Continuando
sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o
que foi dito sobre como foi a ordem de Jesus quando enviou os discípulos a
pregarem o evangelho pela primeira vez:
“Jesus disse aos seus discípulos que deveriam andar calçados com
sandálias (Marcos 6:8). [Ordenou-lhes que
nada levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem
dinheiro;]”.
“Jesus lhes disse que não deveriam andar descalços (Mateus 10:10).
[nem de alforje para o caminho, nem de
duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do
seu alimento.]”.
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o
texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos
versículos citados como defesa de sua tese.
O que digo? Inicialmente não havia entendido bem o que Nosso Amigo
quis dizer. Como não encontrei a versão da Bíblia que ele utilizou estava
decidido a não escrever nada sobre isso, mas, olhando os versículos próximos
aos citados percebi que há uma diferença entre eles e que parece haver uma
pequena contradição. Vamos tomar como sendo a isto que Nosso Amigo estava se
referindo e tentaremos deixar claro que em mais estas passagens não há
contradição. Vou colocar abaixo os textos, começando pelo de Mateus, para
facilitar a explicação posteriormente, e acrescentar a narrativa de Lucas, pois
é sempre bom vermos também este, para melhor entendermos.
"Não vos provereis de
ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o
caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o
trabalhador do seu alimento." (Mt 10:9-10, ARA)
"Ordenou-lhes que nada
levassem para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro;
que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas." (Mc
6:8-9, ARA)
"E disse-lhes: Nada
leveis para o caminho: nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem
deveis ter duas túnicas." (Lc 9:3, ARA)
Como podem ler o texto de Mateus, aparentemente, diz que eles
devem ir descalços e o de Marcos que eles devem ir calçados. Mas, será que é
isto mesmo que dizem?
Sabemos que Mateus ouviu pessoalmente (não todos, acredito) os
discursos de Jesus e é, em sua maioria, quem mais os detalha. Que Marcos,
provavelmente, ouviu os relatos de Pedro, escrevendo o evangelho a partir das
memórias dele, e que Lucas coletou as informações de diversas fontes diferentes,
como já explicamos na postagem de 20
de janeiro de 2017.
É normal cada pessoa guardar e compreender coisas diferentes de um
sermão. Cada pessoa tende a acomodar a informação recebida dentro de seu contexto
pessoal e próprio. Quando vamos passar para outra pessoa é muito normal também,
até porque não nos é possível decorar tudo, explicarmos da forma que entendemos
e com nossas palavras. Algumas vezes acontece de não conseguirmos captar a
mensagem que devia ter sido transmitida e ocorre, portanto, algumas distorções,
mas este não foi o caso.
Quando recebemos a mensagem de uma outra pessoa também é comum
pesarmos se o que ela está nos dizendo faz algum sentido e, se precisarmos
passar para uma quarta pessoa, retiramos aquilo que achamos que foi exagerado
ou incompreendido. Vemos isto no texto de Lucas, que não cita a questão das
sandálias, pois para ele era evidente que uma pessoa não iria sair no deserto
ou por caminhos de pedra e quente, sem as usar. Ficou para ele evidente que a
mensagem de Jesus não era que eles fossem fazendo penitência pelo caminho,
assim não faria sentido irem descalços e, portanto, não viu necessidade de
falar sobre este ponto. Para Marcos o entendimento era que eles fossem apenas
com a roupa do corpo e este foi o entendimento (de todos) daquilo que Jesus
disse. Mateus que transcreveu tudo que lhe foi trazido a mente, por Deus, do
discurso, também não teve dúvidas sobre a mensagem e foi, assim como os outros,
apenas com a “roupa do corpo” (Mateus 11:1; Marcos 6:12,30; Lucas 9:6,10).
Então porque Mateus, que conforme viemos dizendo nas últimas postagens,
fez bastante economia ao relatar fatos, não simplificou esta parte? Bem, Mateus
tinha a preocupação de não mudar as palavras do Rei ou fatos que O envolviam
diretamente (lembrem que esse foi o foco ao escrever este livro, mostrar que
Jesus é Rei). Quando um mensageiro trazia uma mensagem real ela era lida na
íntegra, não havia pressa e nem preocupação com local, o mensageiro tinha que
ser ouvido e dizer tudo exatamente como havia sido escrito (ou dito) pelo rei.
Por esse motivo Mateus não economiza nas exposições feitas por Jesus, e para
compensar ele deixa de lado tudo que, para ele, for secundário e foge ao
propósito deste evangelho.
Então porque Jesus não foi mais objetivo? Ele tinha que ser
bastante específico, na verdade. Se dissesse apenas “vão apenas com a roupa do
corpo” haveria, por exemplo, a possibilidade de Judas entender que levar
dinheiro fazia parte; Mateus podia entender que levar duas túnicas para se
proteger do frio a noite fazia parte. Cada um de nós quando vai viajar leva uma
quantidade e tipos diferentes de coisas nas nossas bagagens. Então Ele teve que
ser bem específico. Mas aqui não se resumiu apenas àquela ocasião. A mensagem
foi deixada também para nós, hoje, e em todos os tempos. Não devia ser preciso
fazer campanhas para arrecadar fundos para irmos levar o evangelho da salvação.
Não é preciso um bom equipamento de som, dinheiro, nem roupas elegantes, nem o
melhor sapato, nem excesso de peso. É claro que em alguns casos, como ir para
outros países, necessita de certa preparação, mas isso não deve ser impeditivo,
até porquê a maior parte da Igreja de Deus faz missão em sua própria casa, rua,
bairro, escola, trabalho; e nestes casos basta o Evangelho, puro e simples.
Precisamos apenas estarmos dispostos, da Palavra de Deus e de um coração
humilde.
Os
aguardamos nas próximas postagens.
"Se
anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa
obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!" (1Co 9:16).
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
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