Continuando
sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o
que foi dito sobre quando ocorreu a transfiguração de Jesus:
“A transfiguração de Jesus ocorreu 6 dias após sua profecia (Mateus
17:1-2). ["Seis dias depois, Jesus
tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte,
sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou
como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz.]” (Versão da Bíblia Católica sem apócrifos).
“A transfiguração ocorreu 8 dias após (Lucas 9:28-29). ["Oito dias após dizer essas palavras,
Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar.
Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e
brilhante.]” (Versão da Bíblia
Católica sem apócrifos).
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o
texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos
versículos citados como defesa de sua tese.
O que digo? Como já mencionado na postagem de 20 de janeiro de 2017, algumas divergências entre os
relatos podem acontecer. Aqui precisamos acrescentar algo aos já mencionados
lá: a forma como as notícias chegaram a cada escritor. Neste caso específico
temos três textos relatando o mesmo evento e cada um deles recebeu informação
de uma fonte diferente. Conforme os textos apontados no início desta postagem,
Jesus levou consigo três testemunhas: Pedro, Tiago e João. Temos que imaginar
que o acontecimento foi muito marcante (Mt. 17:4-6; Mc. 9:5-6; Lc. 9:34) e que
estes não o esqueceriam. Se Jesus não os tivesse solicitado que não contassem
aos demais, decerto o teriam feito no ato (Mt. 17:9; Mc. 9:9-10; Lc. 9:36).
Assim, seguindo a ordem, só contaram um bom tempo depois, depois da
ressurreição de Jesus e, provavelmente, quando estavam reunidos com os demais
apóstolos após a aparição de Jesus para eles (inferência minha). A partir daí
todos contaram a seus discípulos e estes contaram a outros. Nenhum dos
escritores estava presente no acontecimento mas Mateus viu quando subiram e
quando desceram do monte (provavelmente), Marcos escreveu o que uma das
testemunhas oculares relatou (vide a postagem de 09 de abril de 2017) e Lucas ouviu relatos que se
espalhou por mais de quinhentas pessoas (I Co. 15:6) quando de sua “acurada investigação” (Lc. 1:3). Juntando
este fato com os já mencionados fica claro que alguma informação pode ser pouco
precisa, mas isso, como já dissemos (na mesma postagem supracitada), não
invalida o acontecimento, ao contrário, os acontecimentos tinham testemunhas
suficientes para serem verificados como verdade.
Não tenho como resolver esta contradição nos textos citados, mas
farei algumas considerações e você, leitor, decidirá se há uma contradição ou
não. Quero ainda salientar que estas pequenas discrepâncias, além de serem
normais, são frívolas. Então encerrada a introdução vamos as considerações:
1. Imprecisão – Devido a forma como Lucas recebeu as informações
que verificou era bastante difícil afirmar períodos. Suas informações vinham de
diversas fontes diferentes, por histórias contadas ou pedaços de escritos. Não
podemos esperar que os acontecimentos estejam em ordem cronológica e mesmo que
ele desse datas precisas. No nosso texto em questão se olharmos um pouco antes,
no vv. 18 desta mesma versão da Bíblia, encontraremos escrito “certo dia” o que nos leva a pensar que
para ele, no vv. 28, dizer o período, com precisão, é bastante estranho. No
mínimo passa a impressão da contagem ter começado em dia diferente das feitas
por Mateus e Marcos. Isso nos leva ao ponto seguinte;
2. Traduções – Das mais de trinta versões das Escrituras que tenho
a disposição no momento apenas quatro delas traz o texto de Lucas da forma que
foi mencionada na abertura da postagem. Para conhecimento são: Católica, Edição
Pastoral (PAST), Reina-Valera em Português (RVP) e a Bíblia Viva (VIVA). Todas
as outras versões inclusive em inglês e grego traz o texto da seguinte forma: “Estando ele orando à parte, achavam-se
presentes os discípulos, a quem perguntou: Quem dizem as multidões que sou eu?”
(Lc. 9:18) e “Cerca de oito dias depois
de proferidas estas palavras, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao
monte com o propósito de orar.” (Lc. 9:28) e em outras: “Mais ou menos uma semana depois de ter dito
essas coisas, Jesus levou Pedro, João e Tiago e subiu o monte para orar”.
Como podem ver, a incerteza do texto nestas versões sai do dia de contagem “de
partida” para o dia de contagem “de chegada”. Assim sendo não podemos
caracterizar uma contradição já que Lucas dá um período estimado de tempo;
3. Outra tradução – Se olharmos agora para outra tradução possível
do texto de Mateus ela seria: “Depois de
seis dias” o que, apesar de não parecer à primeira vista, dá uma pequena
diferença de contagem. Partindo daí podemos pensar da seguinte forma: depois de
seis vem sete. Fiz a seguinte pergunta a algumas pessoas: “Se eu estiver em
viagem e lhe disser que chegarei a sua casa depois de seis dias, que dia você
me esperaria?”; todas as repostas são em contagem de, no mínimo, um dia após,
ou seja, sete dias. Assim “depois de seis
dias” seriam sete dias o que seria o mesmo de uma semana de algumas versões
para o texto de Lucas e o mesmo de quase oito dias das outras versões, já que quase
oito dias são sete dias. Essa expressão seria a mesma que a nossa atual “de hoje
a oito”. Olhando desta forma podemos dizer que todos os textos estão alinhados
e não há contradição entre eles. Podemos usar como base o texto para validar
este pensamento Os. 6:2.
Para finalizar então podemos dizer que esta contradição neste
texto só existe devido a escolhas ruins de organização das palavras quando das
traduções. O motivo destas escolhas se dá muito a forma como cada região e
tempo usa determinas expressões. Não é de nosso costume dizer “depois de seis
dias” ou “quase oito dias” (esse ainda vemos de vez em quando). Como dissemos
no início, esta contradição apontada é de pouca importância, pois o fato da
transfiguração de Jesus, que é o principal, não pode ser contestado. Espero que
estes argumentos sejam suficientes para lhes convencer que esta contradição é
apenas aparente.
Os aguardamos nas próximas
postagens.
"Aconselho-te
que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras
brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua
nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas." (Ap
3:18).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
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