quarta-feira, 21 de junho de 2017

« Série: Aparentes Contradições da Bíblia » (21 de junho de 2017)

- Quando Jesus amaldiçoou a figueira que não dava frutos?

Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre quando Jesus amaldiçoou a figueira sem frutos:

“Jesus amaldiçoou a árvore de figo depois de ter deixado o templo (Mateus 21:17-19). [E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, onde pernoitou. Cedo de manhã, ao voltar para a cidade, teve fome; e, vendo uma figueira a beira do caminho, aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente]”.
“Ele amaldiçoou a árvore antes de ter entrado no templo (Marcos 11:14-15,20). [Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto. E foram para Jerusalém. Entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas ... E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz]”.

Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos versículos citados como defesa de sua tese.

O que digo? Aconselho-os a ler o texto dentro do contexto completo para entenderem melhor. Em Mateus leiam do vv. 10 ao 23 e em Marcos do vv. 11 ao 27. Depois voltem para darmos continuidade a esta postagem.
Agora que já leram o texto completo puderam ver que os dois textos são realmente a descrição dos mesmos eventos e, portanto, não há contradição. Nosso Amigo agiu, mais uma vez, ardilosamente; pegando apenas partes dos textos na tentativa de induzir seus leitores a um entendimento errado. Mas vocês também devem ter percebido algumas pequenas divergências entre os dois textos. Vamos trata-las nesta postagem.
As divergências encontradas devem ter sido:
1. Jesus expulsou do templo os vendedores no mesmo dia que entrou em Jerusalém montado no jumentinho ou no dia seguinte?
2. Jesus curou enfermos ou não?
3. A figueira secou imediatamente ou apenas no dia seguinte?

Para responder estas questões vamos ter que ser repetitivos e dizer o que já dissemos em postagens anteriores. Os escritores não estavam preocupados com narrar os fatos em ordem cronológica ou fazer um diário passo a passo do que Jesus fazia ou dizia. Mesmo que quisessem isso seria impossível como João nos alerta no final de seu evangelho (Jo. 21:25). A preocupação era narrar os fatos no pouco espaço que despunham para escrever e, portanto, iniciar e terminar cada narrativa no mesmo “papel”. Assim alguns fatos foram descritos por um e não por outro. Isso explica o ponto 2.
Algumas vezes para manter o foco principal de cada evangelho alguns fatos foram narrados de forma “deslocada” no tempo. Outras vezes na montagem dos evangelhos alguns escritos podem ter sido unidos em ordem diferente do que foi escrito. Por vezes o período (ou prazo) não foi respeitado. O objetivo principal (e isso é que é importante) era trazer a informação mostrando a ideia central que se queria transmitir e esse objetivo foi alcançado. No caso desta postagem Mateus escreveu os fatos de três dias em apenas dois. Os textos não dizem que foram em dois ou três dias. Supomos devido a leitura que fazemos. De fato, podem ter sido mais de três dias conforme Lucas diz em 19:47. E isso explica o ponto 1.
O ponto 3 precisaremos trabalhar um pouco mais, pois se trata do ponto de vista de cada observador. Lembrem-se que as fontes de informação foram diferentes para cada escritor e que cada pessoa tem sua forma de ver o mundo e lembrar dos acontecimentos. Também é válido ressaltar que tudo que está escrito na Bíblia tem um fim proveitoso (II Tm. 3:16). No caso aqui abordado a questão “observador” é evidente e essencial. A partir daqui precisaremos fazer várias inferências ao texto no intuito de montar um cenário que nos permita entender que os dois textos se harmonizam. Seria fácil imaginarmos que os doze discípulos quisessem e se esforçassem por estar o mais próximo possível de Jesus, mas este pensamento não seria muito coerente para o caso de quando se está caminhando. Cada pessoa anda em um ritmo diferente e, mesmo naquela época, seria inconveniente andarem todos “aglutinados” a Jesus. Outras pessoas transitavam pelas estradas fosse a pé, jumento, cavalo ou carroça. Portanto é normal e correto pensarmos que os doze estariam divididos em pequenos grupos que andavam a distâncias diferentes de Jesus. Decerto que próximos, mas longe o suficiente para captarem distintamente os acontecimentos. Nossos dois observadores (ou fontes de informação) estavam em grupos diferentes e, portanto, viam os fatos de forma particulares e em tempos distintos. Vamos dividir o grupo em quatro de três pessoas onde o grupo um estaria mais próximo de Jesus. Tomando a Pedro como fonte de informação para Marcos podemos imaginar que ele estivesse no grupo que seguia ao lado de Jesus, portanto, no grupo um. Este foi o grupo que ouviu, de forma mais audível, Jesus dizer que estava com fome quando saíram de Betânia e se dirigiam para Jerusalém (Mt. 21:18; Mc. 11:12). O pessoal do grupo dois também deve ter ouvido, mas talvez para algum deles não ficou muito clara as palavras. Os dos grupos restantes viram quando Jesus saiu da estrada e perguntaram aos da frente o que acontecia e devem ter ouvido apenas a resposta: “o mestre tem fome”. Seguiram aos demais, saindo da estrada, enquanto se encaminhavam para a figueira. Os que vinham mais próximo a Jesus viram ele procurando algum fruto na figueira. O segundo grupo chega no momento em que Jesus para de procurar e, não encontrando fruto, ouviram Jesus a amaldiçoar (Mt. 21:19; Mc. 11:14). Os dois grupos então começam a se afastar da árvore e os grupos que estavam um pouco mais distantes viram. Quando já iam mudar de direção para seguir o caminho dos outros da frente perceberam as folhas da figueira começar a cair e ela secar. Se admiraram do fato e comentaram com os que estavam próximos (Mt. 21:20). Chegaram a Jerusalém e foram para o templo. Lá Jesus expulsou os vendedores (Mt. 21:12; Mc. 11:15; Lc. 19:45), citando duas passagens do Antigo Testamento que se encontram em Is. 56:7 e Jr. 7:11 (Mt. 21:13; Mc. 11:17; Lc. 19:46) e curou enfermos (Mt. 21:14). O povo continuava a adorá-lo e os sacerdotes estavam procurando uma forma de lhes tirar a vida (Mt. 21:15-16; Mc. 11:18). No fim da tarde saíram de Jerusalém (Mc. 11:19) em direção a Betânia e, talvez devido a escuridão, não se tocou no assunto da figueira. Na manhã seguinte voltavam para Jerusalém quando Pedro olha para a figueira e a vê totalmente seca (Mc. 11:20) e comenta com Jesus (Mc. 11:21). Jesus fala sobre a fé e o poder da oração para os discípulos (Mt. 21:21-22; Mc. 11:22-26). Seguem novamente para Jerusalém e entram no templo (Mt. 21:23; Mc. 11:27). O trajeto Jerusalém-Betânia-Monte das Oliveiras foram feitos por eles em muitos desses que seriam os últimos dias antes da prisão e morte de Jesus e ele foi ao templo em muitos (ou em todos) desses dias (Lc. 19:47).
Esperamos que as explicações tenham sido suficientes para tirar qualquer dúvida e os aguardamos nas próximas postagens.

"Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança." (Rm. 15:4).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
Visitem nosso blog: www.sepade.blogspot.com.br


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