quarta-feira, 16 de setembro de 2015

.: Uma pergunta pode mudar uma história :. (16 de Setembro de 2015)

- A Bíblia se contradiz quanto as imagens de escultura?

Continuando sobre as contradições apontadas, na sequência que estão escritas, vamos ver o que foi dito sobre se poder fazer, ou não, imagens de esculturas:
“Deus proíbe que seja feito a escultura de qualquer ser (Êxodo 20:4). [Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.]”
“Deus ordena a fabricação de estátuas de ouro (Êxodo 25:18) [Farás dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório;]”
Obs.: O texto entre as aspas foi transcrito conforme escrito e o texto entre colchetes eu incluí, sendo, estes, os textos referentes aos versículos citados como defesa de sua tese.
O que digo? Esse tema é muito relevante, principalmente para nós, brasileiros. O Brasil é um país laico (Constituição Brasileira de 1988), mas vejam na imagem abaixo que, em 2010, os que não tem religião ou não quiseram declarar qual a sua religião, eram menos de 10% da população, e que a grande maioria da população é, historicamente, de religiões que “usam” imagens de escultura e este assunto poderá gerar alguma polêmica, o que será ótimo, se todos que lerem este pequeno “artigo” estiverem dispostos a rever suas crenças e conceitos. P.S.: no site http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/religioes_brasil.htm há uma lista com a quantidade de pessoas que participaram da pesquisa, que foi realizada pelo IBGE.
Imagem do site da Veja: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/files/2012/06/ibge-religioes.jpg

Para entendermos o motivo da proibição temos que remontar a estrutura humana, a época e ao contexto. É da essência do ser humano a busca por Deus. Esta necessidade está na estrutura e formação do homem para que este pudesse buscar a Deus e encontra-Lo. Para comprovar isto basta olharmos para o mundo. Mesmo as “civilizações” que viviam isoladas, desenvolviam culto a deus(es). No entanto, sem saber como O encontrar, muitos cultuam outros deuses, sendo na forma de pessoas ou animais, criações de Deus ou do próprio homem. No Egito, onde o povo que estava recebendo essa proibição viveu até então, era muito comum até mesmo o Faraó ser tomado como um deus, e a grande quantidade de esculturas com o intuito de adoração e culto estava em todo lugar, pois seus deuses eram muitos. Um para cada coisa e com características específicas. Não que a proibição fosse a partir desta data, sendo bem mais antiga. O primeiro relato que temos de tal ordem talvez seja a de Abrão, quando Deus diz para este sair “de sua parentela” [Gn 12:1]; basta ver que a descendência de seu irmão, Naor, tinha ídolos em casa [Gn 31:19], o que nos leva a pensar que a idolatria tinha se alastrado pelo povo. Nada muito diferente das que vemos hoje em muitas residências. A estes tipos de esculturas é que são chamadas de “imagem de escultura”. Uma busca na internet por deuses de diversos países lhes mostrará uma enorme lista, em especial dos egípcios, romanos, gregos e povos nórdicos. As pessoas na busca por encontrar a Deus, da sua maneira, terminam por se afastar de Deus e por adorar qualquer ser ou coisa. Então o que Deus proibiu não foi a arte de esculpir ou desenhar, mas sim de estas serem feitas, ou usadas, para adoração, como se fosse Deus, para receber a adoração que é devida somente a Deus [Rm. 1:21-23,25]. Tomando assim o lugar de Deus.
Adorar, pedir, agradecer ou orar (ou rezar, se preferir) para uma escultura ou quadro. Ídolos. Arte feita pela mão do homem ser colocada no mesmo patamar ou até acima de Deus, o Deus criador do céu e da Terra. Isso é um insulto para Deus. Imagens que não andam, não falam, não ouvem, serem reverenciadas no lugar de Deus (Sl. 115). Isso é o que foi proibido. E não é o ato apenas de fazê-las, mas também de adorá-las [Lv. 26:1; Dt. 4:15-19, 23-24; Dt. 26:21-22; Jz. 3:7; Sl. 96:5; Sl. 106:19-23, 34-39; Sl. 135:15-18; Is. 2:8-9; Is. 31:7; Is. 40:19-20; Is. 41:7; Is. 44:9-18; Is. 57:12-13; Jr. 2:5; Jr. 7:30-31; Jr. 8:19; Jr. 10:3-5, 9; Jr. 18:15; Ez. 8:6-18; Ez. 11:21; Ez. 14:2-6; Ez. 23:49; Ez. 37:23; Os. 13:2; Hc. 2:18-19; At. 17:16; ICo. 6:9-11; I Co. 10:14-15, 19-21; II Co. 6:16-18; Gl. 5:19-21; Ef. 5:5; Cl. 3:5-6; I Ts. 1:8-9; I Pe. 4:1-6; I Jo. 5:21; Ap. 20:21; Ap. 21:8; Ap. 22:15].
Não seja enganado:
  • Algumas imagens são usadas em várias religiões diferentes e tem nomes diferentes, mesmo sendo a mesma imagem, então será que você está adorando realmente a Deus?
  • Venerar é o mesmo que adorar, conforme dicionário da língua portuguesa (http://www.priberam.pt/DLPO/venerar);
  • Adorar não é o mesmo que “gostar demais”, não use o termo de forma equivocada (http://www.priberam.pt/DLPO/adorar);
  • Se você é fã, então você tem um ídolo. Tenha cuidado pois você pode estar adorando ao “ser” errado (http://origemdapalavra.com.br/site/pergunta/fa-idolo-fanatico/);
  • Santo protetor e deuses (como os do Egito, Roma, Grécia, etc.) tem sim o mesmo significado, você passa a atribuir a outrem as glórias que devem ser dadas apenas a Deus;
  • Na Bíblia não há nenhuma indicação de que Deus permitiu que em algum momento o povo adorasse uma escultura ou uma pessoa (com exceção de Jesus, nenhum outro servo de Deus aceitou adoração). Não, Moisés não era cultuado (inclusive esse pode ter sido motivo de Deus não permitir que a sepultura de Moisés fosse encontrada), o cajado de Moisés muito menos, a serpente de bronze ou mesmo a Arca da Aliança. Qualquer um que disser o contrário está equivocado (Is. 42:8);
  • Não há nas escrituras nenhum servo de Deus orando para um santo, nem mesmo para Abraão, Isaque ou Jacó, nem em seus nomes [Jo. 16:23b];
  • Na Bíblia não há nenhuma indicação que Deus permitiu que as pessoas usassem os mortos como “intercessores” (ao contrário, quando Saul morreu isso lhe foi imputado [I Cr. 10:13]), todos os “exemplos” que alguém possa citar nas Escrituras estavam vivos e isto no Antigo Testamento, a partir da vinda de Cristo, este se tornou o nosso único intercessor, o único caminho para chegar a Deus [Jo. 14:6; Ef. 2:18; Ef. 3:11-12; Hb. 10:19; I Tm 2:5-6];
  • Jesus ensinou “como” e “a quem” orar [Mt. 6:6-13];

Hoje em dia os ídolos não se resumem apenas as imagens de escultura. Temos visto muitos tipos de ídolos e é fácil saber se você tem “adotado” algum, ou, como diz a Bíblia, “ter feito para ti imagens de escultura”. Temos visto muitos ídolos na música, no cinema, na televisão, em sua casa, na sua escola, no seu trabalho, na rua, e até na sua igreja. As pessoas têm colocado qualquer coisa à frente de Deus. Deus tem ficado sempre em segundo plano. Tem ficado sempre para depois, para quando tiver “um tempinho sobrando”. Fazemos cultos para “todos os santos do calendário” ao invés de fazê-los para Deus. Vamos aos eventos de música para vermos os cantores, não para louvar a Deus. Se o pastor tira férias, a igreja não tem culto, pois a igreja também tirou férias, pois o culto é para o pastor, não para Deus. Vamos a igreja não para buscar estar na presença de Deus, mas para buscar bens materiais. Temos desprezado a Deus o tempo todo. Parece que só nos lembramos de Deus quando as coisas estão muito difíceis. Então será que Deus tem que tornar as coisas difíceis? Temos que estar passando o tempo todo por tribulações para que assim busquemos a Deus?
Peço a Deus que todos nós tenhamos discernimento, para reconhecermos a idolatria, e força, para nos afastarmos dela.
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Concluinte do Curso de Licenciatura em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

2 comentários:

  1. Boa tarde Ozires! Li atentamente seu texto. Só que há uma coisa que não dá para entender nos protestantes.
    Vejo você falando sempre da Bíblia, tudo bem, mas fica uma pergunta muito sincera que faço a você: Lutero adotava somente a Bíblia como única Autoridade, do mesmo jeito Calvino. No entanto, quem tinha a verdadeira interpretação bíblica, Lutero (que não condenava as imagens) ou Calvino (que condenava as imagens)?




    Gostaria de deixar um testemunho primitivo do século II d.C. para você refletir:

    - "Dai-me um motivo por que Moisés ergueu como sinal a serpente de bronze e mandou que os picados olhassem para ela e eles se curavam. Fez isso depois que ele próprio tinha ordenado que ninguém absolutamente fabricasse imagem"
    (São Justino Mártir, séc. II; Diálogo com o Judeu Trifão 94,3).




    Ozires, nessa época não tínhamos a Bíblia como a temos hoje. São Justino é uma das inúmeras testemunhas de que os primeiros cristãos tinham uma interpretação das Escrituras bem diferente dos protestantes que adotaram a iconoclastia.




    Por favor, não me leve a mal. Uma boa tarde e que Deus abençoe e guarde você e toda sua família.














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    1. Everton, boa noite!
      Não há uma condenação a fabricação de imagens, mas seu uso como objeto de culto, colocando-a (ou a quem ou o que ela representa) no lugar Deus. Utilizamos em nosso dia a dia várias imagens: peixe simbolizando o evangelho, cruz simbolizando o sacrifício de Cristo, semente simbolizando a Palavra de Deus, etc. Atribuir a serpente de bronze um aspecto de culto é um erro de interpretação.
      Dizer se quem tem imagens de esculturas ou quem não tem vai ser salvo não é uma atribuição minha. Apenas procuro trazer a melhor interpretação do texto bíblico que me é possível levando em consideração todos os aspectos que me chegam ao conhecimento e aqueles que o Espírito me revelar. Espero que com isto os leitores possam ter maior conhecimento da vontade de Deus e possam prestar melhor culto e isto significa também viver e ser melhor.
      Sobre o Canon, acredito que no Século II, os cristãos romanos utilizavam a Septuaginta e o cânon judaico. Estas eram consideras Escritura Sagrada apesar de haver alguns discussões sobre alguns livros. Quando do fechamento do Canon cristão utilizaram algumas regras e assim os deuterocanônicos ficaram de fora. Os protestantes utilizam esta versão ainda.
      Sobre Martinho Lutero e Calvino e suas posições quanto as imagens não tenho conhecimento suficiente para lhe responder. Quando conseguir me inteirar um pouco mais do assunto, comentarei contigo.
      Abraços e que Deus o abençoe.

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