sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

« Contradições nas Escrituras Sagradas? » (20 de janeiro de 2017)

- Jesus curou um leproso antes ou depois de curar a sogra de Pedro?

Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre quando aconteceu a cura de um determinado leproso:

“Jesus curou um leproso depois de visitar a casa de Pedro e Simão (Marcos 1:29,40-42). [E, saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, diretamente para a casa de Simão e André. Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo.]”.
“Jesus curou o leproso antes de visitar a casa de Pedro e Simão (Mateus 8:2-3,14). [E eis que um leproso, tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra. Tendo Jesus chegado à casa de Pedro, viu a sogra deste acamada e ardendo em febre.]”.

Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos versículos citados como defesa de sua tese.

O que digo? Decerto que o intuito de Nosso Amigo ao apontar “contradições” como está é fortalecer a ideia de quê sendo Deus perfeito e a Bíblia Sua Palavra, ela teria que ser perfeita, ou seja, não poderia haver nem mesmo discrepância de tempo ou números. Essa ideia seria verdadeira se não fosse por dois motivos: 1. Já explicamos como se deu sua inspiração a muitas postagens atrás (http://sepade.blogspot.com.br/2015/06/uma-pergunta-pode-mudar-uma-historia-19.html e http://sepade.blogspot.com.br/2015/07/uma-pergunta-pode-mudar-uma-historia-03.html), assim, quando se está relatando fatos acontecidos, é impossível que o escritor diga algo que ele não tenha tomado algum conhecimento, isto é, só foi escrito o que ele conhecia sobre o evento e isto é a verdade, mesmo que pareça contraditória se comparada com a informação de outrem. Mesmo que algum número não esteja completamente de acordo com outro não invalida o acontecimento, pelo contrário, segundo as próprias regras estabelecidas (Dt. 17:6; Dt. 19:15; Mt. 18:16; II Co. 13:1; I Tm. 5:19; Hb. 10:28), duas testemunhas tornam um fato aceito como verdadeiro (Mt. 26:60). A Bíblia foi escrita com a verdade e para conter a verdade, por isso ela é perfeita. 2. Ela é focada mais em fatos do que em tempos, assim muito do que foi escrito foi de lembranças despertadas pelo Espírito Santo (em muitos lugares encontramos a frase: “até ao dia de hoje” que nos mostra que o escrito foi feito algum tempo depois do acontecimento). Então como lembrar de algo que não se sabia ou não se tinha certeza? Só para deixar claro não estamos aqui falando das revelações, mas da narração de acontecimentos.
Assim, em alguns momentos poderemos ver “contradições” como esta, mas, em sua maioria, como temos demonstrado neste blog, estas “contradições” são apenas aparentes (nosso intuito é demonstrar que todas são, esperamos em Deus conseguir convencê-los disso).
Feita esta pequena introdução vamos aos textos apontados. Já vimos que os pontos de vista de cada observador/escritor podem diferenciar. Também já vimos que a Bíblia não está disposta em ordem cronológica, nem na sequência de livros e nem mesmo alguns relatos dentro deles (como já escrevemos em http://sepade.blogspot.com.br/2015/07/uma-pergunta-pode-mudar-uma-historia-22.html). Ao entrarmos nos evangelhos vamos nos deparar com outra situação além das já mencionadas aqui: narração de fatos que pudessem ser facilmente verificados e atestados. Para isso os escritores tinham que se ater àquilo que lhes fossem mais significativos. Para facilitar a validação, os fatos tinham que ter começo e fim na mesma sequência de texto; para que o leitor não precisasse estar procurando onde estava o “fim de cada história”. Lembrem que os textos eram escritos em pergaminhos (como o dessa imagem https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzAAO3wxuioj92F4CSwXv3veTGnh5hWgH5updxYsTY9eEHCfpo35Knh0b-wjoQyx0w85Sk5HToybouIjdZGz6_Lzw5VYrDtg4fabNof8Lfnix6RLbgBOoHBkMfYpGhBG4hN2FtJt4jngg/s1600/image_thumb%255B2%255D.png) ou papiros (como o desta http://www.papiro.pt/imagens/sliders/historia-papiro.jpg). Assim para não correr o risco de descontinuidade da história, era ideal que ela fosse narrada toda uma vez (para nós hoje, com a facilidade do livro impresso, isso não é muito perceptivo). Para que isso acontecesse o fator cronológico perdia a prioridade, sendo os fatos o foco principal. Outrossim lembremos que a ordem que os textos estão descritos (sua junção como a temos hoje) só foi realizada por volta do Séc. IV (Fonte: http://super.abril.com.br/comportamento/biblia/) e sua divisão em capítulos e versículos foram apenas no Séc. XIII e Séc. XVI (Fonte: http://www.abiblia.org/ver.php?id=6517), assim é possível que a ordem disposta pode não retratar a ordem em que foram escritos e como deviam ser lidos, mas isso também não invalida o conteúdo.
Outro ponto importante nos evangelhos é que não foram relatadas todas as coisas que Cristo realizou ou disse. Vide as palavras de João: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.” (Jo 21:2). Vemos então que os escritores tiveram que escolher dentre tantas coisas que foram realizadas e ditas por Jesus as que eram mais significativos com o intuito do qual escreveram seus livros. A beleza das Escrituras é que, sem combinarem, escreveram sobre os mesmos fatos, validando-os, e nos dando pontos de vista diferentes deles, o que nos permitem montar um panorama mais geral e rico dos acontecimentos.
Indo agora para os textos que originaram esta postagem e pedindo um apoio também ao livro de Lucas, devido a ele ter feito “acurada investigação de tudo desde sua origem …” nos dando “uma exposição em ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído.” (Lc 1:3-4). Abrindo aqui um parêntese este texto valida nossa ideia de que os fatos, da forma que foram narrados, tinham a preocupação de serem verificáveis e a ordem aqui mencionada por Lucas não é a ordem cronológica, mas uma organização dos acontecimentos, já que na época só haviam relatos e “pedaços” de escritos (Lc. 1:1). Não é nossa pretensão colocar os fatos em ordem cronológica, pois isso seria impossível; mas esclarecer que a ordem das narrativas não estarem em ordem de acontecimentos não pode ser defendida como uma contradição. Para exemplificar Lucas só menciona a vocação de Pedro em Lc. 5:1, após relatar que Jesus esteve em sua casa e curou sua sogra em Lc. 4:39. Marcos só relata o fato de terem entrado no barco no início da noite para passar para a outra margem do rio em Mc. 4:35, enquanto a cura da sobra de Pedro foi em Mc. 1:30. O que quero reforçar é que a escolha da forma que os textos foram escritos, como já mencionei, não presava pela ordem cronológica dos acontecimentos, mas por compor o relato de eventos de uma única vez e de forma verificável da verdade. Portanto, se o leproso foi curado no mesmo dia da sogra de Pedro (Mt. 8:2), no dia seguinte (Mc. 1:40) ou em algum dia qualquer (Lc. 5:12) não inválida o acontecimento, até porquê o texto não diz com exatidão, mas inferimos devido a linearidade da leitura que fazemos nas versões que pela misericórdia de Deus chegaram até nós.
Certos que estão convencidos de que este ponto não é uma contradição nas Escrituras Sagradas me despeço e os convido para continuar acompanhando as postagens.

P.S.: Para exemplificar o que falei mais acima, sobre a quantidade de texto que era escrito a cada vez, leiam informações sobre o Papiro P52 neste link (https://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_P52). Esta informação confirma que em uma "página" eram escritos poucos versículos. Neste caso apenas 6. Portanto pode ter acontecido que em algum momento, na hora da montagem da sequência dos escritos, alguns possam ter ficado “fora da ordem escrita” e havia a preocupação de se concluir cada relato de forma breve mas que contivesse informação suficiente para a confirmação da veracidade do que estava sendo transmitido.

Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20:30-31).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva

Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

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