» Out of Series (11 de agosto de 2025)
Graça e Paz da parte de Deus, Pai, e de Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo!
Anteontem vi, por acaso (o grifo é proposital), um corte de um vídeo de uma conversa entre um rapaz chamado Felca, que se diz católico, e o youtuber Sérgio Sacani. Neste corte são feitas duas perguntas a ele e é sobre elas e suas respostas que conversaremos hoje.
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Para começar, se você não conhece o Sérgio Sacani, aqui vai uma pequena biografia. Ele é um conhecido youtuber de divulgação científica e geofísico. Entusiasta da astronomia seus vídeos giram quase sempre em torno desse tema. É uma daquelas pessoas carismáticas e que na sua frente dirá que tudo está ótimo, que as coisas podem ser assim para você e diferentes para ele, o que deve tornar bem fácil das pessoas gostarem dele, ao menos é isso que ele se esforça em demonstrar em frente a uma câmera. Pessoalmente não o conheço, então toda minha impressão vem do pouco que vejo em vídeos produzidos por ele mesmo (não sou assíduo espectador) ou por terceiros, então, peço perdão se minhas impressões de sua pessoa estiverem um pouco longe de sua verdadeira personalidade que pode ser melhor definida por quem convive cotidianamente com ele.
No entanto, apesar de que um dos motivos pelos quais prefiro não o
acompanhar é o fato de que ele pertence a um grupo de pessoas com atitudes que
considero inaceitáveis. Além da falsidade, este grupo destruiria a vida de
opositores, se tivessem poderes para tal. Bem, mas este não é o assunto que
queremos tratar, então vamos focar no que realmente nos trouxe aqui.
A primeira pergunta feita no recorte foi: “Ô, Serjão, você é ateu!
Você não acredita em Deus. O ateu ele não precisa ter fé?”
Sua resposta foi um pouco picotada devido ao condutor da entrevista
tentar extrair algumas falas dele, e, para melhor entendimento aqui, vamos
pegar as partes da resposta que contém apenas as coisas interessantes, são:
1 – Tem um livro chamado a fé do ateu, né?
2 – Eu sou ateu, tá, mas os ateus me odeiam porque eu sou um ateu
não militante.
3 – Agora, de onde vem o meu ateísmo? Como a gente estuda muito,
lê muito sobre física, estudo muito sobre astronomia, astrofísica, cosmologia e
tudo mais, não encaixa para mim nas coisas que a gente estuda, ter, por
exemplo, um ser que criou o universo, que criou a Terra, que criou o ser humano
e tal. Para mim, primeiro, eu acho que a vida aqui na Terra, do jeito que ela
é, ela é uma obra do acaso.
4 - É um acaso da gente tá aqui, entendeu? E as coisas
foram evoluindo ... na Terra... quase 5 bilhões de anos se passaram para as
coisas evoluírem e chegarem no ponto que tá hoje. Então para mim, não precisa
ter uma força, não precisa ter um ser, não precisa ter um Deus, não precisa ter
nada. As coisas é uma coisa natural da evolução natural das coisas que
levou a isso. Então assim, não é que eu tenho uma crença de que Deus não
existe, eu tenho uma crença de que a evolução natural levou as coisas a
serem do jeito que elas estão hoje, entendeu? Então não preciso ter uma
força, um ser, uma mente, um nada para fazer aquilo.
A segunda “pergunta” foi: “eu sou católico e eu quero que você desmistifique para mim um dos argumentos do cristianismo que é mais, na minha concepção, acertado. Que é as coisas para gerar vida na Terra são muito bem pontuadas, muito bem pontuadas. A Lua tá numa posição certa, extremamente certa. A Terra, a quantidade de oxigênio e nitrogênio tem que ser exata. Deus que fez isso. Tudo tem que ser exato. É tão raro, é tão raro, tão precioso que na minha concepção só pode ter sido Deus.
E a resposta foi:
5 – É o acaso, cara!
É mesmo?
6 – É o acaso!
Mas é tão raro, é 0,000000001.
7 – Mas é o acaso, não é zero! Mas esse é argumento aí, é o argumento que todo mundo usa contra mim, entendeu? Quando eu falo assim e aí até o pessoal fala: "Pô, os ateus ficam bravos comigo". Por quê? Porque quando eu vou explicar o lance da vida inteligente na Terra, eu falo exatamente isso. Ó, pessoal, pra vida ter inteligente na Terra, você tem que ter a lua do jeito que é, o sol do jeito que é, Júpiter, tudo certo, tudo certinho. Aí, pessoal, aí, ó, você fica provando pros caras que Deus existe. Para mim é o acaso, cara. Para mim é o acaso. Surgiu ao acaso e uma outra coisa, de repente; e o universo não está nem aí para ter vida no ter não. E eu acho que não, porque tem um pessoal que fala assim, é muito grande para se importar, para se importar. E outra coisa que o pessoal, muita gente fala: "Não, porque existe um propósito da gente tá aqui." Eu acho que não existe propósito nenhum no universo nem nada.
Pois bem, este foram os trechos que nos interessam no momento e
dos quais vamos discorrer sobre alguns pontos. Espero que a transcrição não
tenha ficado complicada para entender. As respostas dele coloquei um número a
frente para facilitar a indicação dos pontos que estamos abordando ao longo do
texto. Então vamos lá, e para começar, como de costume, vamos olhar o
significado do verbete.
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Houaiss acaso é uma ocorrência, um acontecimento casual, incerto e imprevisível; uma casualidade ou eventualidade; é um caso fortuito, um acidente; é um desfecho, favorável ou não, de um acontecimento; uma sucessão de fatos resultantes de causas independentes da vontade; é sorte ou destino; no pensamento contemporâneo, imprevisibilidade dos eventos em decorrência da própria constituição do mundo objetivo, cujas recorrências e leis não dispensam oscilações probabilísticas, isto é, um grau relativo e frequentemente mensurável de incerteza e indeterminação (o que é contrário ao pensamento determinista na compreensão da natureza que foi consenso no meio científico e acadêmico até o Século XIX); aleatoriedade.
Daqui em diante vamos procurar abordar o assunto na mesma sequência
das respostar para melhor organização. Então vamos lá.
Ponto “1.” – O livro que ele faz referência é o escrito pelo doutor
em ciências da Religião, Dr. João Paulo Reis Braga. Se você adquirir este livro
ou algum dos que tem assunto correlato clicando nos links abaixo você nos ajuda
na manutenção do nosso trabalho.
Ponto “2.” – Aqui temos da boca de um ateu e que convive no meio
de ateus, que existe um grupo de ateus militantes. Aqui dois pontos a frisar: I.
Em sua fala Sacani adota a postura correta para um ateu. Ateus, por definição,
não deviam se importar com religiosos e com a defesa de uma não existência de Deus.
Ninguém anda por aí tentando provar que algo sabidamente inexistente, realmente
não existe. Sempre há alguém tentando provar a existência daquilo que creem
existir, mas não o contrário e; II. Este grupo de ateus militantes não são apenas
incoerentes com suas crenças, e não apenas se dedicam a provar que os teístas estão
errados, mas alguns fazem parte do grupo que mencionei no início, que destruiriam
os teístas, se tivessem poderes para tal. Alguns deles inclusive falam
abertamente isto em seus canais do Youtube, até mesmo com ameaças de morte nos
casos mais graves e com a tentativa de tirar o sustento nos casos mais brandos.
Ponto “3.” – Neste ponto temos a revelação do nome do deus do Sacani:
acaso. Para o Sacani ele é a causa de todas as coisas. Ao contrário de muitos
dos maiores expoentes do conhecimento que chegaram à conclusão de que quanto
mais você estuda, mas Deus se faz evidente, para o Sacani, o deus que se
evidenciou foi este: o acaso. Louis Pasteur, renomado cientista francês,
reconhecido por suas descobertas nas áreas da química, microbiologia e
medicina, e famoso por suas contribuições no estudo da fermentação, pela
invenção da pasteurização e o desenvolvimento de vacinas, certamente diria que
ele estudou pouco (vide nota “A.” ao final do texto). E o resultado de suas observações
são muito opostas as que teve Isaac Newton (vide nota “B.” ao final do texto).
Ponto “4.” – Para quem não é determinista então, sim, estamos aqui
por acaso, isto é, havia alguma chance de termos nascido ou não, ou de já
termos morrido a esta altura, mas o acaso se resume apenas a isto, mera probabilidade.
O acaso não é o motor ou o meio pelo qual as coisas existem como são. Não há
este “universo de probabilidades” que se imagina ou que se quer fazer crer que
exista. Para sustentar esta crença é preciso acreditar em coisas absurdas, por
exemplo, é uma crença dele o multiverso, isto é, uma série infinita de
tentativas onde em algum deles nosso universo existe da forma que é. Certamente
ele nunca parou para pensar sobre as implicações desta crença, já que ele sequer
fez uma busca para descobrir a verdade mais importante da existência humana: há
ou não um Deus? E posso afirmar isto baseado em suas próprias palavras ditas
neste mesmo vídeo. Também não há este determinismo de que seria o curso natural
das coisas, uma evolução natural despropositada e aleatória não poderia, de
forma alguma, chegar a um fim específico. Mas me deixe explicar melhor o que
estou dizendo. Enquanto se existia a esperança de que em qualquer parte em que
fosse encontrada água seria encontrada vida, a frase “onde houver água, a vida”
era proferida sem cerimônia. Então, como por meio de processos aleatórios cegos
fez formar vida na água que está na Terra (água que contém com todas as
características que permitem a vida) e sua abundância no universo não gerou, ao
menos até onde sabemos, nada. Certamente não foi falta de tempo e acredito que
ele não diria que as probabilidades seriam diferentes aqui e acolá. Ao que me
parece, por sua fala, que sua fé está nos processos naturais, ou seja, sua
deusa Gaia, apoiada por seu deus Kronos e com uma ajudinha de sua deusa Tyche.
Agora um pequeno parêntese. Antes de tratarmos das demais respostas
vamos abordar rapidamente o argumento utilizado pelo Felca. O argumento se
chama “ajuste fino do universo”. A ideia é que tudo é tão perfeitamente
organizado em unidades de medidas tão ínfimas que a aleatoriedade não seria
capaz de as colocar todas juntas ao mesmo tempo. Quem fala, como o Sacani, que
é possível só porque é assim, não entendeu nada de nada. Os pontos citados na
elaboração da questão são apenas três, onde, apenas na Terra, existem mais de cinquenta
onde, novamente, todos tem que estar finamente ajustados desde o início senão
não haveria nem mesmo a possibilidade para que houvesse o acaso. Veja, por
exemplo, que o Sacani acredita que a lua foi formada por um impacto de um planeta,
conhecido como Theia, do tamanho de Marte na Terra (pois é, pergunte a qualquer
um se um asteroide destes se chocasse com a Terra qual seria o resultado e veja
que quem não crê em Deus tem que acreditar em cada coisa) e que ela tomou forma
a cerca de 22 mil km da Terra. Agora pergunte a alguma inteligência artificial
se seria possível surgir vida na Terra considerando isto e veja ela dizer algo
como “seria muito mais difícil, se não impossível” (é, eu perguntei). Agora a
lua se afasta da terra a cerca de 3,8cm por ano, o que ao longo de 4,5 bilhões
de anos a colocou a uma distância de 384 mil km de distância da Terra. O tempo
necessário para colocar a lua na distância que está hoje seria de menos de 1
bilhão de anos. Então, será que alguma vez foi considerado por ele que o tempo
de 4,5 bilhões de anos de suposta existência da Terra não pode ser considerado totalmente
para o surgimento da vida como existe hoje; e olha que estamos abordando apenas
um dos mais de cinquenta elementos finamente ajustados e necessários para que
ela exista.
Pontos “5.” e “6.” – O Sacani, ao que parece, não consegue
entender que “acaso” não é causa. Voltemos um pouco ao início desta postagem,
quando mencionei que vi este vídeo por acaso. Eu estava com um pouco de tempo e
fui ver alguns vídeos no Youtube. Minhas preferências, nestas ocasiões, giram
em torno de vídeos sobre investimento e notícias de geopolítica e, algumas vezes,
assisto a vídeos de cristãos cujo assunto ache relevante. Não sou inscrito no
canal do Sacani ou do entrevistador. Como podem ver, não há correlação entre meu
hábito e a indicação do algoritmo da plataforma em me recomendar este vídeo
específico, exceto pelo fato do apresentador se dizer católico. Isto é acaso. A
causa disto ter acontecido foi minha disposição em assistir vídeos. Houve
também uma ação: abri o aplicativo e cliquei no vídeo que me foi indicado mesmo
sendo alheio a minhas preferências. Do outro lado também houve a predisposição
deles de gravarem o vídeo e enviarem para a mesma plataforma. Estas duas coisas
são arbitrárias, isto é, dependem da vontade. Mesmo que a evolução fosse
realmente um fato (e aqui quero destacar a estreita relação entre ateísmo e evolucionismo),
não é o acaso que dá origem as coisas.
Ponto “7.” – Cientificamente falando geralmente se usa termos como
“altamente provável/improvável”, pois considera-se, devido ao conceito de
falseabilidade apontado por Karl Popper, que nada é verdade absoluta ou uma
impossibilidade absoluta. Isto quer dizer que se uma hipótese pode ser levantada
e há meios para testá-la, então há alguma probabilidade da hipótese se mostrar
verdadeira ou falsa. Esta definição científica traça claramente os limites da
ciência, mas não os limites da realidade. Há coisas reais que não podem ser
cientificamente comprovadas (ao menos não ainda e outras que não serão nunca).
Por exemplo a própria teoria da evolução nunca passará nas condições estabelecidas
para ser científica: a evolução não pode ser observada, não pode ser medida com
precisão, não pode ser reproduzida em laboratório (nem por uma pessoa muito
menos por várias), os resultados dos experimentos não são consistentes e, por
fim, se tornou infalseável. E há também coisas que realmente são impossíveis. Por
exemplo, quanto tempo você precisaria treinar seus músculos para que conseguisse
dar um salto daqui da terra que alcançasse a lua? Isto mesmo, não importa
quanto tempo, mesmo que você vivesse indefinidamente, não há como fazê-lo. É
impossível.
Nada surge ao acaso. Como já disse, o acaso não é causa. O acaso
não dá origem as coisas. Para que possa existir a possibilidade é necessário
que haja, antes o caso. E mesmo que existe a possibilidade, se ela for
extremamente baixa, é improvável que ela ocorra. Por exemplo, é possível que
alguém ganhe mais de uma vez acertando os seis dígitos da Mega Sena, entretanto,
isto nunca aconteceu, e, se formos considerar alguém que ganhe o prêmio duas
vezes seguidas, então não será espanto se todos disserem que é “impossível”,
mesmo que a possibilidade não seja zero. Isto porque ela tão infimamente pequena
que pode ser considerada nula. Entretanto, para existir esta minúscula probabilidade
para que, por acaso, venha a acontecer, é preciso que exista o caso em si, isto
é, o jogo da Mega Sena e o sortudo apostador. O acaso não pode trazer nenhum
dos dois a existência. O acaso também não pode definir as regras do jogo, nem
quais os formatos dos objetos que conterão os números definidos no sorteio e
nem quais números serão escolhidos, dentro dos possíveis, pelo apostador.
Veja ainda que o Sacani tem um entendimento panteísta de Deus. Bem
parecido com o a crença que Einsten adotou após 1925, o que é conhecido como a
definição de Deus de Espinoza (ou o deus de Espinoza). Um deus que é também a
natureza, isto é, ambos têm a mesma substância, e que não se importam com a sua
criação nem lhes deu qualquer proposito. Muito diferente do Deus descrito na
Bíblia, que estando Ele separado de sua criação não a abandona a própria sorte,
interagindo com ela para fazer cumprir Seu próprio propósito. E um destes propósitos
é ter convívio com os homens que forem purificados pelo sacrifício realizado
por Seu Filho Jesus, o Cristo, naquela cruz, na qual derramou seu sangue para o
perdão de nossos pecados cometidos contra a perfeita santidade de Deus, Pai.
Bom, para concluir, cada um acredita no deus que quiser. Eu, particularmente, acredito no Deus descrito na Bíblia. Outros preferem crer no deus Acaso ou deus Sorte, que, por acaso, se a pessoa não der muita sorte, terá uma vida ruim e uma morte pior, e, por acaso, se der sorte, após a morte não existirá nada, além do acaso, mas, se não der tanta sorte, nem será exposto ao acaso, mas ao destino certo, que, não por acaso, e para sua falta de sorte, será pior que sua vida e sua morte.
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém!
Oz. B. Silva
Técnico em Informática, Graduado
em Matemática e Servo do Deus Altíssimo e autor do blog http://sepade.blogspot.com
Notas:
A. – Frase de Loius Pasteur: “Um pouco de
ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima”;
B. – Frase de Sir Isaac Newton: “"A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isto fica sendo a minha última e mais elevada descoberta."
Fontes:
• Hipótese do grande impacto. Wikipédia. Disponível
em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_do_grande_impacto.
Acesso em: 11 de agosto de 2025;