sábado, 9 de dezembro de 2017

¤ Os Dez Mandamentos, na interpretação de Jesus – O 1º mandamento ¤

» 09 de dezembro de 2017

"Não terás outros deuses diante de mim.” [Ex. 20:3]
"Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto." [Mt. 4:10]
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." [Mt. 6:24]

Iniciamos agora a falar sobre os mandamentos do Decálogo e como Jesus os interpretou. Como não é possível esgotar todo o assunto neste espaço esperamos ao menos que as principais dúvidas sejam dirimidas e que saibamos como tomá-Lo em nossa vida cotidiana prática.

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Jesus não menciona o 1º mandamento
Podem achar um pouco estranho o título destas postagens se referir a Jesus interpretar os Dez Mandamentos e os versículos que abrem a postagem não serem de um texto em que Ele cite o primeiro mandamento. O fato é que Jesus não mencionou diretamente todos os mandamentos do Decálogo. Isto, no entanto, não nega seu valor; mas também não a acrescenta valor indevido. Jesus faz menção indireta a alguns deles e vamos os abordar desta forma.

Contexto histórico
O povo de Israel esteve durante longos quatrocentos e trinta anos vivendo no Egito e aprenderam a conviver com todos os deuses que os egípcios adoravam. Como já mencionamos antes (na postagem de 20 de outubro de 2017) havia uma grande tendência daquele povo adotar a cultura e religiosidade a que estavam habituados. Diante de uma sociedade politeísta, um deus a mais, faz mais bem que mal. Podemos imaginar que na mente dos politeístas passe pensamentos do tipo: “se este deus não me atender eu passo a adorar outro e ele perde um adorador”. Na maior parte das culturas os homens servem aos deuses em troca de favores que os estes possam fazer por aqueles. Talvez pensem (como os “deuses de hoje” fazem) que sua motivação vem pelo total de seguidores. Se um deus os libertou da escravidão estavam dispostos a adorá-lo até quando este deixasse de atender a seus pedidos. Este era o contexto quando Deus lhes dá o primeiro mandamento.

O primeiro mandamento
Todos os textos bíblicos são profundos em significado e podemos enveredar por diversas explanações verdadeiras. Mas acredito que naquele momento dizer diretamente que os outros deuses eram falsos e que existia apenas um Deus verdadeiro não tenha sido a escolha. É evidente que as palavras utilizadas significam muitas coisas, mas vamos nos ater aqui, neste momento, na primeira impressão que elas deixaram aos ouvintes: “Vocês não podem tomar por padrão a religiosidade egípcia. Não aceitarei jogos ou chantagem. Serei o único Deus de vocês e vocês serão meu único povo”.
Pelo que conheciam e pelo que enfrentariam não adiantava dizer que os deuses dos egípcios eram falsos. Ao invés disso o que Deus disse em Ex. 20:2 foi que Ele era mais poderoso que todos os deuses do Egito juntos. Ele disse que havia derrotado a todos.
Será necessário que levemos em consideração algumas coisas: 1. Deuses falsos existem e podem ser adorados; 2. Se pensassem que com deuses falsos eles eram a nação mais avançada da época; como não seriam se passassem a servir ao único Deus verdadeiro? Isso podia gerar ainda mais temor e insegurança diante daquilo que iriam enfrentar e; 3. Mudar de pensamento, abandonando aquilo que já sabemos, nunca é fácil, portanto, era necessário que fossem instruídos a partir daquilo que conheciam.
Veremos que apenas muito tempo depois vieram a ter consciência mais ampla do que aquelas palavras diziam: “Eu Sou O único e verdadeiro Deus”. Para termos uma ideia apenas em II Cr. 15:3 isto é mencionado, ou seja, aproximadamente mil anos depois (foi o único texto que encontrei no AT).
Podemos ver ainda nas palavras de Moisés em Dt. 6:4 que o entendimento era mais de exclusividade do que de unicidade.

Sua implicação
A primeira implicação deste mandamento é o de termos o cuidado de depositar nossa fé apenas no Deus único e verdadeiro. Um Deus que é amor e que sempre nos dá o melhor, mesmo que em alguns momentos as coisas não pareçam boas [Mt. 7:7-11; Lc. 11:11-13; Rm. 8:28]. Não deposite sua confiança, fé e esperança em quem vai te desapontar ou machucar; seja um deus, um homem ou alguma coisa.

Como Jesus o interpretou
Citamos na abertura da postagem dois versículos nos quais Jesus faz menção indireta a este mandamento. No primeiro Ele está sendo tentado pelo Diabo que lhe oferece todos os reinos do mundo e sua glória se o adorar e no segundo está mostrando que coisas podem ser deuses.
Muitas vezes utilizamos as palavras em seu sentido incompleto ou mesmo equivocado. Se olharmos no dicionário o que significa adorar veremos que a primeira sinonímia é a de prestar culto, mas, ao olharmos a fala de Jesus vemos que há uma diferença. Ele diz: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto." [Mt. 4:10]. Ao vermos então outras sinonímias para a palavra “adorar” vemos termos como: 2. ter veneração por (alguém ou algo); ter grande apreço por; reverenciar; 3. amar(-se) de maneira extrema, apaixonada; idolatrar(-se); 3.1. gostar muito de (algo); ter grande predileção por (Dicionário Houaiss). De todos estes significados o que melhor traduz o significado é “amar de maneira extrema, apaixonada”. Agora você já deve ter feito uma conexão com a postagem anterior, certo? Amar a Deus acima de todas as coisas. Amar de forma extrema, apaixonada. Quando estamos apaixonados queremos estar perto a todo instante. Sentimos falta quando estamos longe. Ficamos incompletos e ansiamos o momento em que mais uma vez estaremos juntos. E, com Deus, temos a certeza de que Ele nos ama de maneira tal que não poupou seu próprio e único filho, Jesus Cristo, para nos dar a oportunidade de estarmos próximos a Ele [Jo. 3:16; I Ts. 5:9-10; I Pe. 3:18].
Dar culto é demonstrar esse amor, essa adoração. O ato de prostrar-se exigido por Satanás é uma forma de respeito, de reconhecimento de que consideramos o outro maior que a nós. Esse respeito também faz parte do culto. Não dá para amar sem respeitar. Meu avô Vicente (In Memoriam) sempre me dizia (quando eu era ainda criança) que, em um relacionamento, é melhor haver respeito do que amor; pois se não houver respeito o amor não vai durar. Isto é tão verdadeiro que também vale para o nosso relacionamento com Deus. Não que Deus vai deixar de nos amar, mas se não podemos O respeitar como O poderemos amar?
No segundo texto Jesus diz que não é possível servir a dois senhores. Uma hora um vai querer algo do servo e este não poderá atender porque estará servindo ao outro senhor. Se dedicarmos todo o nosso tempo e esforços para ficarmos ricos não teremos como amar a Deus. Quando trabalhamos demais não temos tempo para nossa família. Ficamos ricos e perdemos nossas esposas e filhos. No final vemos que não valeu a pena ter trabalhado tanto porque logo o dinheiro acaba. Quando se tem demais, acaba a saúde; e logo vemos que ao nos dedicarmos demais a algo tão supérfluo, perdemos mais do que ganhamos. E mesmo que nossos dias sejam tão bons e felizes devido à grande quantidade de dinheiro que conseguirmos veremos, próximo ao fim de nossas vidas, o mesmo que percebeu Alexandre, o Grande (a estória pode ser lida aqui) e então entenderemos o que quer dizer as palavras de Jesus: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" [Mc. 8:36].
Assim Jesus interpreta o primeiro mandamento saindo do entendimento inicial de uma relação de “dar e receber” (cultuar e receber favores) para o de amar incondicionalmente, apaixonadamente. Não mais como senhor e servo, mas como pai e filho.

Síntese
O primeiro mandamento do Decálogo não é para ser entendido mais como originalmente. Com a vinda do Cristo devemos entendê-lo conforme sua interpretação. Assim, para cumpri-lo, não basta apenas termos uma atitude como as que tinham os judeus, que reconheciam apenas a Deus e apenas a Ele prestavam ritos e cerimônias, mas temos que trazer o culto para nosso interior, para nosso coração. Amá-Lo, de forma apaixonada.

Os aguardamos nas próximas postagens.

"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. ... Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão." [1Jo. 4:7-8,20-21].
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.


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