sábado, 9 de dezembro de 2017

¤ Os Dez Mandamentos, na interpretação de Jesus – O 1º mandamento ¤

» 09 de dezembro de 2017

"Não terás outros deuses diante de mim.” [Ex. 20:3]
"Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto." [Mt. 4:10]
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas." [Mt. 6:24]

Iniciamos agora a falar sobre os mandamentos do Decálogo e como Jesus os interpretou. Como não é possível esgotar todo o assunto neste espaço esperamos ao menos que as principais dúvidas sejam dirimidas e que saibamos como tomá-Lo em nossa vida cotidiana prática.

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Jesus não menciona o 1º mandamento
Podem achar um pouco estranho o título destas postagens se referir a Jesus interpretar os Dez Mandamentos e os versículos que abrem a postagem não serem de um texto em que Ele cite o primeiro mandamento. O fato é que Jesus não mencionou diretamente todos os mandamentos do Decálogo. Isto, no entanto, não nega seu valor; mas também não a acrescenta valor indevido. Jesus faz menção indireta a alguns deles e vamos os abordar desta forma.

Contexto histórico
O povo de Israel esteve durante longos quatrocentos e trinta anos vivendo no Egito e aprenderam a conviver com todos os deuses que os egípcios adoravam. Como já mencionamos antes (na postagem de 20 de outubro de 2017) havia uma grande tendência daquele povo adotar a cultura e religiosidade a que estavam habituados. Diante de uma sociedade politeísta, um deus a mais, faz mais bem que mal. Podemos imaginar que na mente dos politeístas passe pensamentos do tipo: “se este deus não me atender eu passo a adorar outro e ele perde um adorador”. Na maior parte das culturas os homens servem aos deuses em troca de favores que os estes possam fazer por aqueles. Talvez pensem (como os “deuses de hoje” fazem) que sua motivação vem pelo total de seguidores. Se um deus os libertou da escravidão estavam dispostos a adorá-lo até quando este deixasse de atender a seus pedidos. Este era o contexto quando Deus lhes dá o primeiro mandamento.

O primeiro mandamento
Todos os textos bíblicos são profundos em significado e podemos enveredar por diversas explanações verdadeiras. Mas acredito que naquele momento dizer diretamente que os outros deuses eram falsos e que existia apenas um Deus verdadeiro não tenha sido a escolha. É evidente que as palavras utilizadas significam muitas coisas, mas vamos nos ater aqui, neste momento, na primeira impressão que elas deixaram aos ouvintes: “Vocês não podem tomar por padrão a religiosidade egípcia. Não aceitarei jogos ou chantagem. Serei o único Deus de vocês e vocês serão meu único povo”.
Pelo que conheciam e pelo que enfrentariam não adiantava dizer que os deuses dos egípcios eram falsos. Ao invés disso o que Deus disse em Ex. 20:2 foi que Ele era mais poderoso que todos os deuses do Egito juntos. Ele disse que havia derrotado a todos.
Será necessário que levemos em consideração algumas coisas: 1. Deuses falsos existem e podem ser adorados; 2. Se pensassem que com deuses falsos eles eram a nação mais avançada da época; como não seriam se passassem a servir ao único Deus verdadeiro? Isso podia gerar ainda mais temor e insegurança diante daquilo que iriam enfrentar e; 3. Mudar de pensamento, abandonando aquilo que já sabemos, nunca é fácil, portanto, era necessário que fossem instruídos a partir daquilo que conheciam.
Veremos que apenas muito tempo depois vieram a ter consciência mais ampla do que aquelas palavras diziam: “Eu Sou O único e verdadeiro Deus”. Para termos uma ideia apenas em II Cr. 15:3 isto é mencionado, ou seja, aproximadamente mil anos depois (foi o único texto que encontrei no AT).
Podemos ver ainda nas palavras de Moisés em Dt. 6:4 que o entendimento era mais de exclusividade do que de unicidade.

Sua implicação
A primeira implicação deste mandamento é o de termos o cuidado de depositar nossa fé apenas no Deus único e verdadeiro. Um Deus que é amor e que sempre nos dá o melhor, mesmo que em alguns momentos as coisas não pareçam boas [Mt. 7:7-11; Lc. 11:11-13; Rm. 8:28]. Não deposite sua confiança, fé e esperança em quem vai te desapontar ou machucar; seja um deus, um homem ou alguma coisa.

Como Jesus o interpretou
Citamos na abertura da postagem dois versículos nos quais Jesus faz menção indireta a este mandamento. No primeiro Ele está sendo tentado pelo Diabo que lhe oferece todos os reinos do mundo e sua glória se o adorar e no segundo está mostrando que coisas podem ser deuses.
Muitas vezes utilizamos as palavras em seu sentido incompleto ou mesmo equivocado. Se olharmos no dicionário o que significa adorar veremos que a primeira sinonímia é a de prestar culto, mas, ao olharmos a fala de Jesus vemos que há uma diferença. Ele diz: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto." [Mt. 4:10]. Ao vermos então outras sinonímias para a palavra “adorar” vemos termos como: 2. ter veneração por (alguém ou algo); ter grande apreço por; reverenciar; 3. amar(-se) de maneira extrema, apaixonada; idolatrar(-se); 3.1. gostar muito de (algo); ter grande predileção por (Dicionário Houaiss). De todos estes significados o que melhor traduz o significado é “amar de maneira extrema, apaixonada”. Agora você já deve ter feito uma conexão com a postagem anterior, certo? Amar a Deus acima de todas as coisas. Amar de forma extrema, apaixonada. Quando estamos apaixonados queremos estar perto a todo instante. Sentimos falta quando estamos longe. Ficamos incompletos e ansiamos o momento em que mais uma vez estaremos juntos. E, com Deus, temos a certeza de que Ele nos ama de maneira tal que não poupou seu próprio e único filho, Jesus Cristo, para nos dar a oportunidade de estarmos próximos a Ele [Jo. 3:16; I Ts. 5:9-10; I Pe. 3:18].
Dar culto é demonstrar esse amor, essa adoração. O ato de prostrar-se exigido por Satanás é uma forma de respeito, de reconhecimento de que consideramos o outro maior que a nós. Esse respeito também faz parte do culto. Não dá para amar sem respeitar. Meu avô Vicente (In Memoriam) sempre me dizia (quando eu era ainda criança) que, em um relacionamento, é melhor haver respeito do que amor; pois se não houver respeito o amor não vai durar. Isto é tão verdadeiro que também vale para o nosso relacionamento com Deus. Não que Deus vai deixar de nos amar, mas se não podemos O respeitar como O poderemos amar?
No segundo texto Jesus diz que não é possível servir a dois senhores. Uma hora um vai querer algo do servo e este não poderá atender porque estará servindo ao outro senhor. Se dedicarmos todo o nosso tempo e esforços para ficarmos ricos não teremos como amar a Deus. Quando trabalhamos demais não temos tempo para nossa família. Ficamos ricos e perdemos nossas esposas e filhos. No final vemos que não valeu a pena ter trabalhado tanto porque logo o dinheiro acaba. Quando se tem demais, acaba a saúde; e logo vemos que ao nos dedicarmos demais a algo tão supérfluo, perdemos mais do que ganhamos. E mesmo que nossos dias sejam tão bons e felizes devido à grande quantidade de dinheiro que conseguirmos veremos, próximo ao fim de nossas vidas, o mesmo que percebeu Alexandre, o Grande (a estória pode ser lida aqui) e então entenderemos o que quer dizer as palavras de Jesus: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?" [Mc. 8:36].
Assim Jesus interpreta o primeiro mandamento saindo do entendimento inicial de uma relação de “dar e receber” (cultuar e receber favores) para o de amar incondicionalmente, apaixonadamente. Não mais como senhor e servo, mas como pai e filho.

Síntese
O primeiro mandamento do Decálogo não é para ser entendido mais como originalmente. Com a vinda do Cristo devemos entendê-lo conforme sua interpretação. Assim, para cumpri-lo, não basta apenas termos uma atitude como as que tinham os judeus, que reconheciam apenas a Deus e apenas a Ele prestavam ritos e cerimônias, mas temos que trazer o culto para nosso interior, para nosso coração. Amá-Lo, de forma apaixonada.

Os aguardamos nas próximas postagens.

"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. ... Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão." [1Jo. 4:7-8,20-21].
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.


domingo, 26 de novembro de 2017

¤ Os Dez Mandamentos, na interpretação de Jesus – O grande mandamento ¤

» 26 de novembro de 2017

E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou: Mestre, qual é o grande mandamento na Lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” [Mt 22:35-40]

Esta é uma das passagens mais importantes das Escrituras. Se quisermos resumir a Bíblia esse é o texto. Nesta postagem vamos abordar o significado dele, como se tem visto como as tábuas dos Dez Mandamentos foram escritas e qual o grande mandamento. Esperamos em Deus que sejam edificados.
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“O grande mandamento” ou “os grandes mandamentos”?
A pergunta feita a Jesus foi muito capciosa. Como todos os mandamentos têm igual importância, não seria possível escolher um dentre eles. Como podemos ver no texto de Tg. 2:10 – "Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos". Diante da impossibilidade de eleger um, Jesus então a resume. A grande questão é que Jesus responde à pergunta de “apontar um mandamento” com um resumo em “dois mandamentos” e não apenas um. Mas será que são dois mesmo? Vamos tentar descobrir.

A Lei “dividida” em duas partes
Quando Deus entregou os Dez Mandamentos a Moisés o fez em duas tábuas de pedra [Ex. 24:12; 31:18; 32:15-16; 34:1, 4, 29; Dt. 4:13; 5:22; 9:10-11, 15, 17; 10:1, 3; I Rs. 8:9; II Cr. 5:10]. Não temos como saber com certeza, mas especula-se que na primeira estavam os mandamentos referentes a nossa conduta relacionada a Deus e, na segunda, a relacionada aos homens. Essa relação também é feita ante o texto que abre esta postagem, ou seja, que Jesus estaria resumindo naquela ocasião cada uma das tábuas que continham o Decálogo. A grande questão passa a ser então quais mandamentos estariam em cada uma? E neste ponto parece haver um consenso de que seriam quatro e seis (como pode ser visto, por exemplo, neste site http://www.osdezmandamentos.com.br/estudos/estudos.html).
Não há porque perdermos tempo aqui tentando explicar o que Jesus já disse e facilmente veremos que a Lei inteira (incluindo os Dez Mandamentos) tem exatamente estes aspectos: divino e humano. Poderia ser de outra forma? Não! Então vou apenas expor como entendo esta “divisão”:
1. Como Jesus não disse que estes dois mandamentos resumiam “apenas” os Dez Mandamentos, mas sim toda a Lei e também tudo que foi dito pelos profetas, usar este texto para este fim não me parece coerente;
2. Não sou numerólogo (ou algo do tipo) mas é certo que os números na Bíblia têm algum significado além do próprio número. Podemos citar muitos exemplos como o 666 que é muito conhecido, mas vamos focar aqui nos números que interessam. O número quatro (entenda também seus múltiplos de dez, cem, etc.) é, quase sempre, associado a algum tipo de sofrimento, como podemos ver, por exemplo, nas passagens de Gn. 7:4 e 15:13. O número seis é geralmente ligado a algo imperfeito ou que quer se tornar perfeito sem depender de Deus; vemos este número ligado ao diabo, ao pecado e ao homem, bem como àquilo que é contrário a Deus. Enquanto que três é ligado a completude e sete a perfeição. Me parece muito mais certo que a “divisão” dos mandamentos nas tábuas então sejam três e sete ao invés de quatro e seis;
3. O centro da questão então é o quarto mandamento que fala sobre o sábado. Sobre o porquê dele, no meu entender, estar relacionado ao homem e não a Deus falaremos em momento oportuno;
4. O primeiro mandamento que Jesus citou não faz parte do Decálogo, mas da exposição posterior feita por Moisés ao povo de Israel na qual ele os encoraja a obedecer a Lei.

Um e não dois
Para entendermos porque seria apenas um e não dois mandamentos temos que entender o sentido exato de uma palavra e de uma expressão. A palavra referida é “semelhança”. Da forma que utilizamos no cotidiano seria que algo é parecido com outra coisa. Olhando para a sinonímia vemos que pode ser parecido ou que está no mesmo grupo de coisas; por exemplo, todos os triângulos são semelhantes, pois são todos triângulos e todos os triângulos tem algo em comum. Para a Matemática, no entanto, é um pouco diferente. Para que duas figuras sejam semelhantes elas têm que ter as mesmas propriedades e devem variar apenas na proporção ou posição; assim os triângulos podem ser diferentes entre si.
E este é o exato sentido que Jesus atribuiu ao dizer estas palavras. Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo estão separados apenas por uma questão de proporção e posição. Por proporção porque temos que amar a Deus mais que tudo e todos e por posição porque não podemos amar a Deus sem amar ao próximo. "Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." [I Jo. 4:20]. Vedes que os dois são totalmente dependentes? Não é possível amar a Deus sem amar ao próximo e não é possível amar ao próximo sem amar a Deus.

O grande mandamento
Qual seria então o grande mandamento? A resposta é bem obvia e você até já a sabe: amar é o grande mandamento. Mas as palavras de Jesus nos remetem a algo mais e para isso precisamos nos deter sobre a expressão que mencionamos acima. Esta é: “toda a Lei e os Profetas”. Não foi a primeira vez que Jesus usou esta expressão. Podemos vê-la nas passagens de Mt. 5:17; 7:12 e 11:13. E em todas estas passagens Jesus está se referindo, direta ou indiretamente, a Ele mesmo. Como já dissemos anteriormente toda a Escritura (isso inclui, logicamente, a Lei e os Profetas) apontam para Cristo; e Cristo é a expressão exata de Deus (10 de Janeiro de 2017) [Hb. 1:1-3]. Como Deus é amor [I Jo 4:8b] e o amor é o grande mandamento; então Jesus Cristo é o grande mandamento, porque o amor de Deus é Jesus [Rm. 8:39b].

Os aguardamos nas próximas postagens.

"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." [Jo. 3:16].
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva

Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

¤ Os Dez Mandamentos, na interpretação de Jesus ¤

¤ Introdução ¤
» 20 de outubro de 2017

Objetivo desta postagem
Esta série de postagens já vinha em nossos planos há algum tempo e pelo que dissemos na postagem anterior (que pode ser lida aqui) e ainda pelo assunto que será tratado na próxima postagem de “As Aparentes Contradições da Bíblia” elas agora se fazem necessárias. Agradecemos a Deus por esta oportunidade.
Dissemos, na postagem mencionada acima, que Jesus não veio para mudar a Lei Moral de Deus, mas, apesar de não ter ainda estudado todos os aspectos da Lei, creio que Jesus não veio fazer suspensões em qualquer parte da Lei de Deus. É certo que Ele fez algumas modificações, por exemplo, a lei que instituía a Páscoa foi “transformada” na Santa Ceia. Essa mudança, no entanto, foi apenas na forma do rito, mas o significado permaneceu inalterado [Hb. 10:1]. Tanto um como o outro lembram a libertação da escravidão, o livramento da morte devido ao sangue do cordeiro e a anunciação da vinda de Cristo. Assim, penso que não estaria equivocado se tivesse abrangido toda a Lei ao invés de ter especificado apenas a Lei Moral.
Aqui faremos um breve apanhado histórico sobre leis, por que a Lei de Deus foi necessária e como o mundo A vê. Mas nosso foco principal será como Jesus abordou alguns pontos da Lei e, especialmente, dos Dez Mandamentos e como ele os deixou como “novo mandamento” para seguirmos. Esperamos em Deus que a leitura seja rica para você.
O que são leis?
Para entendermos bem o que será tratado aqui é indispensável que pensemos um pouco em o que são as leis, como surgem e para que servem. É certo que todos vocês já devem saber as respostas, mas precisamos de alguns dados e por isso vamos gastar um pouco de vosso tempo com isso.
Leis são um “conjunto de regras advindas dos costumes, tradições e convenções de uma determinada cultura” (Houaiss). As leis existem em todos os aspectos da natureza [Hb. 1:1-3a, 10]. René Descartes (1596-1650) escreveu em seu livro “Discurso do Método” (ou “Discurso sobre o método”) que, ao realizar seus estudos, havia notado certas leis estabelecidas por Deus na natureza, como Ele tinha nos “imprimido” noções sobre elas e que, após “refletir bem sobre elas, não podemos duvidar de que sejam exatamente observadas em tudo o que existe ou se faz no mundo” (DESCARTES, pág. 47) e “é certo, e é opinião comumente aceita entre os teólogos, que a ação pela qual agora ele o conserva é exatamente a mesma pela qual o criou; de maneira que, mesmo que não lhe tivesse dado no começo outra forma que não a do caos, contando que, tendo estabelecido as leis da natureza, ele lhe prestasse seu concurso para agir como é de seu costume, pode-se acreditar, sem lesar o milagre da criação, que só por isso todas as coisas puramente materiais poderiam, com o tempo, tornar-se tais como as vemos no presente...” (DESCARTES, pág. 51 e 52).
As leis também são inerentes ao homem, viva ele sozinho ou em sociedade. Sun Tzu, em “A Arte da Guerra”, disse que até na guerra há lei. Inicialmente essas leis, das formadas pelo homem, eram como as que temos em nossos lares hoje. Eram estabelecidas pelo patriarca e cada nova família tinha suas próprias leis e eram passadas de forma oral e modelar para as novas gerações. Mas antes de alguma lei feita pelo homem Deus o deu apenas uma: “... De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” [Gn 2:16-17] e foi suficiente para o homem se rebelar contra Ele. Notemos que esta lei já era perfeita. Era composta por direito (“de toda árvore ... comerás livremente”), dever (“mas da árvore do conhecimento ... não comerás”) e sanção (“porque, ... no dia em que ... comeres, ... morrerás”). Com o crescimento populacional as famílias se tornaram em cidades nas quais se fez necessário o surgimento de líderes e estes, para manter a ordem e a paz, precisavam de leis que limitassem a liberdade individual em favor do bom convívio social. São estas últimas que nos interessa aqui.
Para entendermos como as leis dos governantes eram aceitas por todos temos que saber que há três coisas que o homem raramente deixará de ser: social, político e religioso (em nossas faculdades esta terceira é retirada e ignorada, mas não há dúvidas de que todos creem em algo; até quem não crer tem que ter fé sempre que não dispor de meios para provar). E é nestes três aspectos que os governantes se baseavam para que suas leis fossem aceitas. Davam uma ideia de segurança social agindo de forma política e buscando na religião o poder necessário para que elas fossem aceitas, já que os poderes dos deuses estavam acima de qualquer outro. Gostaria de ressaltar que apesar da grande influência que a religião tinha sobre as pessoas eram mais comuns os governantes se dizerem deuses, descendentes dos deuses ou seus representantes do que os sacerdotes, que estavam “em contato” com os deuses, serem colocados como governantes. Há raros casos, e ao menos nos que li a respeito, em que “sacerdotes” se tornaram governantes por alguma artimanha contra o regente.
É bom também termos em mente que não se pode satisfazer as vontades de todos e, assim, alguns serão contrariados e ficarão insatisfeitos. Se todos os interesses forem ser respeitados não haverá lei alguma pois sempre haverá uma lei que entrará em conflito com outra. Descartes nos alerta que “a multiplicidade de leis freqüentemente fornece desculpas aos vícios” (DESCARTES, pág. 22). Assim se todos tiverem direito a tudo na verdade o que resta é apenas dever ou direito algum.

Um breve histórico das primeiras leis escritas
Com a invenção da escrita as leis passaram a ter ainda mais importância. A mais antiga constituição encontrada é de um rei sumério e é datada de aproximadamente 2.100 a.C. Basicamente era voltada para garantir o desenvolvimento econômico da cidade e através da reparação financeira buscava inibir conflitos (4.000 anos se passaram e quando a lei acerta diretamente no bolso ainda dói mais que quando afeta a carne). O achado mais famoso é de cerca de 1.700 a.C. de um rei babilônico chamado Hamurabi. Era uma lei composta por 282 artigos, escritos em pedra, e bem mais ampla que todas as existentes até então. Era constituída inteiramente de descrições de crimes e punições. O princípio básico era a conhecida “lei de talião” onde a pena para um crime era igual ou pior que o próprio crime cometido. Através do rigor da pena se tentava evitar os delitos e a (sempre sem fim) vingança. Apesar de algumas semelhanças com a lei judaica as diferenças são tão grandes e evidentes que não faz sentido dizer que esta última teve a primeira por base. No máximo pode ser dito que havia um senso comum geral sobre que as penas tinham que ser tão pesadas quanto os crimes. Não é nosso objetivo aqui analisar cada um dos 613 preceitos que compõem a Lei de Moisés e nem de fazer um comparativo com as demais, mas, só para mostrar a importância dela, foi nela que surgiu pela primeira vez a noção de direito; seguindo o mesmo princípio da primeira lei dada por Deus e sobre a qual falamos mais acima.

O contexto sociocultural na entrega da Lei de Deus
O povo de Israel começou com um chamado e uma promessa de Deus à Abraão. Uma futura nação saída de outra nação, com leis, costumes e cultura, e que passou por vários outros povos, cada qual com suas leis, costumes e culturas. No Egito aumentaram em número [Ex. 1:7; At. 7:17] até o dia que de lá saíram [Ex. 12:28-40]. Tudo que conheciam, na ocasião, era proveniente daquela civilização. Não tinham cultura própria. As únicas coisas que lhes distinguiam daquele povo eram suas origens e algumas histórias que talvez não mais fizessem sentido. Quando foram libertados da escravidão a que eram submetidos estavam dispostos a viver como àqueles que os escravizaram. Cultuar seus deuses, comer o que comiam, vestir o que vestiam, em suma, viver como eles viviam. Vemos nas narrativas do Êxodo como em muitos momentos se voltavam para as coisas egípcias e como muitas vezes desejaram não ter de lá saído [Ex. 14:11-12; 16:3; 17:3; 32:1-10; Nm. 11:5-20; 14:1-4; 20:1-5; 21:4-5; Dt. 9:7-12]. Foram libertos da escravidão, mas ainda eram escravos!
Então Deus, que os havia salvo, lhes deu novas leis. Leis estas que apontavam para um único caminho: o único Deus!
Alguém pode dizer que apenas trocaram uma escravidão por outra, mas tal pensamento não poderia estar mais equivocado. O fato é que Deus lhes deu a liberdade física e intelectual. Não eram mais dependentes dos egípcios. Agora eram uma nação única; com leis próprias e prontos para construir sua própria cultura. Eram o povo escolhido e liberto pelo próprio Deus!
Foi neste cenário, diante de grandes manifestações de poder divino em todo o trajeto que fizeram até chegar a terra prometida e de grande conflito interior por parte de um povo que saía da “zona de conforto” e abandonava tudo que conhecia, que Deus lhes deu a Lei.

A Lei de Deus é superior as demais leis
Deixemos Descartes explicar o motivo: “... os povos que, tendo sido outrora semisselvagens e tendo-se civilizado apenas pouco a pouco, foram fazendo suas leis somente à medida que a incomodidade dos crimes e das querelas a isso os forçou não poderiam ser tão bem policiados como aqueles que, desde o momento em que se reuniram, observaram as constituições de um prudente legislador. Como é muito certo que o estado da verdadeira religião, cujos mandamentos Deus fez sozinho, deve ser incomparavelmente mais bem regulamentado que todos os outros. E, para falar das coisas humanas, acredito que, se Esparta foi outrora tão fluorescente, não foi por causa da bondade de cada uma de suas leis em particular, visto que muitas eram muito estranhas e até contrárias aos bons costumes; mas foi porque, tendo sido inventadas por um só indivíduo, todas tendiam ao mesmo fim” (DESCARTES, pág. 16 e 17).
De sorte que sendo feita por Deus, cuja vontade é boa, agradável e perfeita e levando em consideração Seu alto padrão moral, só poderia ser uma Lei perfeita [Rm. 12:2; Sl. 19:7; Tg. 1:25].

A Lei de Deus = Lei de Moisés
Apesar de algumas vezes utilizarmos as duas expressões para indicar partes diferentes da Lei temos que saber que a Lei de Deus e a Lei de Moisés são apenas uma e não duas distintas. Vemos no cap. 8 de Neemias que usavam os dois nomes para se referirem a mesma Lei. Vemos que Lucas, em 2:22-23, cita um dos preceitos se referindo a ele pelos dois nomes. Ainda em Mateus 5:17-20 vemos que Jesus veio cumprir TODA a Lei e os Profetas, não apenas os Dez Mandamentos, e Paulo, que estudou com os fariseus, conhecidos pelo seu grande zelo à toda a Lei, quando fala que a Lei é boa [Rm. 7:12], apesar de ter citado como exemplo o décimo mandamento do Decálogo, ele se refere a Lei inteira. De sorte que quem defende a justificação pela observância da Lei deve fazê-la completa. Já fizemos uma pequena abordagem sobre a visão de Jesus para quem o faz na postagem que se pode ser lida aqui.

A Lei de Deus é dura?
Para responder esta pergunta precisamos pensar na resposta de outras três: 1. Para quem qualquer lei tem duras sanções?; 2. Para que serve uma lei que não tem sanções? e; 3. De que serve a lei se não há quem a fiscalize e execute?
Da forma que entendo uma lei só é dura quando não é justa. Vejamos as palavras de Paulo em sua carta a Timóteo, em 1:8-10: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina...”. Quem não infringe leis não tem que se preocupar com suas sanções. Não há penalidade para quem não as transgride. De sorte que a lei só é dura para um tipo de pessoa.
Já vimos antes que devia ser senso comum na época que as penas tinham que serem iguais ou mais severas que os crimes cometidos e isso é bem fácil de entender. Vejamos um exemplo hipotético do nosso cenário brasileiro atual: Digamos que você, com muito trabalho, comprou um celular de última geração. Um dia qualquer você é assaltado. O bandido vende seu celular por algum valor e logo depois é preso. Ele não é obrigado a lhe devolver o aparelho e nem mesmo o valor que ele pegou na venda do produto. O estado, que é responsável por sua segurança (Art. 144, da Constituição Federal de 1988), também não vai lhe indenizar; ou seja, você arcar sozinho com o prejuízo. Era de se esperar ao menos que o rapace “pague” pelo crime com a perda da liberdade, certo? Quem sabe não seria justo que ele tivesse a liberdade e direitos retirados ao menos pelo tempo que você vai levar para pagar o que lhe foi furtado e terminar de pagar pelo novo? Bem, se ele chegar a ser preso terá: 1. Acesso a um workshop intensivo de onde sairá melhor preparado para lhe roubar novamente; 2. Segurança do estado financiada por você; 3. Refeições balanceadas por uma nutricionista (coisa que você não tem); 4. Escola; 5. Lazer e; 6. Em não raros casos, direito a indenização mensal maior que o seu salário de um mês de trabalho.
Agora quer saber qual a possibilidade dele cometer crimes novamente? Não preciso responder, certo? E nesta perspectiva as leis no Brasil têm sido duras para quem mais além das vítimas?
Agora vamos voltar a pergunta principal: a Lei de Deus é dura? Sim, é dura para quem pecar, “porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” [Rm. 6:23]. Temos que entender que Deus separou para Si um povo que devia ser diferente dos demais povos; um povo santo, zeloso de boas obras [Dt. 14:2; Tt. 2:14].

A Lei de Deus e a Salvação
Para sermos salvos temos que cumprir a Lei? Paulo escreveu: "Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado." [Rm. 3:19-20]. "Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás." [Rm. 7:7]. E "Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor." [Rm. 5:20-21]. "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?" [Rm. 6:1-2]. "Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados. Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados." [Rm. 2:12-13]. Temos então um paradoxo? Decerto que não. O que Paulo nos diz é que não é possível sermos salvos por cumprir a Lei, porque não podemos fazê-lo, mas é o cumprimento da Lei que salva. E o cumprimento da Lei é Cristo [Mateus 5:17-20]. Portanto a única forma de sermos salvos é através de Cristo.

Então, independente do que eu fizer não peco mais?
Não. "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. .... Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo." [I Jo. 3:4-8] de forma que não é possível estarmos em Cristo e vivermos pecando. Assim com quem não é de Cristo não pode viver sem pecar, independente de conhecer ou não a Lei de Deus.

E se eventualmente eu pecar?
"Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;" [1Jo. 2:1] "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." [I Jo. 1:9]. Aleluia!!!

A sociedade moderna e a Lei de Deus
Há, decerto, na sociedade secular de todos os tempos e, em especial, do nosso, um desprezo generalizado do que é divino no pensamento do homem, mas vários aspectos d’Ela aparecem nas mais diversas sociedades e são aceitas. Podemos então dizer que o mundo aceita o que tem relevância material e rejeita o que é espiritual. Ignoram, entretanto, que todo Seu aspecto espiritual afeta diretamente o material e o material afeta o espiritual. Não são disjuntos.
A humanidade quer de qualquer forma tonar Deus inexistente e assim colocar Sua Lei a valer menos que nada. Acreditam que sem a Lei de Deus estarão livres. Ledo engano! Quem pega descuidadamente em uma rosa, mesmo que não a conheça ou ignore conhece-la, fatalmente terá sua carne perfurada por espinhos.
Como mostramos anteriormente a Lei nos mostra o que é pecado. Não a conhecer ou não a aceitar apenas nos torna pecadores ignorantes. Como lemos, em Rm. 2:12: “todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão”. Portanto não há liberdade para pecar ... pois, tendo Deus concedido a cada um de nós alguma luz para discernir o verdadeiro do falso” (DESCARTES, pág. 32), ou seja, o certo do errado, e mesmo que você busque as mais verdadeiras desculpas, sua consciência ainda lhe acusará, e isso é suficiente para sabermos que somos condenados. Deus "...é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente ..." [Na. 1:3 - ACF]. Só há então uma forma de estar livre: "Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão." [Gl. 2:19-21], "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." [Jo. 8:36].
E apesar da humanidade rejeitar a Lei de Deus e a Jesus, o Cristo, como libertador, ainda espera por alguém, surgido do meio social ou político, que a torne livre através de leis boas e justas. Podemos ver no poema “A Taba da Sarvação”, de Jessier Quirino (que apesar de buscar dar uma forma bem-humorada ao poema, não deixa de retratar a realidade) que a sociedade espera por esse libertador e essa lei que os dará liberdade mesmo sendo decepcionados e vendo que cada vez mais as coisas vão de mal a pior.

Jesus e a Lei de Deus
Já falamos na postagem de 04 de setembro de 2017 como Jesus veio para cumprir e completar a Lei, não para modifica-la ou revoga-la. Nas próximas postagens vamos tratar de algumas partes da Lei e dos Dez Mandamentos que Ele tenha mencionado, revalidando-as ou reinterpretando-as. Apesar de não termos nas Escrituras Sagradas narrativas de Jesus mencionando mais aspectos da Lei além dos que temos não quer dizer que Ele não o tenha feito. Os escritores não mencionaram nem todas as palavras nem todos os feitos do Cristo [Jo. 21:25]. Também devemos ter em mente, como já dissemos antes, que algumas coisas descritas na Lei não são mais para serem realizadas em ritos da forma que está lá descrita, mas seus princípios continuam válidos. Vamos citar por exemplo os sacrifícios. Não nos é mais necessário os fazer, porque o sacrifício eterno e perfeito já foi realizado. O sacrifício descrito na Lei foi realizado uma única vez por todas [Hb. 7:26-27; 9:26; 10:1-18] e agora o sacrifício que oferecemos é o de louvarmos a Deus com nossas vidas [Hb. 13:15-16; Rm. 12:1; 6:13; I Pe. 2:5]. Veremos os motivos de Jesus ter reinterpretado alguns pontos da Lei. Era necessário pois havia (e ainda há) uma interpretação equivocada ou em um ponto em que a tradição humana tem mais valor que o mandamento de Deus. E este foi um dos pontos combatidos por Jesus [Mt. 15:3, 6; Mc. 7:8, 9, 13]. Então, até as próximas postagens.

"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." [Rm. 12:1-2].
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Carta ao youtuber Felipe Neto

♪ Cuidado com o que ouve! ♫ (04 de setembro de 2017)
Apesar de não ser música resolvemos fazer esta postagem nesta série (que será a terceira) por se tratar do que vimos em uma mídia digital e saber do grande poder de influenciar as pessoas que este meio de comunicação tem. Este texto deve ser visto como sendo uma carta ao youtuber Felipe Neto motivada por uma de suas apresentações a qual foi gravada e é exibida pela Netflix. Espero que um dia ele e aqueles que assistiram ao espetáculo a possam ler.
Sr. Felipe Neto, tive a oportunidade de ver na Netflix a gravação de uma de suas apresentações. Ela me foi indicada pelo próprio sistema pois havia assistido a uma apresentação do falecido Richard Pryor. Acreditei que se tratava de uma comédia satírica (entendo comédia, no teatro, como o antônimo que realmente é da tragédia) devido ao título (“Minha vida não faz sentido”), mas ainda bem que você alerta logo no início que se tratava apenas de algo ofensivo a quem assisti. Se alguém achasse alguma graça nisso, um tanto melhor, certo? O aviso até é válido para quem, como eu, estava vendo pelo computador pois podia desistir de imediato e ir fazer alguma coisa mais produtiva, mas fiquei condoído com o público que havia pago para estar no teatro e teve que ficar e assistir. Também sou curioso para saber porque alguém investe em produções ruins. Assim de vez em quando assisto um filme que até o título faz desistir, por exemplo, para ver se há algo de bom, alguma ideia nova, que valha o investimento. Apesar de geralmente ser somente ruim mesmo, às vezes acontece de ter alguma sacada legal. E assistir sua peça valeu a pena pois está nos dando a oportunidade de aprendermos um pouco sobre algumas coisas. Assim, indo até perto do final de sua apresentação, mais especificamente após 1h e 10 min, você começa a falar sobre homossexualismo e sobre as Escrituras Sagradas e são nestes pontos que gostaria de lhe mostrar alguns equívocos em suas falas e esclarecer alguns pontos. Pode até parecer coincidência, mas a cerca de um ano atrás, na postagem anterior desta série (que pode ser lida aqui), disse que voltaria a falar sobre o assunto de relacionamentos e este assunto se encaixa. Entendo que Deus está me dando a oportunidade de falar um pouco sobre este tema que é tão polêmico. Desde já quero deixar claro que não é nossa intenção lhe ofender ou a qualquer outra pessoa. Queremos apenas expor nosso ponto de vista, baseados em princípios bíblicos e recursos da própria linguagem, sobre os pontos que você abordou na sua obra.
Fiquei muito triste ao lhe ouvir dizer que o Dep. Marcos Feliciano não foi capaz de defender sua posição, não pelo fato dele ser pastor de uma grande igreja, mas por que ele esteve a bem pouco tempo como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e queria tornar possível que os homossexuais que não estivessem satisfeitos com sua situação pudessem buscar ajuda profissional. Não quero entrar no mérito disso estar certo ou errado, mas esperava que ele pelo menos pudesse sustentar argumentos convincentes para defender sua posição. Não tive oportunidade de ver o vídeo do debate entre vocês, mas, pelo seu comentário, não vai valer a pena assistir. Sendo assim e voltado apenas para o que vi em sua apresentação, a qual já fizemos referência, quero aqui tentar lhe explicar os pontos em que você fez abordagens equivocadas ou concebeu ideia incompletas ou erradas. O texto vai ficar um pouco longo, mas seja compreensivo (você falou por um bom tempo sobre isso). Vamos começar então:
1. Homofobia: Você usou este termo, mas não o definiu. Acredito que imagine que sua definição está correta e que todos entendam da mesma forma, mas o que temos percebido ao conversar com as pessoas é que sua definição ainda não foi bem assimilada. Muitas pessoas ainda não sabem ao certo o que realmente quer dizer e ainda há algumas dúvidas. Isso também porque os próprios meios disponíveis para buscarmos uma definição também tem algumas variações entre elas. Pegamos três delas para termos uma visão geral e abordarmos sem fugir delas. São:
I. Dicionário Houaiss: “rejeição ou aversão a quem é homossexual e à homossexualidade”;
II. Dicio (Dicionário Online de Português): “repulsão aos homossexuais; ódio aos homossexuais, geralmente, demonstrado através de violência física e/ou verbal”;
III. Significados (http://significados.com.br): “(homo = prefixo de homossexual; fobia = do grego phobos, que significa ‘medo’, ‘aversão’) é aversão irreprimível, repugnância, medo, ódio, preconceito que algumas pessoas, ou grupos, nutrem contra os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais”.
Só para esclarecermos o que é preconceito antes de continuarmos, segundo o Houaiss, é “qualquer opinião ou sentimento, quer favorável, quer desfavorável, concebido sem exame crítico”. Esperamos que entendam que não há preconceito ou desejo de ofender a ninguém nesta postagem, mas sim a vontade de mostrar a verdade em contraponto as falsas verdades que foram por você apresentadas e também das circulam atualmente nas mídias.
Como podemos ver por quaisquer destes significados não pode ser dito que a Igreja de Cristo seja homofóbica pois o que temos contestado é a prática do homossexualismo e não o indivíduo. A estes temos o maior respeito como temos por todos. Um verdadeiro Cristão nunca tratará outra pessoa com violência gratuita. Não concordar e ser homofóbico são coisas totalmente distintas como pudemos ver pelos significados acima. Sei que tens argumentos e os abordaremos mais à frente. Tentaremos mostrar nesta postagem que são errados assim como as ideias que a mídia (principalmente) tem tentado implantar na sociedade inteira.
2. Você deixou de ser homofóbico? - Você disse ter deixado de ser homofóbico e ter melhorado, como você disse: “com orgulho”; vale ressaltar, quanto a homofobia, no entanto, durante toda a sua apresentação você faz trejeitos próprios de algumas pessoas que se incluem entre os homossexuais. Seu intuito é claro: fazer graça debochando dos outros! Você ridiculariza as outras pessoas. Fez isso em vários momentos com um rapaz da plateia sem necessidade alguma. Então, do seu ponto de vista, isto não é homofóbico, mas, os Cristãos, que os tratam com seriedade e respeito, são homofóbicos? Somos tidos como homofóbicos por defender uma crença que não compartilha tais práticas, e isso sem violência alguma, digamos de passagem. Seus argumentos sobre isso também serão abordados nesta postagem. Qualquer pessoa pode discordar de quem fuma, por exemplo. Para nós o princípio é o mesmo e da mesma forma vocês discordam de nós e, só para lembrar, muitas vezes são bem ofensivos e violentos em suas “críticas”.
3. Sua fala: “Os homens heterossexuais consideram os homossexuais inferiores”: O contexto que você usa essa frase é quando um homem ofende a outro o chamando de gay. É claro que isso não deve ser feito mesmo que involuntariamente, pela “força do hábito”. Mas apesar de parecer isso, tenho certeza que não passa pela cabeça de ninguém que eles sejam mais indignos ou inferiores (talvez passe pela cabeça de alguém, mas isso independe de sua crença). Falando por mim é exatamente ao contrário. Farei aqui das palavras de São Paulo as minhas próprias palavras: “Fiel é a Palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal[I Tm. 1:15, grifo nosso], ou seja, me considero mais pecador que todos os outros homens, por isso preciso de Cristo. Certa feita criticaram a Jesus porquê ele estava o tempo todo entre os pecadores, aos quais Ele respondeu dizendo algo como “quem acha que está saudável não procura o médico, mas os doentes, estes vêm a mim e eu lhes curo”. Jesus trocou o fardo comigo. A cruz que hoje carrego é leve, pois a cruz pesada, sobrecarregada com meus pecados foi Ele quem levou, a lavou com seu sangue, pegou todo aquele jugo e o lançou nas profundezas do mar e jamais se lembrará deles. [Mt. 9:12-13; Mt. 11:30; Mt. 16:24; Mc. 2:17; Lc. 5:31-32; Ef. 1:7; Mq. 7:19; Jr. 31:34]. Quanto a forma de falar, a qual você acusa os heterossexuais, os próprios homossexuais “se xingam” chamando uns aos outros de bicha, fresco, etc. Não é uma questão de menosprezar a pessoa, como já dissemos. Durante seu show você usou vários termos como forma de xingamento. Usou partes do corpo, chamou de burro, de animal e outras coisas. Não acredito que se ache que essas “coisas” são ruins ou inferiores, é apenas vício de linguagem, que com os devidos cuidados podem ser evitados. O motivo de se usar tais palavras como xingamento é o mesmo que leva a se colocar apelidos: se a pessoa se ofender, aí pega. Como você disse, ser “viado ou mulherzinha” não é ser inferior a ninguém, mas é pejorativo para quem não é. Se você chamar alguma mulher de velha, com a clara intenção de xingar, ela irá se ofender independentemente de sua idade. O problema não é “de que” chame, mas “como” chame. Estava até bem pouco tempo passando um comercial na TV que ilustrava bem isso. Mas vamos encerrar aqui esse ponto pois temos muita coisa para tratar.
4. Você disse que pode criticar música sertaneja e não homossexualismo - seu argumento é que ser homossexual é uma condição humana e não uma condição decorrente de uma escolha. Falaremos mais sobre este ponto mais à frente, em outros argumentos utilizados por você. Neste ponto só quero mostrar o equívoco que se está tentando induzir toda a sociedade: orientação de gênero como algo não opcional. Estão tentando fazer com que todos acreditem que a “orientação sexual” de cada indivíduo é uma condição imposta. Isto parece cada vez mais evidente já que a imprensa tem, a cerca de 10 anos, “caçado” casos de crianças que se comportam como sendo do sexo oposto e faz relatos que chegam a parecer que isso acontece frequentemente e em grande parte da população. A ciência tem buscado validar essa possibilidade através da genética e estudos sobre o funcionamento do cérebro. E a verdade é que não encontraram nada de concreto pois, se o tivessem encontrado, já teriam divulgado com estrondoso alarde. Não quero ser taxativo sobre o assunto, mas, mais a frente, quando você usa Jesus em seus argumentos, voltamos a este assunto à luz da Bíblia, que para nós é a única regra de fé e prática. Por hora vamos procurar entender o que é “orientação”. Veja que qualquer tipo de orientação predispõe uma escolha, ou seja, lhe dá opções a serem escolhidas. Orientação educacional é um teste que indica qual ramo educacional você teria mais facilidade para aprender. Você segue a orientação ou não. Veja que há uma escolha envolvida. Orientação profissional é um teste que lhe indica qual trabalho se encaixa melhor em seu perfil. Você aceita ou não. Novamente há uma escolha. Se você perguntar a alguém como chegar a algum lugar, ao final da orientação dada, você tem ao menos uma escolha. Acredita ou não? Vai ou não? Há escolhas envolvidas em qualquer orientação e com a sexual não é diferente. Mesmo que haja uma predisposição chegará um tempo em que a pessoa deverá escolher. Vivo como homossexual ou não? Não estou aqui dizendo que é uma escolha fácil. Geralmente escolhas que tem grandes consequências não são fáceis de serem tomadas, pois independente da opção escolhida sempre haverá ganhos e perdas. Cabe a nós saber o que tem maior valor. E aqui já lhe advirto: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?" [Lc. 9:25].
5. Sua frase em uma simulação de conversa com um amigo: “Me mostre um único gay na história do mundo que um dia acordou e disse que ia fazer sexo oral (nos permita usar aqui um termo menos vulgar do que o que você usou) com outro homem”: Isso é pra fazer graça, né? Será que algum heterossexual já pensou em sexo? Será que alguém que fuma já acordou e pensou em fumar? Será que um suicida já acordou um dia e disse: “hoje eu me mato”, e realmente se matou neste dia? Vamos para o próximo ponto que é melhor.
6. Sua frase sob o mesmo contexto: “Por dentro você pode ser o que você quiser. Agora o que você tem a falar, a botar pra fora, tirar dessa imundícia que você chama de alma e botar pra fora é preconceituoso e opressor com condições humanas, essências humanas, não manifestações e nem opiniões... tem que calar a boca e não contaminar a sociedade com a sua intolerância” - Para começar a mostrar que sua forma de pensar é que não faz muito sentido gostaria de contrapor esta frase com algumas palavras de Jesus: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração” [Mt. 12:34]. Para iniciarmos também o caminho das contradições não apenas sob a luz da Palavra de Deus mas também sobre a própria língua você diz para seu amigo “não contaminar a sociedade com a sua intolerância” em relação aos homossexuais, mas intolerância tem por significado, segundo o Houaiss: “intransigência com relação a opiniões, atitudes, crenças, modo de ser que reprovamos ou julgamos falsos; comportamento daquele que reprime por meio de coação ou da força as ideias que desaprova” (grifo nosso). Veja que todas as palavras grifadas são vinculadas às coisas que você disse que podiam ser censuradas e pretendemos mostrar que “orientação sexual” é algo escolhido e não imposto. Ah! Antes que você diga: “é mais no significado tem o modo de ser que você fez questão de não grifar”. Acontece que modo de ser também remete a uma escolha. Pode conferir o significado em sites como a Infopédia.pt ou o Dicionário Informal ou em qualquer outro dicionário que lhe permita busca por expressão. E ainda se você quiser se defender dizendo que esta intolerância é como a intolerância racial, saiba que intolerância racial é a persistência do racismo; e racismo é um conceito, ou seja, uma ideia.
7. Você usa sentimentos e desejos para defender que ser homossexual não é uma escolha pois são decorrentes de reações do corpo humano na puberdade, as quais o adolescente não tem qualquer controle ou escolha - Este seu argumento tem vários erros:
a. Isso só seria verdadeiro se todos os homossexuais “surgissem” na adolescência e é senso comum que isto não é verdade. Há alguns casos que estão sendo tidos, pela ciência, como “de nascimento” enquanto outros, muitos outros, só acontecem bem depois, alguns até na terceira idade, não há padrão e, a nosso ver, é porque cada pessoa escolhe quando. Você pode até tentar argumentar com frases do tipo: “era gay e não sabia”, “estava escondido no armário” e outras do gênero, mas você sabe que tais frases não são verdadeiras. Há quem se considerasse hétero até idades bastante variadas e por motivos diferentes dos hormônios da adolescência se tornaram homossexuais;
b. Usou a frase: “Como alguém pode afirmar que homossexualidade é uma escolha humana? Como alguém pode ser burro o suficiente para afirmar uma merda dessa?” - Eu posso lhe fazer a mesma pergunta de forma negativa. Se você ainda não sabe, homossexualidade não é uma condição humana. É uma condição do homossexual, e este, segundo o Houaiss, é “mantido por indivíduos do mesmo sexo (diz-se de relacionamento sexual); que ou aquele que sente atração sexual e/ou mantém relação amorosa e/ou sexual com indivíduo do mesmo sexo”. Percebe o tamanho da sua gafe?
c. Você usou a frase: “o ser humano é incapaz de escolher por quem sente atração”. Você até pode dizer que o termo “atração” está no significado que acabei de citar, mas a primeira atração que sentimos por outrem não é sexual, e, portanto, não pode ser homossexual. Para melhor entendimento vamos montar um panorama geral de um “estado atrativo”. Sabemos que a atração se dá por uma qualidade no outro que nos é perceptível e a qual valorizamos. Aqui já temos o primeiro ponto: valorização de qualidades. Se valorizamos é porque já montamos, anteriormente, toda uma estrutura conceitual. Já adaptamos nosso cérebro a reconhecer aquilo que mais valorizamos. Há um processo de escolha bem definida. Agora vamos colocar “um corpo bonito e atlético” como qualidade mais valorizada, ou seja, de maior peso conceitual. Desta forma sempre que vermos alguém com tal atributo seremos atraídos. Veja que há uma predisposição, organizada e concebida. Se estipular valores gerais não será feita escolha por gênero e você se sentira atraído por qualquer pessoa com estes atributos. Agora vamos fazer uma “restruturação” e digamos que “olhos bonitos” é a qualidade de maior peso. Quem, em estado normal, vê lindo olhos e pensa em sexo? Além disso, da primeira atração até o relacionamento há um longo caminho. Todos temos uma extensa relação de qualidades que procuramos no outro e defeitos que não toleramos. Nosso cérebro sempre faz um cálculo somando e subtraindo “pesos concedidos” e quando os defeitos são “mais pesados” que as virtudes ele nos avisa que o relacionamento não vai dar certo. Infelizmente algumas vezes (para não dizer geralmente) somos teimosos demais, insistimos e sofremos. As vezes achamos que podemos mudar alguns defeitos do outro e fazer com que as qualidades ultrapassem os defeitos na esperança de um bom relacionamento e erramos, principalmente, porque não podemos mudar ninguém. Apenas Deus pode fazê-lo e para isso é necessário que se permita que Ele o faça.
d. Você diz que não dá pra escolher por que mulher um homem vai sentir desejo sexual - Mas acreditamos que sentirá se começar a ver nela mais qualidades que defeitos. Se a pessoa condicionar seu cérebro para minimizar os pesos dos defeitos e maximizar os das virtudes isso será possível. Na verdade, todos já fazem isso, só que inconscientemente. Estou lhes convidando para fazer um experimento assim como você propôs um no seu show. Bom, esse precisará de bem mais que trinta segundos e de uma boa quantidade de vontade. Se isso não pudesse ser feito haveriam poucos relacionamentos no mundo pois sempre procuramos no outro a proximidade da perfeição; e, diante da impossibilidade de tal, passamos a ser “menos exigentes”. Comece a olhar para uma pessoa e procure só ver nela qualidades e em pouco tempo você terá uma percepção diferente dela. Talvez até “se apaixone”.
e. Agora gostaria de propor duas alegorias:
A. Você presencia, sem ser notado, duas pessoas, F e S, passando por uma situação vexatória quaisquer. Posteriormente você as aborda separadamente e questiona sobre o acontecido. Lhe pergunto: Você acha que as duas pessoas não têm o desejo de mentir? Agora digamos que F minta e S fale a verdade. Lhe pergunto: Quem é a mentirosa das duas?
B. Duas pessoas, B e T, estão em uma mesa de bar bebendo. B bebe uma certa quantidade e percebendo que está começando a ficar ébrio, então diz para T: “Pra mim já deu. Vou embora!”. Como T se recusa a ir e ainda insiste para ele beber mais, ele vai embora e deixa T lá no bar. T fica no bar e bebe até cair. Lhe pergunto: Você acha que B não tinha desejo de ficar lá bebendo até não poder mais? Este cenário se repetindo constantemente a qual dos dois você acha que vão chamar de alcoólatra e dizer que precisa de ajuda?
Trouxe estas duas estorinhas para ilustrar duas coisas: I. Não é o desejo que faz a pessoa, mas suas ações. Todos os desejos do nosso coração são maus e é nossa obrigação dominá-los [Gn. 4:7, 6:5] e; II. Até o ano de 1990 a sociedade tratava a homossexualidade como doença. Nesta época a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a tratar a questão como “opção individual” e não mais como doença. Agora a mídia que convencer a todos que nem opção é mais. Há anos os cientistas vêm procurando uma forma de comprovar que a homossexualidade é genética, mas até o momento não encontraram nada conclusivo. Até fizeram alguns testes com gêmeos univitelinos (disponível aqui, em inglês), ou seja, que possuem o mesmo DNA, e que se sabia que um dos dois era homossexual. Só encontraram 20% de chance genética do outro também ser homossexual os levando a conclusão que o ambiente em que vivem tem muito mais relevância para determinar se serão homossexuais ou não. Estatisticamente falando quatro em cada cinco homossexuais se decidiram devido a influências externas;
8. Você diz que homossexual fica excitado ao ver os órgãos genitais de outro homem - Quanto a isso não podemos dizer nada pois não temos nem conhecimento nem experiência, mas lembre-se que nem todo homossexual é passivo; e os que são apenas ativos não sei se ficam excitados vendo o pênis do outro. Neste ponto vou acreditar em você e não vou discordar;
9. Você argumenta que a Bíblia não pode ser usada para condenar o homossexualismo - Tentarei seguir os pontos na ordem que você os expõe. Obs.: Tratarei aqui a trindade em sua economia.
I. Sua fala: “A Bíblia não pode ser usada para dizer que Deus abomina ou condena a homossexualidade, pelo menos não em 2016, 2017, 2018, etc.” – Isto é um erro crasso. Isto vai ficar evidente a medida que você for expondo seus demais argumentos. Decerto que várias coisas na Bíblia se têm que levar em conta o tempo, costumes sociais, leis e outras coisas, mas nenhuma delas quando se trata de Deus. Vamos entrar em mais detalhes disso mais à frente. Aqui vamos falar um pouco sobre a imutabilidade de Deus. Digo com isto que Deus não muda, seja em:
a. sua natureza [Tg. 1:17]: Deus não muda para pior pois ele é três vezes Santo [Ap. 4:8] e não muda para melhor, pois Ele já é eternamente perfeito [Hc. 1:12, Mt. 5:48; Cl. 3:14];
b. seus atributos (ou seja, suas qualidades): Seu poder, Sua glória, não mudam [Rm. 1:20], Seu conhecimento e sabedoria não mudam [At. 15:18], Seu amor [Jo. 13:1; Rm. 8:35-39; Jr. 31:36], misericórdia e fidelidade [Sl. 100:5] não mudam;
c. Sua palavra [Tt. 1:2]: Seus decretos e planos não mudam [I Cr. 16:14-17; Jó. 23:13; Sl. 33:11, 115:3; Pv. 19:21; Is. 14:24, 46:10];
Em resumo, Deus não mudou nada desde a eternidade e por toda a eternidade. Deus não vai mudar por causa do homem, mas o homem tem que se moldar à vontade d’Ele, pois Sua vontade é boa, agradável e perfeita [Rm. 12:2]. Como você argumentará sobre a obra de Jesus vamos deixar para falar o que mudou com sua vinda quando você o fizer, mas já lhe adianto que todas as mudanças são para o homem e não para Deus ou para Ele mesmo;
II. Sua fala: “A Bíblia é dividida em duas partes: Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT). AT: um texto específico, escrito para uma sociedade muito mais primitiva do que a nossa, que precisava de regras claras, de expressões pesada” – Aqui você acertou apenas uma coisa: Que a Bíblia é um texto específico, escrito para uma sociedade. Só e somente isso. Vamos mostrar o que você errou e como é o certo partindo do fim:
a. “Sociedade que precisava de regras claras, de expressões pesadas”: A sociedade hoje é uma bagunça porque as regras não são claras. Bandidos não ficam presos (quando são), crianças mandam nos pais, dar calote é ser esperto e sertanejo é música (brincadeira, algumas até são boas). O medo que faz é chegar o dia em que estaremos andando na rua e, se dermos sorte de não sermos mortos, sequestrados ou assaltados, vermos o poste fazendo xixi no cachorro. Então lhe pergunto: Quando foi que a sociedade deixou de precisar de “regras claras” e “expressões pesadas”? Ainda há países neste mundo hodierno que tem pena de morte e mutilação para os casos de crimes hediondos. Então quando foi que a sociedade melhorou? A cada ano cresce o número de mortes e de crimes. A cada dia as pessoas são mais egoístas e avarentas. E diante disto tudo apenas uma coisa permanece inalterada: A Palavra de Deus! Podemos sintetizar tudo que dissemos neste parágrafo com uma só frase de Jesus que se encontra em Mateus 24:10-11 – “Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; ... E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos”.
b. “Sociedade primitiva”: pela sua tonalidade e construção entendi que estava se referindo a ela ser atrasada, rude, tosca, rudimentar, sem instrução, ignorante e bárbara (definições do Houaiss). Se não era essa a sua conotação então vá direto para a letra c. abaixo, mas, se era, então saiba que você, novamente, está equivocado. O povo antigo a quem você chama de ignorante tinham conhecimentos que hoje não temos. Citarei apenas dois exemplos: 1. As múmias que, segundo a ciência, algumas tem cerca de sete mil anos e estão em “perfeitas” condições. Hoje quando um corpo é conservado por quatro anos tem isso como milagre, e; 2. Construções romanas de 2.500 anos em que a argamassa fica mais forte ao passar do tempo, enquanto que as de hoje ficam mais fracas. E não podemos esquecer que o conhecimento que temos hoje é fruto de tudo que as sociedades passadas começaram a construir. Você sabe quais as invenções de nossa geração? As da área da computação (que não existiriam sem o conhecimento da geração anterior, que não existiriam sem o conhecimento acumulado durante toda nossa história) e o guarda-chuva pra cachorro (nada contra os bichinhos de estimação. Lá em casa mesmo temos três, sem contar comigo, rsrsrsrs). Então não me venha dizer que as sociedades que contribuíram tanto para a nossa e que tinham conhecimentos os quais não dispomos hoje, mesmo com toda nossa tecnologia, era atrasada ou ignorante.
c. A Bíblia não é dividida em duas partes. Ela FOI dividida em duas partes assim como FOI dividida em capítulos e versículos. Isso foi para uma melhor compreensão nossa, uma facilidade. Toda a Escritura Sagrada tem um único objetivo: tanto o AT como o NT apontam o Cristo e Este aponta à Deus. Não há nada na Bíblia que não tenha este intuito, portanto não podemos descartar alguma parte. Vale lembrar aqui que tudo que foi citado de Sacro no NT veio das Escrituras Sagradas disponíveis na época, que, não se surpreenda, era o AT e ao qual Jesus veio cumprir integralmente (falaremos mais sobre isso adiante). Os crentes de Beréia examinaram o AT antes de acreditar nas palavras dos apóstolos [At. 17:10-11] e foi o AT que Paulo afirmou serem, também, inspiradas por Deus [II Tm. 3:16].
d. O texto bíblico, tanto o AT quanto o NT foram sim, escritos para uma sociedade específica, mas se você está pensando que foi para o povo judeu, você errou mais uma vez. As Escrituras Sagradas não foram escritas para o povo judeu, mas, sim, para o povo de Deus.
III. Sua fala: “Jesus veio e mudou a Piiiiiiiii (não vamos colocar aqui seus “palavrões”) toda”: Errado!!! Lemos em Mateus 5:17 o próprio Jesus dizendo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”. Se você não sabe revogar é: “tornar sem efeito, fazer deixar de vigorar, anular, cancelar” (Houaiss). Simplificando: Jesus disse que não veio para anular ou cancelar o AT, mas veio para o cumprir. E cumprir aqui é maravilhoso porque Jesus não veio apenas para realizar tudo que a Lei e os Profetas disseram; veio para os satisfazer, atender, sujeitar-se e, finalmente, completar. Completar também não é mudar tudo, mas acrescentar o que faltava. Assim as Escrituras só está completa se a utilizarmos de forma completa. Havíamos antes mencionado que diríamos o que Jesus veio mudar, pois bem, esse é o momento. Para ficar mais fácil de compreender vamos pegar como exemplo o caso da mulher flagrada em adultério, que está descrito no evangelho de João 8:3-11. Por favor leiam em suas Bíblias. Este exemplo é bom porque o adultério tinha a mesma sanção da prostituição e do homossexualismo, que, no caso, seria a morte. Também podemos crer sem medo que o tratamento dispensado por Jesus seria o mesmo em quaisquer dos três casos. A mulher foi levada até Jesus, que foi interrogado nos seguintes termos: “Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na Lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?”. Bom, se Jesus tivesse vindo ao mundo para mudar tudo como você disse então essa seria uma “oportunidade de ouro”. Ele poderia dizer algo do tipo: “Não pessoal, essa lei é ultrapassada. Nada disso vale mais não. Pode jogar todo esse papel velho fora porque vim pra mudar tudo”. No entanto não foi isso que Ele disse. O que Ele disse foi mais parecido com: “Vocês estão certos. Ela deve morrer”. Como você pode ver por Suas palavras Ele não alterou a Lei, no entanto Ele mudou uma coisa ao dizer: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra”. Então o que Ele mudou? Ele mudou a percepção do homem quanto ao seu próprio estado diante de Deus. Deus não mudou! Sua Lei moral não mudou! Seus decretos não mudaram! O que Jesus mudou é o modo como o homem deve se ver: pecador, transgressor das Leis de Deus e, consequentemente, merecedores da mesma pena. Mas Jesus veio ao mundo para mudar uma coisa mais: o nosso destino! Ele veio para nos dar esperança de salvação. Veio para nos mostrar que é possível, através d’Ele, que sejamos vistos por Deus sem pecado. Para concluir este ponto e enfatizar que Jesus realmente não veio mudar a Lei moral de Deus, depois que todos saíram e só aquela mulher ficou, Ele poderia ter-lhe dito algo como: “Olha, eu só disse aquilo pra eles se acalmarem e irem embora. Na verdade nada daquela lei velha vale mais. Pode ir embora viver sua vida do jeito que bem entender”. Mas, ao invés disso Ele disse: “Vai e não peques mais”. E estas são as mesmas palavras que Ele nos diz hoje: “Não peques mais”.
IV. Sua fala: “O NT é a base de toda religião Cristã” – Errado!!! A base da religião cristã é Cristo e como toda a Bíblia, como já dissemos, aponta para Ele, então toda a Escritura, que é formada de AT e NT, são a base da religião Cristã e qualquer religião, igreja ou denominação que procede de outra forma não pode ser chamada de Igreja de Cristo.
V. Sua fala: “Sabem quantos parágrafos dão a entender que ser gay é errado? Um! Um parágrafo! Uma única fala, de um único indivíduo” – Errado novamente. É claro que, como o termo “homossexual” é novo, não o encontraremos na Bíblia. Mas vamos ver quantos textos há no NT que diz que a prática da homossexualidade é pecado. Só gostaria, antes de colocarmos os textos, de fazer algumas observações, pois sempre que vamos analisar os textos bíblicos temos que ter em mente algumas coisas:
1. A Bíblia não foi escrita para ofender, mas para orientar, então algumas palavras são as expressões mais suáveis possíveis (ao contrário do que você disse que as expressões eram pesadas), portanto, algumas vezes, será necessário pegar os significados das palavras que estão dentro dos significados;
2. O que estava em vigor eram todos os conceitos do AT, então por exemplo, quando um escritor diz que “viver em impureza” é pecado, é necessário irmos lá no AT para ver o que Deus considera como impuro. Quando diz que algo é imoral, é lá no AT que vamos ver o que Deus considera como imoral ou abominável.
Para lhe satisfazer deixarei de fora algum texto que por ventura esteja nos quatro evangelhos e os que estão no AT. Os dos evangelhos abordaremos mais à frente. Queremos deixar claro, mais uma vez, que o objetivo do que escrevemos não é ofender, mas alertar. Com a Bíblia e os dicionários em mãos? Eis os textos:


Rm. 1:26-32; Rm. 6:19; I Co. 6:9-10, 18; I Co. 7:2; II Co. 12:21; Gl. 5:19-21; Ef. 4:19; Ef. 5:3-5; Cl. 3:5; I Tm. 1:8-10; Hb. 13:4; I Pe. 4:4; II Pe. 2:4-6; Jd. 1:5-8; Ap. 17:2; Ap. 21:8; Ap. 22:15;


Esses são os que encontrei. São 17 textos de 5 escritores diferentes (talvez 4 escritores, não temos certeza quem escreveu a carta aos Hebreus).
VI. Sua fala: “Sabe o que Jesus falou sobre os gays? Nada! ... Jesus andou com todo tipo de pecadores, falou sobre inúmeros pecados, era de se esperar que se sua sexualidade tivesse a mínima relevância para Jesus Cristo, Ele teria dito algo, não é verdade?” – Como já dissemos anteriormente este termo é novo e realmente não o encontraremos. Também devido ao contexto sociocultural em que Jesus estava não poderíamos esperar que Jesus se deparasse com algum homossexual naquela época, portanto não poderíamos esperar que Jesus falasse abertamente desse assunto bem como de outros, por exemplo: aborto, sexo entre namorados e fornicação. Não eram coisas usuais e cotidianas. E como Ele não mencionou nenhum desses pontos então está “liberado”? Claro que não! Como já dissemos a Bíblia inteira é a Palavra de Deus. Ele não falou porque os pontos já eram bastante claros para todos. Não havia necessidade de dizer algo que todos já sabiam. Mas mesmo assim Jesus falou algumas coisas sobre homossexualidade nos mesmos moldes do ponto V. acima. Vide os textos de Mt. 15:18-20 e Mc. 7:20-23. Para fecharmos o assunto de Jesus neste contexto sei que alguns tem se utilizado do texto de Mt. 19:12 para dizer que os “eunucos de nascença” citados ali eram pessoas que nasceram gays. Quero que entendam de uma vez, se ainda não entenderam: o que caracteriza o homossexual é o relacionamento íntimo com pessoa do mesmo sexo. Uma criança não tem relacionamento neste sentido com ninguém, portanto ninguém nasce gay. E se você for apontar alguém que tenha tal relacionamento com crianças é bom saber que pedofilia é crime e você deve, urgentemente, avisar a polícia. Outros pontos são, como já dissemos, que a ciência atribui o fato de alguém ser gay mais a influência externa que a genética (apesar disso a busca continua pelo “gene gay”) e o que você mesmo disse que são decorrentes de desejos da puberdade. Ainda se pegarmos o texto e o forçarmos um pouco para defender que estes eunucos eram homens que não tinham desejos por mulheres, mesmo assim não eram gays. Jesus falou naturalmente da situação porque as pessoas da época compreendiam claramente o que Ele estava dizendo. Se você quiser entender e insistir que realmente Jesus estava falando de homens que não tinham atração por mulheres desde o nascimento (não temos material para o dissuadir disto) então temos que analisar algumas coisas mais no texto. Se este fosse o caso esta era uma boa oportunidade para validar o casamento entre homossexuais, mas Ele não o fez. Vamos ver quais foram as palavras que Ele usou: “Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher” (vv. 4), onde “desde” é um movimento ou extensão a partir de um ponto e momento determinado (Houaiss), ou seja, Jesus está dizendo que sempre nasce homem no corpo de homem e mulher no corpo de mulher. No vv. 5, Jesus diz: “Por esta causa... o homem... se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” e ainda nos vv. 11 e 12 Ele diz que há algumas pessoas que Deus lhes dá que não se casem; e assim Jesus determina que não pode haver homem no corpo de mulher (e vice-versa), que não pode haver casamento entre pessoas do mesmo sexo e nem daqueles que estão nos estado indicados neste texto. Você pode ainda dizer: “Então quer dizer que os homossexuais não tem direito de serem felizes?”. Eu lhe respondo que este é o principal motivo de tantos relacionamentos fracassados. Cada vez mais os relacionamentos duram menos. As pessoas não são felizes sozinhas e esperam conseguir ter felicidade no outro. Ledo engano. Se você não é feliz sozinho como fará o outro feliz? E como você espera que seu cônjuge seja feliz se vai estar o tempo todo tentando lhe fazer feliz? E, se ele também não é feliz, a conta é muito simples: ambos serão infelizes; porque não vão encontrar no outro aquilo que mais desejam e que o outro não pode oferecer porque não tem. Se Deus nos permitir no futuro falaremos mais sobre namoro, noivado e casamento.
VII. Sua fala: “Uma fala de Paulo em Romanos. Só! ... Se você vai usar uma única fala de Paulo para condenar milhões de pessoas a sofrer pela eternidade no fogo, então você tem que seguir todas as falas, de todos os apóstolos do NT” – Bom, já mostramos que não é uma única fala e também não é somente Paulo que falou sobre o assunto. Quero aproveitar este ponto e lhe dar uma informação. O NT é formado por 26 livros dos quais Paulo escreveu 13 (para alguns estudiosos 14). Se considerássemos verdadeiro o que você falou sobre o NT ser a base da religião Cristã então Paulo, sozinho, seria o responsável por, pelo menos, metade dessa base; então não podemos deixar de levar em consideração o que ele escreveu, certo? Quanto a condenar alguém, esse não é nosso papel. Nosso papel é mostrar a verdade; mostrar que há um caminho (e somente um) que pode reconciliar o homem com Deus. Se você fizer um exame de consciência, com sinceridade de coração, sem mentir para si mesmo, descobrirá quem o condena. Se você ler as Escrituras Sagradas sem procurar desculpas para descartar cada texto da Bíblia também vai perceber quem o condena. Quanto a seguir todas as falas dos Apóstolos a intenção é essa, mas vamos respeitar os contextos de suas falas, sem pegar textos desconexos e atribuir a eles quaisquer interpretações que se queira, por favor!
VIII. Sua fala: “Se você vai seguir todas as falas então você tem que seguir uma fala maravilhosa em Coríntios que deixa claro que a mulher dentro da igreja deverá permanecer calada e se tiver alguma dúvida deverá fazer ao marido dentro de casa ... Se vai seguir todas as falas do NT tem que seguir uma fala maravilhosa em Timóteo onde fica claro que é vedado a mulher ensinar” – Percebemos que o motivo de você usar dois textos como estes é para trazer a ideia que se podemos admitir que, se estes podem ser desconsiderados, porque não pode desconsiderar o outro, não é verdade? Acontece que, como já mostramos, não é “apenas um único parágrafo de Paulo”, como você disse a princípio, que condena a prática do homossexualismo. Então mesmo que você queira usar estes textos para derrubar o outro, não os pode usar para desconsiderar tantos. E para mostrar que você entendeu errado ou está mal-intencionado vamos dar uma olhada com mais calma nos textos e observando, como deve ser, seus contextos e motivos e assim vamos ver se ao menos esses poderiam ser usados para anular aquele de Romanos que você citou como sendo o único:
a. Primeiro vamos ver o texto de I Co. 14:34 em seu contexto bíblico e sociocultural:
1. Seu contexto bíblico: Neste capítulo inteiro Paulo esta falando sobre a ordem no culto. A igreja de Corinto estava com muitos problemas desta natureza. Veja que nos versos anteriores ao 34 ele está relatando como os homens devem proceder em determinadas circunstâncias no culto. O problema lá estava tão grande que sequer era respeitado o princípio básico do diálogo. Em meio a toda aquela confusão as mulheres que frequentavam aquela igreja estavam agindo de igual modo e todos falavam ao mesmo tempo. Não havia ordem nem respeito. Quanto as mulheres, esta liberdade que agora disponham e que lhes foi dada pelo evangelho, pois em sua sociedade as mulheres nem eram tratadas como membros da sociedade, tem um limite. Quando se transpõe esse limite não é mais liberdade que se tem, mas sim libertinagem. Suas condutas (dos homens e mulheres) estavam causando escândalo ao Evangelho de Cristo. Para entendermos melhor o fato de Paulo ter dito tais palavras para as mulheres precisamos entender o contexto sociocultural;
2. Naquela sociedade as mulheres não eram tidas como cidadãs. Consequentemente tudo lhes era vetado. Não podiam participar de decisões políticas, não podiam falar em público e por causa disso só podiam assistir aos debates em silêncio e não podiam participar de ritos religiosos (com exceção das que eram sacerdotisas, mas estas eram apenas usadas para orgias em rituais, isso em uma explanação geral). Elas sequer podiam entrar nos templos. Usando a liberdade dada pelo Evangelho de Cristo as mulheres daquela igreja estavam infringindo todas essas regras e isso era escândalo para o Evangelho, não que a igreja se escandalizava, mas a sociedade. Apesar de acreditar que estas regras não fizessem parte de uma lei civil (já que as leis civis só apareceram por volta do ano 1.800 d.C.) estas regras eram tão claras e respeitadas que Paulo lhes atribuiu peso de lei.
3. Simplificando, Paulo não disse que as mulheres não podiam falar na igreja, ele disse que elas não podiam infringir as regras claras e aceitas da sociedade pois isso escandalizava o evangelho e as colocava, perante a sociedade, em uma situação que se assemelhava as das meretrizes. Paulo não estava menosprezando as mulheres ou as colocando sob jugo; ele estava as protegendo, protegendo a Igreja e o Evangelho de Cristo. Esta fala de Paulo é válida em qualquer tempo e sociedade. Não devemos agir de forma que escandalize o Evangelho ou que venha a nos comprometer moralmente. Se as leis da sua sociedade, sejam elas civis ou regras morais e de conduta, claras e duradouras, não transgredirem as Leis de Deus e lhe impedirem de fazer algo, não faça, pois isso é tão prejudicial para o Evangelho como é para sua própria imagem perante a sociedade. Chegamos então a conclusão que este texto não pode retirar a validade do outro, pois esta “norma” ainda é, e sempre será, válida.
b. Agora vamos ver o texto de I Tm. 2:12:
1. O contexto bíblico: o objetivo de Paulo ao escrever a carta a Timóteo é de passar instruções de como devia funcionar a igreja de Éfeso, da qual ele seria o líder (ou pastor, se preferir). Éfeso não era sua cidade natal e ele ficou nela a pedido do próprio Paulo [I Tm. 1:3]. Timóteo era de Listra, província romana situada na Ásia Menor e apesar de seu pai ser grego [At. 16:1] talvez ele não estivesse bem habituado aos costumes dos gregos. As “regras” sociais em Éfeso eram bem semelhantes às da cidade de Corinto que acabamos de abordar. Neste capítulo específico Paulo admoesta a Timóteo que algumas coisas das quais ele estava acostumado a ver nas cidades romanas não deviam ser “implementadas” lá. Um dos pontos que aborda é que as mulheres deviam estar se utilizando dos costumes a que Timóteo estava habituado para tentarem mudar os costumes daquela comunidade em Éfeso. Paulo diz, por exemplo, que as mulheres não deviam se vestir de modo indecente. Apesar de naquela época a maioria das mulheres usarem roupas que cobriam todo o corpo e cabeça era comum nas cidades romanas as mulheres andarem com a cabeça descoberta, braços, ombros e costas à mostra. Em Éfeso (assim como em quase todas as cidades gregas) uma mulher casada estar na rua com a cabeça descoberta já era indecente. Paulo também diz que as mulheres de posses não deviam ostentar sua riqueza, porque grande parte das mulheres eram simples, e aquelas, ao se exibirem, faziam com que as outras pecassem. Por isso ele diz: “Se ataviem com modéstia e bom senso[I Tm. 2:9]. Esta “norma” ainda vale hoje, e sempre valerá, em qualquer tempo e sociedade. E semelhantemente ao que estava acontecendo em Corinto, as mulheres estavam ultrapassando o limite da liberdade proveniente do Evangelho de Cristo e queriam tomar o lugar dos homens, queriam falar em público e ainda ensinar as Escrituras aos demais. Estes eram três problemas que causavam enorme dano: I. Pessoas sem estudo algum (infelizmente esta era a condição de praticamente todas as mulheres de lá) queriam ensinar as Escrituras; II. falar em público era desonroso para elas e para o público e; III. seus maridos ficavam mal vistos na sociedade por não controlarem suas esposas e serem por elas dominados. Veja que o problema delas não poderem fazer essas coisas não estava no Evangelho ou nas palavras que Paulo escreveu. Elas não podiam fazê-lo por causa da sociedade e de suas próprias condições naquela sociedade. E elas não deviam fazê-lo para pouparem a si mesmas, seus maridos e o Evangelho. Se uma coisa vai manchar sua imagem, de seu marido e do Evangelho, então não faça. Essas “normas” ainda valem, e sempre serão válidas em qualquer tempo e sociedade. Portanto esses textos não podem ser usados para derrubar o texto que fala sobre homossexualismo, ou qualquer outro, mas, ao contrário, eles o dão mais força.
Para concluir este ponto as mulheres lá não eram professoras. Naquela sociedade as mulheres sequer tinham profissões. Nem mesmo tinham voz, e isto lhes foi concedido pelo poder do Evangelho, mas por causa da dureza do coração humano, apenas quando estivessem estritamente entre os irmãos. Assim, sua fala de que “... se tiver alguma professora assistindo (seu show) ou na plateia hoje, você vai pro inferno” só pode ser atribuído literalmente, pois, como já dissemos, no contexto não haviam professoras, e Paulo em nenhum momento disse que elas iriam para o inferno por causa destes acontecimentos.
IX. Sua fala: “Qual a conclusão que tiramos? Tem que descartar as coisas que Paulo falava? É!” – Errado!!! Como mostramos você está equivocado em umas partes e totalmente errado em outras. Seu intuito em tudo isso nada mais é que tentar desmerecer as Escrituras Sagradas usando de quaisquer meios para isso, mesmo que sejam mentiras e enganações.
X. Estamos perto do final, então que tal um “bate-bola”?
1. Sua fala: “E se mesmo depois de tudo que nós aprendemos hoje a noite...” – Como já disse, tudo que você “ensinou” estava errado então na verdade não se aprendeu nada;
2. Continuando sua fala: “... você ainda tiver a cara de pau de falar que vai continuar dizendo que ser gay é errado, piiiiiiii...” – O comentário a esta parte estará incluso na conclusão;
3. continuando: “... amigo, eu tentei, fiz o meu melhor, não consigo fazer melhor que isso não ...” – Consegue, sim. Comece tentando parar de encher seu público de mentiras. Já é um bom começo;
4. você continua: “...  o mundo ainda permite que você tenha sua opinião, é por pouco tempo, então desfruta...” – obrigado pelo aviso;
5. e continua: “... Mas aí o mundo também permite que eu tenha a minha opinião sobre você ...” – Ao contrário do que você e o mundo quer fazer conosco não pretendemos tirá-la de você;
6. e conclui dizendo: “... Você é um piiiii, e tem que piiiiiii!” – já eu lhe desejo muito sucesso. Desejo que seus projetos sempre deem certo e que tenhas muita saúde e felicidade;
XI. Conclusão: Para concluirmos queremos lhe dizer e a quem mais vier a ler esta carta (que estará fazendo parte integrante das postagens deste blog) que você escolhe o que quer ser. A opção é sua. Escolha da forma que achar melhor. Você não nos deve explicações e eu não posso e não quero me meter na sua vida, mas pelo amor que Deus coloca em meu coração e o qual me faz amar o próximo, sempre que eu tiver oportunidade lhe transmitirei as Suas Palavras que hoje serão apenas uma dita por Jesus: “... não peques mais”.
"Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? ... Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." [Is. 53:1, 3-5]
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.