Continuando
sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o
que foi dito sobre quando aconteceu a cura de um determinado leproso:
“Jesus curou um leproso depois de visitar a casa de Pedro e Simão (Marcos
1:29,40-42). [E, saindo eles da sinagoga,
foram, com Tiago e João, diretamente para a casa de Simão e André. Aproximou-se
dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus,
profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica
limpo! No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo.]”.
“Jesus curou o leproso antes de visitar a casa de Pedro e Simão (Mateus
8:2-3,14). [E eis que um leproso,
tendo-se aproximado, adorou-o, dizendo: Senhor, se quiseres, podes
purificar-me. E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, fica limpo!
E imediatamente ele ficou limpo da sua lepra. Tendo Jesus chegado à casa de
Pedro, viu a sogra deste acamada e ardendo em febre.]”.
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o
texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos
versículos citados como defesa de sua tese.
O que digo? Decerto que o intuito de Nosso Amigo ao apontar
“contradições” como está é fortalecer a ideia de quê sendo Deus perfeito e a
Bíblia Sua Palavra, ela teria que ser perfeita, ou seja, não poderia haver nem
mesmo discrepância de tempo ou números. Essa ideia seria verdadeira se não fosse
por dois motivos: 1. Já explicamos como se deu sua inspiração a muitas
postagens atrás (http://sepade.blogspot.com.br/2015/06/uma-pergunta-pode-mudar-uma-historia-19.html e http://sepade.blogspot.com.br/2015/07/uma-pergunta-pode-mudar-uma-historia-03.html), assim, quando se está relatando
fatos acontecidos, é impossível que o escritor diga algo que ele não tenha
tomado algum conhecimento, isto é, só foi escrito o que ele conhecia sobre o
evento e isto é a verdade, mesmo que pareça contraditória se comparada com a
informação de outrem. Mesmo que algum número não esteja completamente de acordo
com outro não invalida o acontecimento, pelo contrário, segundo as próprias
regras estabelecidas (Dt. 17:6; Dt. 19:15; Mt. 18:16; II Co. 13:1; I Tm. 5:19;
Hb. 10:28), duas testemunhas tornam um fato aceito como verdadeiro (Mt. 26:60).
A Bíblia foi escrita com a verdade e para conter a verdade, por isso ela é
perfeita. 2. Ela é focada mais em fatos do que em tempos, assim muito do que
foi escrito foi de lembranças despertadas pelo Espírito Santo (em muitos
lugares encontramos a frase: “até ao dia de hoje” que nos mostra que o escrito
foi feito algum tempo depois do acontecimento). Então como lembrar de algo que
não se sabia ou não se tinha certeza? Só para deixar claro não estamos aqui
falando das revelações, mas da narração de acontecimentos.
Assim, em alguns momentos poderemos ver “contradições” como esta,
mas, em sua maioria, como temos demonstrado neste blog, estas “contradições”
são apenas aparentes (nosso intuito é demonstrar que todas são, esperamos em
Deus conseguir convencê-los disso).
Feita esta pequena introdução vamos aos textos apontados. Já vimos
que os pontos de vista de cada observador/escritor podem diferenciar. Também já
vimos que a Bíblia não está disposta em ordem cronológica, nem na sequência de
livros e nem mesmo alguns relatos dentro deles (como já escrevemos em http://sepade.blogspot.com.br/2015/07/uma-pergunta-pode-mudar-uma-historia-22.html). Ao entrarmos nos evangelhos vamos
nos deparar com outra situação além das já mencionadas aqui: narração de fatos
que pudessem ser facilmente verificados e atestados. Para isso os escritores
tinham que se ater àquilo que lhes fossem mais significativos. Para facilitar a
validação, os fatos tinham que ter começo e fim na mesma sequência de texto;
para que o leitor não precisasse estar procurando onde estava o “fim de cada
história”. Lembrem que os textos eram escritos em pergaminhos (como o dessa
imagem https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzAAO3wxuioj92F4CSwXv3veTGnh5hWgH5updxYsTY9eEHCfpo35Knh0b-wjoQyx0w85Sk5HToybouIjdZGz6_Lzw5VYrDtg4fabNof8Lfnix6RLbgBOoHBkMfYpGhBG4hN2FtJt4jngg/s1600/image_thumb%255B2%255D.png) ou papiros (como o desta http://www.papiro.pt/imagens/sliders/historia-papiro.jpg). Assim para não correr o risco de
descontinuidade da história, era ideal que ela fosse narrada toda uma vez (para
nós hoje, com a facilidade do livro impresso, isso não é muito perceptivo).
Para que isso acontecesse o fator cronológico perdia a prioridade, sendo os
fatos o foco principal. Outrossim lembremos que a ordem que os textos estão
descritos (sua junção como a temos hoje) só foi realizada por volta do Séc. IV
(Fonte: http://super.abril.com.br/comportamento/biblia/) e sua divisão em capítulos e
versículos foram apenas no Séc. XIII e Séc. XVI (Fonte: http://www.abiblia.org/ver.php?id=6517), assim é possível que a ordem
disposta pode não retratar a ordem em que foram escritos e como deviam ser
lidos, mas isso também não invalida o conteúdo.
Outro ponto importante nos evangelhos é que não foram relatadas
todas as coisas que Cristo realizou ou disse. Vide as palavras de João: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que
Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no
mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.” (Jo 21:2). Vemos então
que os escritores tiveram que escolher dentre tantas coisas que foram
realizadas e ditas por Jesus as que eram mais significativos com o intuito do
qual escreveram seus livros. A beleza das Escrituras é que, sem combinarem,
escreveram sobre os mesmos fatos, validando-os, e nos dando pontos de vista
diferentes deles, o que nos permitem montar um panorama mais geral e rico dos
acontecimentos.
Indo agora para os textos que originaram esta postagem e pedindo
um apoio também ao livro de Lucas, devido a ele ter feito “acurada investigação de tudo desde sua origem …” nos dando “uma exposição em ordem, para que tenhas
plena certeza das verdades em que foste instruído.” (Lc 1:3-4). Abrindo
aqui um parêntese este texto valida nossa ideia de que os fatos, da forma que
foram narrados, tinham a preocupação de serem verificáveis e a ordem aqui
mencionada por Lucas não é a ordem cronológica, mas uma organização dos
acontecimentos, já que na época só haviam relatos e “pedaços” de escritos (Lc.
1:1). Não é nossa pretensão colocar os fatos em ordem cronológica, pois isso
seria impossível; mas esclarecer que a ordem das narrativas não estarem em
ordem de acontecimentos não pode ser defendida como uma contradição. Para
exemplificar Lucas só menciona a vocação de Pedro em Lc. 5:1, após relatar que
Jesus esteve em sua casa e curou sua sogra em Lc. 4:39. Marcos só relata o fato
de terem entrado no barco no início da noite para passar para a outra margem do
rio em Mc. 4:35, enquanto a cura da sobra de Pedro foi em Mc. 1:30. O que quero
reforçar é que a escolha da forma que os textos foram escritos, como já
mencionei, não presava pela ordem cronológica dos acontecimentos, mas por
compor o relato de eventos de uma única vez e de forma verificável da verdade. Portanto,
se o leproso foi curado no mesmo dia da sogra de Pedro (Mt. 8:2), no dia
seguinte (Mc. 1:40) ou em algum dia qualquer (Lc. 5:12) não inválida o
acontecimento, até porquê o texto não diz com exatidão, mas inferimos devido a
linearidade da leitura que fazemos nas versões que pela misericórdia de Deus
chegaram até nós.
Certos
que estão convencidos de que este ponto não é uma contradição nas Escrituras
Sagradas me despeço e os convido para continuar acompanhando as postagens.
P.S.: Para exemplificar o que falei mais acima, sobre a quantidade de texto que era escrito a cada vez, leiam informações sobre o Papiro P52 neste link (https://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_P52). Esta informação confirma que em uma "página" eram escritos poucos versículos. Neste caso apenas 6. Portanto pode ter acontecido que em algum momento, na hora da montagem da sequência dos escritos, alguns possam ter ficado “fora da ordem escrita” e havia a preocupação de se concluir cada relato de forma breve mas que contivesse informação suficiente para a confirmação da veracidade do que estava sendo transmitido.
“Na verdade, fez Jesus diante dos
discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20:30-31).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
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