quarta-feira, 29 de abril de 2020

⏳ Filme: O Poço – Uma análise geral (contém Spoilers) ⌛

» Out of Series (29 de Abril de 2020)

Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus” (II Tm. 3:1-4)

Algumas coincidências da vida realmente são incríveis. Não fosse o momento de pandemia que estamos vivendo, este filme não teria a repercussão que teve, isto porque, apesar de interessante, seria pouco relevante em momentos “normais”. Nesta postagem vamos falar sobre os poucos acertos e os diversos erros ideológicos que há neste filme bem como algumas referências religiosas que se apresentam.

Sinopse
Para conduzir um experimento social foi construída, e é comandada por um grupo chamado de “A Administração”, uma prisão que consiste em 333 níveis (ou andares). Duas pessoas por nível são colocadas lá por um período de tempo e, a cada mês, são forçados a trocar de nível, subindo ou descendo, aleatoriamente. No centro de cada nível há um retângulo por onde uma vez por dia desce uma mesa com comida e esta fica parada em cada nível por um determinado período de tempo. Os que estão no nível 1 podem, então, comer o que quiserem e após o tempo determinado a mesa desce para o andar seguinte, e assim sucessivamente. As pessoas não podem guardar comida. Evidentemente, à medida que a mesa desce, a quantidade de comida fica cada vez menor. Então, a prisão consiste, unicamente, em comer para sobreviver.

Crítica explicita
O filme é uma crítica explicita ao capitalismo e a estrutural social de diversos (senão todos) os países. Nos níveis de 1 ao 3 as pessoas praticamente podem comer o que quiserem. Do nível 4 ao 15, talvez falte algo, mas têm grande fartura. Do nível 16 ao 50, pode-se comer muito bem. Do nível 51 ao 100 comem razoavelmente bem, dos níveis 101 a 180, comem mal, e, após esse nível, raramente chega alguma comida. Vemos nesta estrutura as distribuições das classes sociais de “A” a “F”, onde a maior parte da população de um país come pouco ou quase nada, enquanto uma minoria tem de praticamente tudo e esbanja. Apesar disto ser notório em qualquer país que se observe não se pode olhar para apenas este aspecto e ignorar todos os outros que o envolvem, isto é, apesar de alguns poucos terem muito, e muitos terem pouco ou nada, este não é o problema principal pelo qual existe a chamada “desigualdade social”.

A falácia da “desigualdade social”
A “desigualdade social” não é o problema de um país, mas é apenas um artifício usado por pessoas que querem chegar ao poder e instaurar um regime ditatorial. Para explicar porque devemos tratar com relutância aqueles que abordam, insistentemente, esse tema, precisaremos fazer um exercício imaginativo: Suponha uma comunidade onde todas as pessoas ganham apenas o suficiente para comer 100g de arroz por dia e digamos que o custo disso seja de 30 dinheiros. Agora, por favor, me responda a seguinte pergunta: qual o tamanho da “desigualdade social” desta comunidade? Pois é, não há “desigualdade social”, entretanto isto não é sinal que a vida dessas pessoas seja boa.
Agora imaginemos que alguém com muitos dinheiros se estabelece neste local e monta uma empresa e contrata alguns dos moradores. Aqueles que forem empregados ganharão alguns dinheiros que melhorarão suas condições de vida e, indiretamente, irá surgir novas demandas na comunidade que terá a chance de receber uma parte deste dinheiro, oferecendo serviços que atendam as novas demandas apresentadas. Assim, apesar de surgir a “desigualdade social”, uma parte das pessoas agora tem uma melhor condição de vida e à medida que estas melhoram, vão “puxando” para cima, uma parte da comunidade. Então o problema não é a “desigualdade social”, mas o motivo pelo qual as pessoas vivem em miséria.
Concluímos com este exercício que a “desigualdade social” não é sinal de vida pior, bem como a falta dessa desigualdade significa vida melhor. Ao passo que teremos sempre necessidades diferentes, continuamente haverá desigualdade; e isto significa apenas que há mais oportunidades para todos melhorarem de vida.

Recursos são limitados, mas não perpetuamente limitados
Um ponto que o filme aborda é a limitação dos recursos em determinado período de tempo. Isto é verdade. Não é possível consumir recursos a vontade, pois estes são limitados, ao menos dentro de um certo espaço de tempo. No filme isto é retratado pela quantidade de comida disponível para todos por dia. À medida que os dos níveis superiores consomem e estragam, os dos níveis inferiores passam fome ou morrem.
Entretanto, o que o filme erra, ao menos na metáfora com a realidade, é que não é verdade que os recursos são sempre limitados, ou seja, a quantidade de recursos, na verdade, pode aumentar de acordo com a demanda. Se houver mais gente interessada em algo, independente do que seja, a quantidade deste algo tende a aumentar. Por exemplo, na medida que uma comunidade começa ter falta de comida há uma tendência natural de procurar aumentar a quantidade deste recurso para atender a todos. As pessoas que hoje, infelizmente, passam fome, não é, na verdade, porque não há comida suficiente no mundo, mas o motivo é que algo ou alguém dificulta o acesso dessas pessoas ao recurso necessário. Em geral, o maior culpado disso, não é o sistema econômico adotado, mas o sistema político adotado. Um pouco mais à frente voltamos a este ponto.

Falha de comunicação é um problema sério
O filme também aborda as barreiras de comunicação entre os níveis. Decerto que há uma certa dificuldade de comunicação entre as classes sociais, mas não da forma impossível que o filme apresenta. No filme os que estão em níveis superiores não ouvem os que estão abaixo, bem como os que estão abaixo não estão dispostos a ouvir os que estão nos níveis superiores. Esta impossibilidade, na realidade, não existe. No filme, o fato de forçosamente haver uma alternância entre os níveis, não melhora em nenhum momento a comunicação entre eles, mas isto foge muito a veracidade.
Hoje também estamos tendo sérios problemas de comunicação. Não por divisão entre as classes econômicas, mas pelas diferenças ideológicas. A discussão, não raramente, sai do campo das ideias, para o ataque pessoal e enquanto todos estiverem absolutamente certos que não podem estar errados, essa falha na comunicação significará um sério problema. Enquanto não houver entendimento, ao menos da maioria de que direção devem tomar, as diferenças socioeconômicas serão apenas um agravante da situação geral.

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Alternância de classes
Como já mencionado, no filme, os presos não tem influência em qual nível entrará e estará nos próximos meses. Apesar de algumas vezes, alguns que estão nas classes sociais mais altas perderem tudo que possuem devido a eventos que estão fora de seu controle e, de repente, estarem nas classes baixas, o inverso não ocorre. É impossível que, sem mérito ou sorte, os que estão nas classes baixas subam; e esta sorte não é de forma alguma sem um movimento pessoal, por exemplo, é praticamente impossível alguém ganhar o prêmio da megasena sem apostar.
Como crítica ao capitalismo o filme peca ao não incorporar em seu roteiro a meritocracia. Na vida real, em países mesmo com pouca liberdade econômica, as pessoas mudam facilmente de classes principalmente entre as baixas, e há possibilidades de alcançar as mais altas. Com trabalho e conhecimento consegue-se, aos poucos, melhorar sua qualidade de vida.

Dependência das classes
O filme trata deste tema também de maneira errada. Ele transmite que existe apenas uma dependência unilateral e de baixo para cima, ou seja, quem está nos níveis baixos depende totalmente dos que estão nos níveis superiores. Mas, na realidade, apesar de haver um distanciamento entre as classes sociais, há uma dependência recíproca entre elas, o que traz a necessidade de algum diálogo. Esta interdependência, por vezes, é distorcida pela ideologia marxista que coloca as diferenças de classes como uma luta perpétua; o que leva ao entendimento de uma relação parasitária, em que, os que tem mais recursos, só os detém porque rouba dos demais. Mas, na verdade, quem tem mais é porque gerencia melhor os recursos que dispõe (exceção os que cometem crimes, claro). Na visão capitalista, cada um é empresário de si mesmo, negociando dos recursos que dispõe.

Sacanagem e desperdício
No filme é mostrado como os que estão nos níveis superiores desperdiçam recursos apenas para “sacanear” os que estão nos níveis abaixo. Mostra que fazem isso até com prazer. Isto é um equívoco. É conhecido e notório como aqueles que estão nas camadas mais altas desperdiçam poucos recursos. Aqueles que acumulam riquezas são constantemente chamados de “pão duro”, ou sovinas, na norma culta. Mas isto, na verdade, é o básico da educação econômica: se quer ter mais recursos, não jogue os que tem no lixo.
Mas também há um preciso acerto por parte do filme: como nele aqueles que chegam aos níveis altos o fazem sem esforço, desperdiçar parece natural. Mesmo aqueles que chegaram as classes altas por conta da sorte, voltam a pobreza com mais frequência do que se imagina. Aqui você poderá ler alguns desses casos.
Se você desperdiça comida, então também é responsável tanto pela sua falta de alimento como pela de milhares de pessoas no mundo. Quando você faz comida e percebe, após todos comerem, que fez em excesso, quantas vezes você preparou um prato ou dois e levou para alguém que está em dificuldades? Decerto que você descobrirá facilmente onde encontrar pessoas que ficariam felizes se recebessem uma quentinha.

Acumulação de recursos
No filme é vedado aos prisioneiros o acumulo de recursos, sendo pela tentativa disso, punidos. No intuito do experimento era esperado que isto ocorre-se, mas como crítica ao capitalismo, é evidentemente um erro. O acumulo de recursos, para os que estão presos nas classes sociais, é pecado no comunismo. O comunismo além de não acabar com todas as classes sociais (como propõe), aumenta a distância entre a classe baixa e a classe alta e a dominante. O comunismo que visa uma ditadura do proletariado (mas prega a liberdade) termina por criar uma ditadura política que espalha miséria entre a massa, privilegia os “amigos do rei” e a classe política que está no poder (mas a pregação é o fim do estado político, das classes sociais e da propriedade privada). Exemplos disso não faltam no mundo. Então, novamente, o problema da fome é antes um problema político que um problema econômico.
No capitalismo é permitido o acumulo de recursos e o comércio dele. Isto para qualquer pessoa. Independente da classe social que se encontra. À medida que há demanda para determinado recurso (bens ou serviços) mais deste recurso é produzido e mais riqueza é acumulada e distribuída.
Este ponto, de acumulação de recursos, foi um dos que deu notoriedade ao filme devido ao problema causado pelo isolamento social adotado por governadores e prefeitos. A população tomada pelo pânico começou a acumular itens sem se preocupar com as necessidades do próximo. Assim como mostrado no filme, na vida real, o seu maior inimigo pode ser seu vizinho; e aqueles que estão nas piores situações são aqueles que serão sacrificados, e, pior, isto incomoda muito pouca gente (não no discurso, claro). É também neste momento de dificuldade geral que vemos vários daqueles que acumularam mais recursos anteriormente se sensibilizam e, voluntariamente, distribuírem parte com os mais necessitados. Mesmo aqueles que não tem muito, se juntam e ajudam alguns. Enquanto isso aqueles que posam de “defensores da igualdade” sequer se disponibilizam a abrir mão de recursos públicos; recursos estes que são retirados dos mais vulneráveis (que dizem defender) pois são estes que mais se beneficiariam destes recursos se aplicados onde devia ser.

Comunismo como superior
O filme faz uma sútil, mas clara, referência a superioridade lógica do comunismo. Este, certamente, foi o maior erro cometido. O comunismo como política social e econômica é um fracasso atrás do outro. Tal ideologia não obteve sucesso em nenhum lugar do mundo. Os países com ideologia socialista implantada que parecem estar dando certo adotaram o capitalismo na economia, mantendo a ideia do socialismo nas políticas públicas, mas não a da ideia, do discurso, mas a real, a que acontece de fato. Podemos pegar quaisquer exemplos e veremos quais ações que os governantes tomam. Na Rússia, o governo, que já está no poder a vinte anos, tenta estender seu mandato por mais dezesseis, claramente um governo autoritário. Na China, maior PIB mundial nos últimos vinte anos, o partido comunista está no poder desde 1º de outubro de 1949, e é claramente um governo totalitarista. Esses são os únicos dois casos. E o que há em comum entre eles além de buscarem se perpetuar no poder? O fato de adotarem a tortura ou campos de concentração já seria suficiente para serem rejeitados, certo? Veja nestes links aqui, aqui (este link contém outras fontes ao fim da matéria) e aqui. A Coreia do Norte, não é preciso dizer, é uma ditadura. Os demais países que tem implantado ou se dizem socialistas/comunistas não estão bem economicamente e socialmente (como Cuba, Venezuela) ou não são realmente (como Portugal). Logo, não é racional apoiar algo que, mesmo depois de tantas experiências infrutíferas, continua fracassando miseravelmente.
As políticas defendidas pela esquerda incluem pautas como aborto, secularização da população, liberação de drogas, casamento homossexual, doutrinação ideológica nas escolas, feminismo, confisco de renda e propriedade, estatização das empresas, inchaço e controle do estado e perseguição à cristãos, são apenas algumas. Me admiro muito que pessoas ditas cristãs se coloquem nesse espectro ideológico. Não sei sé é por conveniência que são cristãos ou se é por ignorância que se alinham a esquerda. Se este último for o caso, leia a matéria neste link, talvez você mude de ideia.

Teoria dos jogos
O filme também aborda vagamente o comportamento descrito nesta teoria. Como não há interação possível (seguindo o roteiro) entre os níveis, o melhor é jogar sozinho. Mesmo o parceiro de nível é visto como inimigo, ao menos na expectativa do protagonista e seu primeiro “parceiro”. É claro que na maior parte da vida social há uma grande quantidade de interações entre indivíduos e, com raras exceções, a cooperação é mais vantajosa. Desde que o filme não limitasse a interação entre as pessoas, inevitavelmente a cooperação de todos logo seria vista com melhor solução e passariam todos a economizar recursos visando sua própria sobrevivência quando estivesse nos níveis mais baixos (o que seria a intenção do experimento realizado). Em um ambiente onde os recursos são escassos cooperar com um grande grupo não é a melhor saída, o que ocorreria, então, seria a eliminação de parte da população, para adequar os recursos. E, por incrível que pareça, isto foi feito em vários momentos da história em países comunistas, como, por exemplo, Holodomor.

Estado e salvador
No filme a “Administração” faz o papel de estado. Como deus, é o responsável por sustentar, instituir leis e aplicar sanções e, principalmente, é responsável pelo destino dos presos. Em determinada parte do filme, diante da impossibilidade das pessoas serem “racionais” e “generosas” é dito que a mentalidade das pessoas deve mudar. O protagonista então responde que “mudanças nunca se produzem de maneira espontânea” e, então, ouve que ele devia ser o messias destas pessoas. Isto é, diante da impossibilidade das pessoas mudarem por si mesmas, seria necessário que surgisse algo ou alguém capaz de provocar esta mudança. Então é trazido ao enredo a figura do Messias, mas não de Cristo, a de um outro, que, não podendo convencer pelo diálogo, estivesse disposto a usar a força e matar, se fosse necessário. Este simbologismo então coloca no protagonista a figura do messias que ascende ao estado. Era isto que o povo de Israel esperava do Messias nos dias de Jesus, que ele fosse capaz de libertar o povo dos inimigos (Lc. 1:68-75). Também é isto que a sociedade secularizada espera nos dais de hoje. Diante disto não estaríamos errados ao afirmar que o estado é o deus deste século, que é idolatrado e do qual se espera provisão e segurança. Quando o estado toma o lugar de Deus, os que não se submetem findam sendo presos, torturados e, por fim, mortos.
Iremos, se Deus assim nos permitir, abordar este tema (do estado ser um deus) mais amplamente em postagem futura baseado em texto bíblico.

Utopia
O filme mostra acertadamente que não existe sociedade humana perfeita. Não importa qual o sistema econômico ou político adotado, a sociedade justa e perfeita não é possível de ser alcançada pela própria humanidade. Quanto mais o homem precisar restringir a liberdade de outros, pior será. Sonhos de sociedades humanas iguais (ou igualitárias) não passam de devaneios. Pois, ao paço que o homem teve sua natureza corrompida pelo pecado, não é possível que haja qualquer perfeição que possa, por si mesmo, alcançar. Até mesmo a comunidade mais próxima da perfeição, a Igreja de Cristo, está tão longe da perfeição quanto cada indivíduo o está. Assim todos aqueles que abandonam a igreja, por não encontrar nela a perfeição esperada, vivem utopicamente. Uns mudando constantemente de igreja e outros já desistiram de encontrá-la. Este tema também trataremos em postagem futura, se Deus nos permitir.
Não importa se é uma família, um clube, uma igreja, um bairro, uma cidade ou um país; o mundo perfeito não pode ser conquistado pelo homem. É muito mais provável que quanto mais o homem agir tentando realizar seu ideal de perfeição, pior ficará a situação. E isto é mostrado no filme quando o protagonista questiona se o motivo para o experimento não seria justamente o oposto do propósito revelado.

Lado sombrio
Saindo agora do lado ideológico e social do filme vamos entrar um pouco nos aspectos comportamentais que foram abordados.
Logo fica evidente como o filme vai tratar o lado sombrio das pessoas diante das incertezas, dificuldades e poder que surgem ao mudar os prisioneiros de níveis. Diante da escassez ou ao menos da possibilidade dela, cada um busca saciar suas próprias necessidades. Recentemente vivenciamos esse lado sombrio de várias pessoas assim que foi alarmado que o vírus SARS-CoV-2 havia chegado por aqui e que o isolamento social chamado de horizontal foi recomendado por governadores e prefeitos.
No filme fica evidente diversos aspectos das reações humanas.

Moralidade
O objetivo do experimento de despertar “solidariedade espontânea” era impossível de realizar com as condições que foram colocadas. Boa parte das pessoas que foram enviadas para lá foram para fugir de punições por crimes, isto é, pessoas que já tinham sua moralidade abalada (não é dito no filme, mas fica subentendido pelas poucas interações que foram mostradas). Não tinham empatia com o próximo e facilmente fariam qualquer coisa para sobreviver.
De fato, em uma sociedade sem Deus, como é defendido pelo espectro político à esquerda, o conceito de moral não existe de fato. Logo, se a moral é algo que só existe devido a conveniência e sobrevivência da espécie, seria totalmente justificado que determinadas coisas sejam feitas. A moral faz com que nos limitemos e, ao suprimirmos o ego (que por sua vez adequa o Id, de acordo com Freud), estamos indo contra a nossa própria natureza. Então, porque não seguir a natureza e fazermos o que quisermos?
Apesar de que ateus defendem não depender da existência de Deus para ter moral, a qual não passa de um “conjunto das regras, preceitos etc. característicos de determinado grupo social que os estabelece e defende” (Houaiss). Vejamos o seguinte, o grupo social que ficou conhecido como nazismo cometeu diversas barbaridades. Se moral é um conjunto arbitrário de regras, como podemos julgar se o que fizeram era errado? Você pode dizer que é porque mataram pessoas. Mas “não matar” também é um conceito moral que, sem Deus, é apenas mais uma regra de uma determinada sociedade e como tal pode não valer em outra.
O filme mostra que aqueles que estão nos níveis mais baixos acabam por praticar antropofagismo, isto é, os mais fortes ou melhores armados acabam por comer seu companheiro de nível para sobreviver ou mata apenas para ter outro parceiro de nível no mês seguinte. Ou como dizer que indígenas que enterram seus filhos vivos podem ser criticados? Ou como dizer que não se deve mentir? Sem a existência de Deus como dizer se essas atitudes estão erradas? Se a régua for “não prejudicar alguém”, até dizer a verdade, em muitas vezes, será condenável. E como atos que são praticados em privado podem ser considerados errados?
Se limitarmos então ao cumprimento das leis do país, então novamente não podemos condenar os atos já citados e ainda recai uma outra questão, como trazido por GEISLER & TUREK:
como destacamos em um livro ... chamado Legislating Morality [Legislando sobre a moralidade] todas as leis são formadas na perspectiva da moralidade. A única pergunta é: "De quem é a moralidade que está sendo usada para legislar?". Pense sobre isso. Toda lei declara um comportamento como certo e seu oposto como errado — isso é moralidade. A moral idade de quem deveria estar presente na lei nas questões como aborto ou eutanásia? Essas são questões que impactam diretamente a vida e a saúde de pessoas reais. Se é moralmente errado matar pessoas inocentes, será que essa verdade não deveria estar presente na lei? Do mesmo modo, a moralidade de quem deveria estar presente na lei nas questões de políticas públicas que podem afetar sua vida, sua saúde e suas finanças? As coisas que incluímos na lei podem afetar dramaticamente a vida, a liberdade e a busca pela felicidade de todos os cidadãos.
Sem a existência de Deus, em última instância, qualquer coisa, por mais abominável que seja, pode ser justificada. Esperamos em Deus que tenhamos alcançado o propósito de deixar claro este ponto, mas caso negativo, podem nos ajudar nos comentários.

Toda humanidade está no pecado
Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;” (Gn. 6:5) “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem ...” (Mt. 15:19-20a).
A esperada “solidariedade espontânea”, expectativa do experimento no filme, não poderá surgir em uma sociedade caída por causa do pecado, pois “todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (Rm. 3:12). Sem o sangue de Cristo para nos redimir e restaurar nossa natureza caída, não é possível que façamos nada de bom, a não ser para satisfazer nossa própria vaidade e ego. O filme enfoca bastante nos aspectos caídos do homem. O texto bíblico com o qual abrimos esta postagem aparece claramente em diversas cenas ao longo do filme. Mostra como são egoístas não importando a dificuldade do momento que vivem. Como são avarentos ao se negarem em ser generosos com os dos níveis abaixo. Como são arrogantes ao estarem “por cima”. Também vemos como são irreverentes ao se desfazerem dos que estão abaixo. Com raras exceções são desafeiçoados, não conseguem nutrir amizade real com os outros. São cruéis, e isto é facilmente visto pelos objetos que foram escolhidos para levarem para o Poço. São, apesar de mostrado com pouca ênfase, traidores.
Estes são os que facilmente identificamos mostrados no filme e que estão listados no texto.

Conclusão
Concluímos aqui está postagem dizendo que o Poço é uma representação próxima da humanidade sem Cristo. Com a ausência de Deus, não existe moral e, portanto, o que acontece no Poço não pode ser condenado, seja por aqueles que projetaram o experimento e o conduzem, sejam pelo que os presos dizem e fazem, mesmo assassinato e antropofagia. Como o homem está corrompido pelo pecado e não pode livrar-se dele sozinho ou com ajuda humana, as Escrituras nos tratam como mortos em nossos delitos e pecados (Ef. 2:1) mas “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça" (Rm. 8:10), “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna” (Rm. 6:22).

"Que a graça e a Paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês." (I Co. 1:3)
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Graduado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

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Biografia
• FERNANDES, Cláudio. Holodomor. História do Mundo. Publicação não datada. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/holodomor.htm. Acesso em: 26/04/2020;
• GEISLER, Norman & TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo. Editora Vida, 2006;
• GIELOW, Igor. Putin abre o jogo e defende mudança para tentar ficar no poder até 2036. Folha de São Paulo. Publicação de 10/03/2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/03/putin-defende-mudanca-na-lei-que-dara-a-ele-direito-de-disputar-mais-dois-mandatos.shtml. Acesso em: 26/04/2020;
• LUSA. Milhares em protesto na Rússia contra falsificação e tortura policial. Diário de Notícias. Publicado em 23/06/2019. Disponível em: https://www.dn.pt/mundo/milhares-manifestam-se-na-russia-contra-arbitrariedade-policial-depois-de-prisao-de-jornalista-11038199.html. Acesso em: 26/04/2020;
• NOGUEIRA, Salvador. Entenda de uma vez: o que é a Teoria dos Jogos? Super Interessante. Publicado em 12/08/2019. Disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/entenda-de-uma-vez-o-que-e-a-teoria-dos-jogos/. Acesso em: 26/04/2020;
• PEDRADA, João. 8 ganhadores da loteria que perderam todo o dinheiro. Mega Curioso. Publicado em 11/03/2015. Disponível em: https://www.megacurioso.com.br/bizarro/69468-ganhadores-da-loteria-que-hoje-sao-pobres.htm. Acesso em: 26/04/2020;
• PERES, Vitor Plácido dos Santos. Autoritarismo: 3 pontos para reconhecer um governo autoritário. Politize! Publicação de 23/08/2018. Disponível em: https://www.politize.com.br/autoritarismo/. Acesso em: 26/04/2020;
• PRESSE, France. Documentos revelam sistema de controle em campos de detenção de uigures na China. G1. Publicado em 25/11/2019. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/11/25/documentos-revelam-sistema-de-controle-em-campos-de-detencao-de-uigures-na-china.ghtml. Acesso em: 26/04/2020;
• REWAN at al. A Chechênia abriu o primeiro campo de tortura para gays do mundo. CDDH. Disponível em: http://www.cddh.org.br/p/a-chechenia-abriu-o-primeiro-campo-de-tortura-para-gays-do-mundo/. Acesso em: 26/04/2020;
• SILVA, Daniel Neves. Totalitarismo. História do Mundo. Publicação não datada. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/totalitarismo.htm. Acesso em: 26/04/2020;

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