segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

¤ Os Dez Mandamentos, na interpretação de Jesus – O 3º mandamento ¤

» 26 de fevereiro de 2018

"Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão." [Ex. 20:7]

Jesus não menciona o 3º mandamento
Este mandamento também não foi citado de forma explicita por Jesus. No entanto o abordou indiretamente em quatro dos seis princípios principais que abordaremos aqui. Este mandamento é, na verdade, o mais amplo do Decálogo, ou seja, o que tem mais implicações e está interligado com os dois primeiros. Quero lhes lembrar que apesar de estamos os abordando individualmente devemos sempre ter em mente que são um conjunto único.


Contexto histórico
Como citamos na postagem anterior os deuses, para os egípcios, tinham que ter um corpo e um nome. Isso porque para eles a existência era dividida em “vida” e “pós vida”; e para existir em quaisquer dos dois “planos” devia-se ter um corpo e um nome. Para continuar vivendo no “vida” precisamos de energia que vem através dos alimentos e para continuar a existir no “pós vida” a energia era gerada quando no “vida” alguém pronunciava seu nome, em geral o(s) do(s) “deus(es)” a quem adorava. Assim os “mortos” podiam continuar a existir desde que houvesse energia gerada pelos “vivos”. Devido a esta crença os egípcios pronunciavam os nomes de seus deuses por qualquer motivo e até sem motivo algum, acreditando que com isso estavam lhes dando energia para continuar a existir e a travar suas lutas, que se reiniciavam a cada dia, indefinidamente. A repetição “descontrolada” dos nomes culmina com uma natural banalização. A reverência então deixa de existir e isso interfere também no sistema de culto.
Outro ponto que é bastante comum em todas as civilizações de todos os tempos é o juramento. Quando alguém faz um juramento sempre faz por algo que é maior do que si, em geral são usados os deuses. Como os nomes dos deuses se tornaram algo corriqueiro passaram a não ter tanto valor e as promessas passaram então a serem vazias. Se sentiam tendenciosos a quebrar promessas e dar desculpas pois utilizar tais nomes tinham outros propósitos.
Foi neste contexto que Deus entregou o terceiro mandamento.

O terceiro mandamento
Neste mandamento Deus coloca limites para o uso de Seu Nome. Deixa claro que ele não pode ser utilizado de qualquer maneira, que não precisa da intervenção humana para existir e que há grande responsabilidade para seu povo.

Sua implicação
Abordaremos aqui seis implicações deste mandamento:
1. Seu nome não foi dado por homens e, portanto, sua existência antecede a da humanidade;
2. Ele não precisa da intervenção humana para existir. Não é necessário que lhe seja enviada energia pelos homens para que possa sobreviver em algum mundo. Ao contrário, Ele é quem a tudo sustenta;
3. Não podemos usar seu nome de qualquer forma, nem o usar repetidamente e sem propósito. Seu nome não deve ser banalizado;
4. Seu nome é Santo e não pode ser pronunciado por qualquer motivo. Deve ser respeitado em todos os momentos e utilizado com zelo. Mesmo no culto deve ser utilizado com reverência.
5. Pela grandeza de Seu Nome toda promessa feita deve ser cumprida;
6. Seriam o povo que carregaria o peso de Seu Nome e tinham responsabilidades de não o desonrar de forma alguma. Suas ações deviam ser compatíveis com os atributos d’Ele.
Entender porque Deus deu este mandamento é bastante simples. Basta vermos quanto cuidado temos com nossos nomes. É muito comum ouvirmos a expressão: “O nome é o bem mais valioso de uma pessoa”. Quanto cuidado tomamos para que não tenhamos nosso nome “sujo”! E o que alguns não fazem para não ter seu nome “na lama”? Apesar de que em nossos dias o que se tem vale mais do que o que se é, ainda nos preocupamos em não manchar nossos nomes e principalmente que outros não o façam.
Se nós temos todo o cuidado com isso imaginem quanto Deus zela pelo seu!

Como Jesus o interpretou
As crenças dos egípcios de que os deuses precisariam do homem para existir já não existia entre os judeus. Também já havia (e há) um grande respeito para com o nome de Deus, de forma que eles não mencionam seu nome para praticamente nada. Jesus, portanto, não precisava abordar os pontos 1. a 3. das implicações, entretanto Jesus ainda aborda o ponto 3. sobre uma perspectiva diferente da original. Vejamos então as interpretações que Jesus deu a este mandamento:
Item 3. das implicações: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim." [Mt. 15:8]. Apesar de todo respeito e zelo que os judeus tinham pelo Nome de Deus eles não estavam realmente voltados para a adoração a Ele. O legalismo havia se instituído em seu meio e tudo se resumia a “fazer” ou “deixar de fazer”. Iam adorar a Deus e não se importavam com o próximo [Lc. 10:25-37]. Não entendiam que "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." [I Jo. 4:20]. Nossos dias parecem estar bem piores, pois a humanidade, em sua maioria, tem se tornado egoísta, de sorte que não pode honrar a Deus de forma alguma e assim prefere “eliminar” Sua existência.
Item 4. das implicações: "Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;" [Mt. 6:9]. É certo que o Nome de Deus já é santo! Mas Jesus diz que esse Nome tem que ser santo para nós. Nosso culto a Deus deve ser sempre voltado para Sua glorificação e adoração. Os judeus diziam que estavam cultuando a Deus, mas eram mentirosos, gananciosos ou hipócritas. Sobrecarregavam o povo de fardos e eles mesmos não faziam o que ensinava [Lc. 11:46]. O conhecido “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”. Hoje em dia vivemos problemas semelhantes. Nossos cultos foram transformados em shows que não fazem nada além de alegrar o próprio homem ou a sua plateia, vazios de sentido, sem ordem ou decência. Não santificam de forma alguma o Nome de Deus. Onde há mentira não há verdade e onde não está a verdade Deus não está, porque Ele não comunga com a mentira. Falsos profetas, faltos operadores de milagres e falsas experiências espirituais não santificam o Nome de Deus; ao contrário mancha-O e traz escândalo à Sua Palavra. "Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos." [Lc. 17:1-2]. Nosso culto a Deus também tem que ser santo;
Item 5. das implicações: "Também ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno." [Mt. 5:33-37]. Este ponto não carece de explicações. Deus não está interessado em promessas e juramentos que não podemos cumprir. Espera de nós apenas a verdade pois Deus não tem parte com a mentira. Deus não precisa que “inventemos estórias” para ser exaltado ou para manifestar sua glória. Nossa conduta e nossas palavras têm que ser verdadeiras a todo momento, especialmente quando se trata do culto a Ele e da pregação do Evangelho de Jesus Cristo;
Item 6. das implicações: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." [Mt. 5:48]. Jesus fez muitas acusações aos seus contemporâneos, especialmente aos religiosos. Aqueles que deviam zelar pelo Nome de Deus, principalmente com suas vidas, estavam apenas conseguindo vantagens para si próprio. Deus requer de nós, que carregamos Seu Santo Nome, uma vida santa. O mundo, ao olhar para nós, tem que ver a luz da glória de Deus. Ele espera de nós que não desonremos Seu Nome, ou seja, que não tomemos Seu Nome em vão (apenas por aparência ou com mentiras, por fingimento, falsidade, de forma fútil ou inútil). Não é necessário dizer aqui que a maior parte daqueles que se dizem “evangélicos” em nosso país são, na verdade, a vergonha do Evangelho. Longe de viver uma vida digna de serem chamados Filhos de Deus.

Síntese
O terceiro mandamento do Decálogo ganhou, da forma como Jesus o interpretou, um peso muito maior do que originalmente. Para cumpri-lo devemos prezar por uma vida integra e justa. Decerto que não estamos livres do pecado. Viver sem pecar ainda nos é impossível. Mas todos os exemplos de homens de Deus descritos na Bíblia também cometeram erros. No entanto estavam inteiramente dedicados a honrar o Nome de Deus e nós podemos viver da mesma forma tendo sempre a Jesus como modelo.

Os aguardamos nas próximas postagens.

"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." [Ef. 5:1-2].
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.


Bibliografia

- ALBUQUERQUE, Leandro G. Estudo sobre os dez mandamentos: Terceiro mandamento. Criado em dez/2003 e editado em abr/2016;
- História de Deus, A. Morgan Freeman. Episódio 01: Vida após a morte. Natioanal Geographic, 2015. 51 min. Som, colorido, dublado ou legendado para o português. Exibição: NetFlix.
- Programa Vejam Só. Apresentado pelo Reverendo Éber Cocareli. O uso abusivo do nome de Deus nas redes sociais Viola o 3º Mandamento? Exibido na emissora RIT TV em 29/07/2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PB4iZmXyOQQ. Acesso em: 12/01/2018;
- Sabedoria e Antiguidade: Egípcios. Discovery Civilization. 45 min. Som, colorido, dublado para o português. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=z5_8TPrm4Hw. Acesso em: 17/01/2018;

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