal do texto bíblico, via de regra, é a mensagem do texto e não exatamente as palavras escritas. A mensagem principal do texto não deve, de forma alguma, ser relativizada, mas, por outro lado, não deve totalmente ser literatizado. Devemos entender que, como todo texto, o texto bíblico também faz uso frequente de figuras de linguagens. Jesus também fez muito uso delas, principalmente da hipérbole.

Entendido isso, porque então Jesus usar de tanto exagero? Os motivos são dois: Em última instância, se algo for levado ao extremo, o exagero pode ser necessário. Se após o David eliminar de sua vida todas as coisas que o levam ao pecado, talvez realmente fosse necessário retirar algo de sua vida que lhe fosse muito caro. E, o segundo motivo, é que esta figura de linguagem dá mais impacto a mensagem. Todos nós a utilizamos em nosso cotidiano, na verdade, pois esta forma de expressão exagerada tem por objetivo enfatizar o princípio da mensagem.

Costumamos dizer frases do tipo: “todos foram a festa” ou “ninguém gosta disso”. Claramente são exageros. Também podemos citar algumas outras vezes que Jesus a usou: camelo passar pelo fundo de uma agulha (Mt. 19:24), coar mosquito e engolir camelo (Mt. 23:24) ou em agueiro e trave no olho (Mt. 7:3).

Como toda leitura é importante conhecermos minimamente a linguagem, a gramática e conseguir interpretar bem o texto lido. Também é necessário bom senso e, infelizmente, muito se foge do equilíbrio entre o que está sendo lido e o que se está transmitindo. De um lado alguns relativizam tudo, do outro radicalizam tudo; e assim a essência do conteúdo da mensagem, que é o que devemos seguir literalmente, se perde, dando lugar a interpretações individuais, e assim fica impossível chegarmos ao pleno entendimento do texto.

Algumas outras questões são levantadas no diálogo entre os dois, então vamos voltar as questões levantadas por David e as respostas dadas por April.

 

A Bíblia é um livro de metáforas?

Após uma breve conversa de David e April em que ele a acusa de não conhecer a bíblia e ela se defende dizendo conhecer, ela encerra esta parte do diálogo dizendo: “quando Deus criou o mundo Ele também criou as metáforas” (conforme dublagem). Metáfora é outra figura de linguagem, ela permite fazer uma relação de comparação entre duas coisas, levando o sentido literal de uma delas para o figurado da outra. Assim, April está dizendo que “lançar fora a mão que te faz pecar” é o sentido figurado da mensagem literal, a qual ela não deixa clara no diálogo.

Apesar dela estar parcialmente certa é por conta de pensamentos assim que muitos acabam por tratar eventos que não sabem explicar como simples metáforas, contos de fadas, lendas ou ficção. Se fossemos relatar iríamos nos alongar muito e seria necessário explicar cada ponto, então vamos deixar para outras oportunidades. Por enquanto precisamos entender que fatos não podem ser metáforas e que nem todo diálogo tem sentido figurado ou metafórico. Veremos alguns problemas que surgem com as questões que foram levantadas no segundo diálogo entre eles.

 

Criação X evolução

A primeira pergunta feita por David a April no segundo diálogo é se “Deus criou a Terra em sete dias ou se a evolução aconteceu”. A resposta da April é: “as duas coisas... Ele pode ter usado a evolução para criar o mundo”. Esta é claramente a resposta mais fácil para quem não quer “desagradar” o meio científico, novamente, como mostrado na postagem anterior, dominado pela falsa dicotomia entre ciência e religião. É evidente que Deus pode ter usado de quaisquer métodos que quisesse para formar a Terra e as criaturas que nela habitam, mas ao tomarmos a evolução como princípio automaticamente excluímos a criação conforme descrita nas Escrituras. Se não podemos confiar na fidelidade do início do texto bíblico, como podemos confiar em todo o resto e, especialmente, no final?

Percebem que esta forma de pensar traz um grave problema?

Além deste, há outros, como o problema da morte antes do pecado, de duvidarmos da Palavra escrita enquanto depositamos nossa fé em resoluções humanas sem evidências e sem possibilidade de comprovação. Na verdade, tudo que a ciência (a verdadeira, não o cientificismo que tomou conta do meio) conclui baseado nas provas encontradas apontam na direção do texto Bíblico. Como disse Robert Jastrow (astrônomo, físico e cosmólogo): “Para o cientista que tem vivido pela fé no poder da razão, a história termina como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância, está prestes a conquistar o pico mais elevado e, quando se lança sobre a última rocha, é saudado por um grupo de teólogos que estão sentados ali há vários séculos” (grifo nosso).

 

Jonas no ventre do peixe

David faz, a April, a segunda pergunta: “Você acha mesmo que Jonas sobreviveu três dias na barriga de um peixe?”. Então a resposta da April vai em direção ao que dissemos a pouco: “A Bíblia é um livro cheio de histórias bonitas, metáforas e poemas que não podem ser interpretados literalmente”.

O andamento da conversa culminará, sem sombra de dúvidas, na dúvida sobre toda a Escritura. Mas vamos seguir com o diálogo.

 

A Escritura não foi inspirada por Deus?

David retruca dizendo que “Deus inspirou toda a Palavra”. A resposta dela é que “inspirou, não ditou”. É claro que sua resposta não responde às questões anteriores. Ela está colocando, agora, em dúvida a autoria do Texto Sagrado. Se a inspiração divina não guiou os homens a escreverem apenas a verdade e o que devia ser levado para as gerações futuras para ensino, repreensão, correção e educação na justiça [II Tm. 3:16] porque então a daríamos crédito? Logo isto virá a tona, inevitavelmente.

Já falamos sobre a inspiração das Sagradas Escrituras nesta postagem (aqui). Recomendamos a leitura.

 

E os mandamentos?

Após April dizer a David que o Livro Sagrado não foi “ditado” por Deus e que está repleta de belas estórias, poemas e metáforas ela diz, diante da pergunta dele sobre o mandamento “Não Matarás” [Ex. 20:13 e Dt. 5:17] que este tem que ser entendido literalmente. Então o grande problema de quem relativiza alguns textos e literaliza outros aparece.

Quem, então, dirá o que é literal e o que não é? Porque alguém terá que dizer a outrem o que é real e ficcional nas Escrituras? Qual o sentido da Escritura se apenas alguns poucos “iluminados” podem realmente definir o que é ou não. E se eles estiverem em desacordo, em quem acreditar?

Exatamente para não cairmos neste engano a Bíblia interpreta e responde a si mesma. Tudo que precisamos é deixarmos que as Escrituras “falem” por si.

 

E agora, April?

Após David citar dois textos (um em Lc. 11:28 e Tg. 1:22, ambos os textos falando sobre a prática dos textos bíblicos) e April o responde que deve ser feito dentro da razão e, como esperado, o questionamento último de David é: “Então me diz o que fazer se isso (e mostra a Bíblia) não serve. Se não posso confiar nisso (mostra a Bíblia novamente); se não é a verdade. Se a Palavra de Deus é só um monte de estórias, o que tudo significa? Afinal, pra quê isso (e mais uma vez mostra a Bíblia) aqui serve?”

April não consegue lhe dar resposta.

Este é o ponto de ruptura. Aqueles que não conseguem entender plenamente o texto Bíblico, seja por falta de conhecimento ou por falta de vontade, e começam a interpretá-la baseado na sua própria cosmovisão inevitavelmente se deparará na situação de colocá-la em descrédito. É muito mais confortável para o homem negar aquilo que o confronta.

A Escritura deve ser a base de nossa cosmovisão para interpretar o mundo e não o contrário.

Aqueles que se acham bons, sábios e justos acima de Deus invariavelmente não podem crer em Deus.

Recentemente vi um vídeo de um “pastor” progressista dizendo (entre outros absurdos) que Deus não interfere na humanidade senão Ele seria mal, já que há tanta maldade no mundo. Para esse “pastor” Deus abandonou o homem a própria sorte e de forma alguma se relaciona conosco.

Você agora deve ter feito a pergunta certa: “então porque esse cara ainda se chama de “pastor”?

Certamente não está interessado em mostrar aos seus ouvintes quem é o Deus das Escrituras e como se relacionar com Ele. Seu interesse deve ser, ao contrário, o de impedir que as pessoas cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Para estes o próprio Jesus adverte: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar os que estão entrando! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós! ... Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” [Mt. 23:13-15, 27-28].

É claro que Deus sendo bom o motivo da existência do mal é mais prova de Sua bondade do que Sua responsabilidade. Fosse Deus apenas justo e toda a humanidade já teria sido apagada da existência. O “pastor” apela para a emoção do ouvinte dizendo que pessoas passam fome no mundo. Certamente ele está colocando sobre Deus a responsabilidade que é do homem. Enquanto alguém passa fome, esse “pastor” estava, confortavelmente, dando entrevista a uma emissora de televisão. E depois Deus que é culpado por pessoas passarem fome? Mas isto é outro assunto. Quem sabe Deus nos agracie com outra oportunidade de falarmos sobre isso.

 

Por fim, quero apenas lhe dizer que todas as coisas descritas na Bíblia das quais podemos provar, são verídicas e como de tantas, todas são verdadeiras, porque não podemos crer que aqueles as quais não podemos dar prova também são?

 

Voltamos para a terceira e última parte que tratará dos pensamentos de April sobre alguns eventos descritos na Bíblia. Até a próxima!

 

"Que a graça e a Paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês." (I Co. 1:3)

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Oz. B. Silva
Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.


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domingo, 13 de junho de 2021

⏳ Esclarecendo questões de Grey’s Anatomy – T14ep10 – Parte I⌛

 » Out of Series (13 de junho de 2021)

Esta não é uma série que acompanho, mas a dona (minha esposa, é assim que me refiro a ela quando falo a terceiros) vem acompanhando. Eventualmente sento ao seu lado enquanto assiste e em uma das vezes estava no episódio 10 da 14ª temporada e algumas questões que está nele merecem ser abordadas.

   

A falácia da religião X ciência

Iremos começar pela falsa afirmação feita pela personagem Jenny (Bethany Joy Lenz): “I mean, I’m a scientist, and I think I’m atheist”. Na dublagem traduziram por: “Sabe, eu sou uma cientista, e acho que sou ateia”. O problema na frase é a associação de ciência com ateísmo. Ela construiu o seguinte raciocínio: sou cientista, logo ateísta. E isto é falso.

Há uma errônea ideia que vem há muito sendo disseminada que a religião é contrária a ciência. O que vemos, na verdade, é uma crescente luta do humanismo (que coloca o homem no lugar de Deus). Para isso usam de todos e quaisquer discursos, mesmo que falsos. O cristianismo sempre incentivou o conhecimento. As primeiras escolas nos moldes de difusão do conhecimento para todos veio por meio do cristianismo. As principais universidades do mundo foram abertas por cristãos (sejam por católicos ou protestantes). Logo é enganoso a ideia de que a religião é contrária ao desenvolvimento do conhecimento. Não há instituição cristã (desnecessário dizer que estamos falando das sérias e compromissadas realmente com as Escrituras, infelizmente alguns que se dizem “evangélicos” cooperam para isso, dando força ao discurso por incentivar a ignorância entre seus ouvintes) que não prese pela disseminação do conhecimento. Tanto que falamos sobre todos os aspectos da vida do cristão, e isto inclui aspectos de sua passagem pela Terra. Então, voltando ao ponto, o que podemos concluir é que alguns cientistas humanistas lutam insistentemente contra o cristianismo e estão conseguindo convencer a todos que somos nós que lutamos contra a ciência, onde, quando muito, lutamos contra o cientificismo, que é uma espécie de religião sem deus definido. Então frases como “Deus está morto”, “Deus é um mito” ou “Deus é coisa de idiota” são facilmente encontrados em conversas, principalmente pela internet. Mas, como diz o salmista: “O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações” [Sl. 10:4], assim, em sua perversidade e desonestidade intelectual atribui o que é incompreensível e, portanto, inexplicável ao acaso, descartando desde o início uma possibilidade, o que claramente é anticientífico. A ciência coleta dados e os análise e a partir disto, tira conclusões, não excluindo quaisquer hipóteses, mesmo que contrárias as crenças individuais do cientista.

Voltando a frase da Jenny, que traz a falácia do cientista = ateu, que é totalmente falsa. E para provar que isso bastaria citar um cientista que não o seja. Há muitos! Por exemplos gnósticos (princípio básico assenta na ideia de que há em cada homem uma essência imortal que transcende o próprio homem) ou agnósticos (considera os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana) que em definição não são ateus. Decerto que há aqueles que se intitulam “ateus (a)gnósticos” que já excluem Deus das possibilidades. Por exemplo, essa essência imortal que transcende o homem é qualquer coisa, menos Deus ou proveniente d’Dele, mesmo sem ele ter a mínima ideia do que seja, ou que o homem não pode compreender determinadas coisas, mas com certeza não são atos divinos. Tudo muito científico. Deixando esses confusos de lado, encontraremos facilmente cientistas não ateus. Mas, mesmo que coloquemos não ateus como cristãos, não é muito difícil citar nomes que foram essenciais para o desenvolvimento do que conhecemos hoje: Newton, Pascal, Descartes, são nomes antigos conhecidos e: Heisenberg, Hess, Townes, Phillips, que são alguns dos nomes que já ganharam prêmio Nobel. Ainda podemos citar alguns conhecidos que além de cientistas são dedicados na pregação do Evangelho como Adalto Lourenço e Marcos Eberlin que podem ser assistidos facilmente nas plataformas de streaming de vídeo.

Por outro lado, a frase de Jenny é montada sobre uma dúvida. Ela “acha” que é ateia. Isto é um bom sinal, na verdade. Isso mostra que ela ainda busca entender sua situação em relação ao conhecimento de Deus. Dúvidas sobre a existência de Deus são muito comuns, já que Ele não se revela de forma incontestável (se o fizesse não seria necessário fé). Entretanto a quantidade de indícios de Sua existência está espalhada por todo lugar, apesar de que, para Dawkins, Deus não deixou provas suficientes.

Bom, para quem não quer crer, todas serão; mesmo que Ele o visitasse seria tido como um fantasma ou alucinação, provavelmente. Desta forma, quais provas querem? Eu nunca soube, na verdade. Por isso iniciei, apesar de neste momento em que escrevo este texto estar parada há algum tempo (esta pandemia acabou com meu ritmo e motivação, orem por mim, por favor), uma série de vídeos onde relato minha jornada sobre a dúvida e a certeza e complemento as diversas fases do descobrimento e conhecimento com o pensamento de grandes homens do passado. (Se tiverem interesse podem ver em nossos canais da Cos.TV ou Youtube. Contamos com o apoio de vocês).

Ainda outro aspecto é a questão da fé. Lembro de uma frase de G. K. Chesterton: “Quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa”. Não raramente você encontrará uso de frases como “fé na ciência”, “sorte”, “azar”, “acaso”, “causalidade”, entre os que se chamam ateus. O que nos mostra que apesar de não crerem em Deus, creem em algo que não fazem a menor ideia do que seja. O problema é que não estão mais abertos a dúvida, como bons cientistas, mas já se decidiram em qual caminho seguirão, infelizmente. Por outro lado, não podem culpar Deus por suas próprias decisões, o que, como disse o Apóstolo Paulo, os torna indesculpáveis [Rm. 1:20].

O problema do mal era a dúvida de Jenny

Jenny estava diante de um dilema moral. Ela havia saído de um relacionamento com um cara ruim. Todas as suas ações eram más e ele acabara de falecer em um acidente. Seus órgãos seriam doados e a preocupação de Jenny era se a maldade de uma pessoa poderia passar para outra que recebesse os órgãos. É claro que a maldade do homem está em sua condição imaterial e não material, logo ela não é “transferível” desta forma. Todos temos o poder (livre arbítrio) de escolher entre fazer o bem e o mal. A dúvida de Jenny certamente se estendia para a de muitas pessoas: “se Deus é bom, porque existe o mal no mundo?”. Essa questão é recorrente em várias variações. Já a abordamos o assunto rapidamente na nossa postagem de 30 de agosto de 2020. Posso resumir dizendo que Deus permite o mal no mundo justamente porque estamos nele, isto é, nós somos o motivo de todo mal que existe no mundo e Deus ainda não destruiu o mal porque espera que o número dos que serão salvos se complete. Após isso, virá o fim e todo o mal será eliminado e a humanidade juntamente com ele. São Pedro disse que não devemos esquecer: “que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a Sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” [II Pe. 3:8-9] e como costumo dizer, não devemos entender a volta de Cristo apenas desta forma, mas como encontro com Cristo, pois mesmo que Sua segundo vinda não seja em nossa geração, certamente partiremos ainda nela.

Este assunto (de Deus e o mal) sempre puxa outras questões, mas não vamos abordá-las neste momento. Em geral, questões complicadas carecem de respostas longas e desde que você não esteja aberto a outros pontos de vista será apenas perda de tempo. Você nunca estará satisfeito e levantará sempre as mesmas questões, mesmo que sempre ouça as mesmas respostas. Espero em Deus que, em algum tempo, possa trazer uma postagem apenas falando sobre isso e respondendo as questões e afirmações que já ouvi. Quero apenas, por hora, deixar o texto abaixo para vossa meditação:

Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça. Ai daquele que diz ao pai: Por que geras? E à mulher: Por que dás à luz?” [Is. 45:9-10]

Finalizando esta primeira parte lhes espero na continuação. Até a próxima!

"Que a graça e a Paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês." (I Co. 1:3)

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Oz. B. Silva

Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.


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Bibliografia

• As raízes cristãs das melhores universidades do mundo. Disponível em: https://palavraviva.com/noticias/as-raizes-cristas-das-melhores-universidades-do-mundo/. Acessado em: 15 de abril de 2021;

• Qual foi a primeira escola?. Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-foi-a-primeira-escola/. Acesso em: 15 de abril de 2021;

• Significado de Humanismo. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/humanismo/. Acesso em: 15 de abril de 2021;

• Significado de Gnóstico. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/gnostico/. Acesso em: 15 de abril de 2021;

• Significado de Agnóstico. Significados. Disponível em: https://www.significados.com.br/agnostico/. Acesso em: 15 de abril de 2021;