» Out of Series (11 de março de 2024)
No carnaval deste ano houve algo atípico e devemos fazer alguma reflexão sobre isso. Deixando de lado toda a podridão, que ano após ano aumenta, e sem “fulanizar” a questão, pois os nomes dos “atores” são o de menor importância aqui, queremos abordar alguns pontos que mais me chamaram atenção.
O enaltecimento do mal
Teremos que refletir, aqui, em primeiro lugar, sobre como
rapidamente saímos do estado de banalização do mal para o do seu enaltecimento.
Imagino que todos já saibam do suposto envolvimento de algumas das
escolas de samba com parte do crime organizado, seja diretamente com ligações
com bicheiros, milicias e facções, sejam indiretamente por meio de torcidas
organizadas ou outros “agentes” que agem sob suas influências. Também é de
conhecimento geral que, a cada carnaval, mais as pessoas se afundam no pecado
com prazer e que, a cada desfile, o mal e os que o praticaram vem sendo
enaltecidos. Assim, faz valer a máxima de que “quem paga a banda, escolhe a
música”. Algumas das matérias que falam sobre essas supostas ligações estão na
seção “Fontes” ao final do texto.
Em passado recente homenagearam o próprio diabo, agora tratam
bandidos como heróis e policiais como demônios. Não estivéssemos atentos aos
acontecimentos e sua evolução estaríamos envoltos em um grande paradoxo: a
busca da paz e da tranquilidade fortalecendo o mal e buscando o caos.
Mas a reflexão que queremos trazer aqui é o que está escrito em Isaías
5:20: “Que aflição espera os que chamam o mal de bem e o bem de mal, a
escuridão de luz e a luz de escuridão, o amargo de doce e o doce de amargo!”
(NVT – Nova Versão Transformadora).
Ora, não é possível que se confunda o que é bom com o que é mau,
sem que lhe seja cobrado o preço da perversão. Isto mostra a degradação moral e
intelectual do indivíduo. Ele já está com sua mente cauterizada (gosto de
chamar de “conformado”, devido ao teste de Asch) e em sua religiosidade
distorcida está sacrificando a si mesmo e aos que estão a sua volta neste culto
macabro.
Sair desta via sem que a Luz ilumine seus passos e sem que as
escamas de seus olhos sejam retiradas pelo Espiro Santo é impossível; não há
como perceberem a trilha que lhes desviaria da perdição. E, como neste caminho
que seguem não há felicidade duradoura, cada vez mais farão coisas piores, pois
este deus a quem preferem servir não se satisfará até ter destruído suas vidas.
O evangelho pregado em qualquer lugar
e tempo
Neste segundo ponto queremos refletir sobre se
há lugar e tempo certos para a pregação do evangelho.
Este certamente foi o ponto que causou maior polêmica. Para muitos
não é conveniente a pregação do evangelho no meio daquele culto pagão, regado a
blasfêmia, bebedeira e promiscuidade, à guisa dos cultos gregos e romanos da
antiguidade. Que seria como atirar a Santa Palavra do Senhor no meio da
podridão do pecado ou, usando termos mais conhecidos, como atirar preciosas
pérolas aos porcos que chafurdam na lama. E este é realmente um ponto que me
fez muito refletir.
Geralmente aproveitamos estes momentos em que o mundo se afunda um
pouco mais em direção ao abismo (perdição programa e agendada, o diabo é um
brincante mesmo) para nos afastarmos dos centros urbanos e participarmos de
retiros espirituais com intuito de, saindo da rotina corrida do dia a dia, nos
aproximarmos mais dos irmãos e de Deus. Este ano tive oportunidade de fazê-lo,
e foi muito proveitoso. Certamente senti a presença de Deus e, juntamente com
os irmãos, nos alegramos com isso. Mas, por outro lado, senti o peso da
responsabilidade após estes eventos e usando como desculpa as dificuldades que
é pregar o evangelho em momento tão desfavorável, venho tentando me justificar,
desde então.
Já saí com um grupo a evangelizar em períodos como esse, no
passado, agora um tanto distante, e, mesmo que naquela época não me parecesse
que o pecado e o mal eram tão intensos quanto os percebo que os são hoje, me
foi difícil. Muitos empecilhos se levantaram e fomos bastante hostilizados.
Sofremos ataques espirituais e sentimos tristemente os olhares de ódio e
desprezo que nos foram direcionados. Senti na pele, e meu instinto de
sobrevivência (ou, se você quiser chamar, minha covardia) não me deixam
animados para fazer tal coisa novamente. Só posso pedir misericórdia a Deus e
que, sendo de sua vontade que tal coisa se repita no futuro, que ele me
capacite, pois de mim mesmo não terei condições de sequer dar um passo nesta
direção.
Minha inquietação vem da consciência que tenho de que a maior
dádiva que nos foi concedida após a salvação é o privilégio de levar as boas
novas de salvação a outrem. Como cristão esta é nossa principal missão. Os apóstolos
dedicaram todo o resto de suas vidas, do momento em que foram chamados e
capacitados até suas mortes, neste fim.
Assim me encontro dividido entre a certeza de que é bom buscar e
estar na presença do Senhor e a dúvida se estou fazendo a coisa certa ao,
nestes momentos, estar fugindo a responsabilidade de levar a Sua Palavra
aqueles que se perdem, apesar de que meu pensamento quanto ao que prego ser um
tanto diferente dos demais e precisarei me ocupar um pouco de explicar isto.
A finalidade da pregação do evangelho
É comum que você ouça que a pregação do evangelho é para salvação,
afinal é isto que está explicitamente escrito: “Pois não me envergonho do
evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” [Rm
1:16], então será um pouco estranho para você o que direi a seguir. O motivo
pelo qual pregamos o evangelho é muito mais para condenação do que para
salvação. Evidentemente que esperamos que, ao pregarmos, vidas sejam
transformadas pelo poder da Palavra e que sejam salvos, e sabemos que isto
acontecerá, entretanto, pensando friamente sobre o tema, e não posso evitar já
que minha mente funciona assim (como dizem, mente de matemático funciona
diferente) sabemos que muito mais pessoas ouviram a pregação da Palavra de Deus
apenas para serem condenados por Ela: “Entrai pela porta estreita ( larga é
a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que
entram por ela ), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz
para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” [Mt 7:13-14].
Assim, quando prego o evangelho, peço a Deus que vidas sejam
salvas, mas peço mais ainda que a Sua Palavra seja ouvida como está Escrito: “Se
eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm
desculpa do seu pecado.” [Jo 15:22] e assim não só odeiem a Cristo sem
saber o motivo, mas, ainda pior, o odeie sabendo que Ele os amou e a si mesmo
se entregou para os salvar, sofrendo na carne a punição que era nossa; derramando
o seu sangue; entregando sua vida para cumprir a pena que seria nossa e que
será aplicada, por fim, a todos que a quiserem receber.
Se estes se calarem
Indo agora para o último ponto que quero abordar sobre o assunto,
chamarei esta seção com o mesmo título dado a esta postagem, pois quando ouvi
toda a repercussão na internet (como já mencionei, estava em retiro espiritual
e, portanto, afastado dos acontecimentos) e os atores envolvidos (digo “atores”
pois foram vários que o fizeram) me lembrei imediatamente da passagem: “Mas
ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras
clamarão.” [Lc 19:40].
A princípio não quis me manifestar sobre o assunto a não ser para
tratar das falas da cantora baiana, o que fiz em um vídeo que está em nossos
canais (os links estão também na seção das “Fontes”). Como podem ver pelas
minhas palavras o evento me tocou deveras. Não consegui criticá-los ou
aplaudi-los. Ainda estou dividido. Mas duas coisas posso dizer com certeza: uma
é que a quantidade de pessoas que ouviram aquela mensagem não consigo nem imaginar;
e a segunda é que algo grande irá acontecer em breve pois o tempo do fim se
aproxima. Talvez não em cinco anos, como dito na ocasião, e talvez não antes de
2030 ou 2050, mas todas as forças espirituais têm movido apressadamente seus
sacerdotes o que me dá a certeza que o pouco tempo que restava para o diabo está
terminando [Ap 12:12].
Me peguei então a pensar vendo as críticas feitas por aqueles que
deviam estar pregando o evangelho e, como eu, se abstiveram de fazê-lo - ou,
pior, vem se abstendo continuamente, independente das circunstâncias, das datas
e locais - se, ao invés de tecerem críticas não seria motivo de vergonha, para
nós, que Deus teve que levantar pedras para clamar nos locais em que multidões
ouviram, de uma só vez, para que, uns sejam posteriormente salvos, e outros, em
sua maioria, claro, condenados?
Não estamos nós, agora, dizendo a Deus que cale as pedras, não porque seremos nós que iremos fazer a Sua obra, pois é dever nosso e não o negligenciaremos, mas porque não suportamos, como os fariseus disseram a Jesus naquela ocasião, ouvir que outros foram escolhidos para nos substituir porque fomos servos inúteis? Não é puramente por inveja ou vergonha que estamos reclamando até das pedras?
Que Deus tenha misericórdia de nós.
"Que a graça e a Paz de Deus, nosso
Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês." (I Co. 1:3)
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Graduado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
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