“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;” [Ex. 20:8-10] e suas “justificativas”:
- "porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou." [Ex. 20:11]
- "porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado." [Dt 5:15]
«»«»«»
Um pequeno prefácio
Este mandamento é o principal objetivo desta série de postagens visto que é o que causa “maior confusão” entre aqueles que creem nas Escrituras e até entre alguns que não creem mais a tem em estima ou não. Infelizmente não é possível nesta postagem o abordarmos em todos os pontos que queremos, mas, como dito já em mensagens anteriores, é “a primeira parte” para responder uma questão da série sobre as Aparentes Contradições da Bíblia, que será a primeira postagem quando voltarmos àquela série. Infelizmente também poderá não ser possível concluir também nela, então, se esse for o caso, faremos com que ela seja “a segunda parte”; e posteriormente, se Deus nos permitir, faremos uma “terceira parte” para fecharmos o assunto. Esperamos em Deus poder concluir o assunto.
No entanto oramos para que vossa compreensão sobre o assunto comece a melhorar já a partir desta postagem. Que Deus ilumine nossas mentes e corações!
Jesus começa a mencionar os mandamentos
A partir deste mandamento Jesus já começa a abordar o Decálogo de forma mais direta. Ele ainda não faz uma menção explicita do mandamento citando-o palavra por palavra, mas a forma como trata o assunto é muito clara. Na verdade, de todos os mandamentos este é o que Jesus mais abordou, e como os judaizantes gostam de relacionar tudo do sábado com o número sete, deixo aqui algo mais para eles colocarem na lista: Jesus abordou este assunto em SETE ocasiões diferentes envolvendo direta ou indiretamente os mestres da lei. A grande quantidade de vezes que o fez nos deixa evidente que a forma como os judeus o entendia estava errada. Relacionaremos algumas coisas aqui.
Por favor, sempre que me referir a religião, entendam destas três formas:
1. postura intelectual e moral que resulta das crenças;
2. sistema de doutrinas, crenças e práticas rituais próprias de um grupo social, estabelecido segundo uma determinada concepção de divindade (incluindo a de que elas não existem) e da sua relação com o homem; fé (incluindo na não existência de Deus), culto;
3. conjunto de princípios morais e éticos.
Contexto histórico
Não queria abordar a questão de culto nesta postagem, mas sou forçado a fazê-lo já que não o fiz na postagem anterior onde mencionamos essa questão. Outro motivo é por que, no entendimento de muitos, este mandamento determina um dia de culto. Um dia totalmente dedicado a Deus. Isto não está de todo errado e é uma consequência lógica natural: se trabalhos seis dias e em um não trabalhamos, então este dia deve ser dedicado a Deus. No entanto veremos que este não foi o entendimento original. Por essas razões fui obrigado a falar sobre o contexto de culto aqui. Abordaremos, além deste, o contexto de trabalho a que os hebreus estavam submetidos e também como era o calendário egípcio a que estavam acostumados. Precisaremos destas informações em todas as postagens sobre este mandamento. Tentarei ser o mais sucinto possível para que a postagem não se alongue em demasia.
a. O culto egípcio
O culto no Egito era divido de duas formas: 1. Faraó/Sacerdotes e 2. povo.
1. É conhecida atualmente como “religião oficial” e “consistia em culto e festas religiosas nos principais templos. ... O culto baseava-se na reciprocidade. O faraó (em teoria, mas na prática os sacerdotes) provia aos deuses e tomava conta das suas imagens. Em troca, os deuses habitavam essas imagens e mostravam a sua predileção por ele, e, assim, pela humanidade. ... O contrato entre a divindade e os homens não exclui desta relação outras facetas, tal como acontece com um contrato de casamento. O faraó exprime a sua adoração e veneração pela divindade e celebra suas qualidades (trazendo oferendas). A divindade responde-lhe com amor e prazer na sua presença” (BAINES & MÁLEK). Estes aspectos são ressaltados por PELLINI em toda a cultura egípcia e se misturava com a própria economia. Estes cultos, que eram realizados três vezes ao dia, no entanto, eram praticados pelos sacerdotes e nada tinham a ver com a população, em outras palavras, a população não tinha acesso aos templos. Isso seria uma afronta aos deuses. Nem mesmo aqueles que trabalhavam as terras ao redor do templo podiam entrar neles. Os únicos momentos onde a população “normal” participava dos cultos eram quando os deuses “deixavam” o templo para cerimônias (festas) nas ruas. Nestas ocasiões as pessoas podiam se aproximar deles (suas imagens) para cultuá-los. Estes “cultos”, entretanto, eram, como escreveu BAINES & MÁLEK: “consultas de oráculo”. Era algo bem diferente da forma de culto que se realizava nos templos. Vale ressaltar ainda que mesmo nessas ocasiões as imagens permaneciam escondidas num altar e eram transportadas numa espécie de “barca simbólica”. Mesmo sem poder ver as imagens, pois isto só podia ser feito pelos sacerdotes e faraós, criam que os deuses estavam ali presentes.
2. Para a população em geral o “culto oficial” era irrelevante já que não podiam fazer parte dele. Se limitavam aos momentos festivos e não faziam parte do seu cotidiano. BAINES & MÁLEK relatam que até mesmo foram encontrados textos em que se questionava o valor das oferendas mesmo que houvesse um entendimento de que elas eram necessárias; PELLINI nos traz a descrição de alguns destes itens e isso nos permite entender porque alguns as questionavam. Este ainda confirma a não participação da população no interior dos templos. Assim os indivíduos buscavam satisfazer suas próprias necessidades religiosas realizando cultos sem ligações com os “cultos oficiais”. Buscavam, diariamente, santuários locais (próximos de suas casas) os quais eram dedicados a divindades “menores” ou mantinham em suas casas pequenas imagens de divindades “maiores” (que conhecemos como “deuses do lar”). Destes cultos há muitas menções de práticas que se aproximavam da magia. BAINES & MÁLEK citam que foram encontrados textos que relatam curas mágicas para doenças, porções de amor, afastamento de mau-olhado, adivinhação por meio de sonhos, cartas escritas a parentes mortos que se julgava estarem ressentidos com os vivos, entre outros. O importante aqui é termos em mente que os hebreus já estavam acostumados a um sistema de culto diário as divindades e que todo o mundo egípcio girava em torno destas divindades.
b. O trabalho escravo
Teremos, para melhor entendimento, que abandonar um pouco a ideia que temos sobre “escravos” e “livres”. Apesar de alguns escravos serem como os que entendemos hoje (mercadoria) essa não era exatamente a condição do povo hebreu. Todas as pessoas eram “funcionárias” do estado e serviam ao Faraó, no que é chamado de “corveia real”. A diferença entre elas era que os egípcios “livres” tinham direito a trabalhar para si próprios quando não eram convocados a trabalhar para o estado, enquanto os “escravos” só podiam trabalhar para o estado e para aqueles que tinham grande influência junto ao Faraó. Estes geralmente faziam os trabalhos pesados como os das pedreiras, da fabricação de tijolos e do transporte destes materiais para as construções. Tinham alguns direitos, como os de propriedade e de casar com pessoas “livres”, mas como não podiam trabalhar para si mesmos raramente acumulavam riquezas, com exceção daqueles que se especializavam em algumas profissões. Aqueles que estavam a serviço do estado (mesmo os “livres”) tinham que cumprir metas de trabalho e seu “pagamento” (que eram feitos em grãos e cerveja, basicamente alimentação diária) era reduzido em caso de não cumprimento. Não havia descanso enquanto não cumpriam suas metas diárias e trabalhavam todos os dias da semana. Aqueles que eram “livres” e que não cumpriam suas metas também eram castigados, tinham redução na alimentação e podiam até terminar como “escravos” em casos de tentativa de fugir do serviço.
c. O calendário
Os egípcios inventaram o calendário muito tempo atrás. Alguns egiptólogos chegam a estimar 5.000 a.C. Utilizavam primeiramente o calendário lunar (apesar de não haver consenso entre os estudiosos), mas como este era muito impreciso para prever as inundações do Nilo, que era sua principal forma de subsistência, desenvolveram um calendário solar (ou civil). Por um tempo utilizaram os dois ao mesmo tempo. O calendário lunar consistia de anos com 354 dias (também não há consenso sobre isso) e o civil com 365 (foi a primeira civilização da qual temos notícia a adotar tal quantidade de dias por ano e neste há consenso). No entanto, na época, que nos é importante aqui, o calendário lunar era utilizado apenas para os eventos religiosos. No dia a dia e em todo o Egito o calendário utilizado era o civil. Seus 365 dias eram divididos em três estações de quatro meses com três semanas de dez dias e cinco dias eram acrescidos para festividades a determinados deuses. Explicando de outra forma: dez dias = uma semana; três semanas = um mês; quatro meses = uma estação; três estações = um ano. O importante é sabermos que os meses tinham nome, mas as semanas e os dias não. Podemos dizer que os nomes dos dias eram seus números.
E foi neste contexto que Deus entregou o quarto mandamento.
O quarto mandamento
Neste mandamento Deus coloca limites para o trabalho que o homem venha a realizar. Não há uma menção a culto ou adoração, apenas ao descanso do trabalho e foi assim que foi entendido. Este mandamento na verdade foi instituído antes da entrega das Leis a Moisés e aqui Deus o confirmou.
Sua implicação
Abordaremos sua implicação de acordo com dois momentos distintos da época; e estes se referem especificamente as justificativas feitas por Moisés nos dois textos em que ele descreveu os mandamentos.
Sua implicação principal e direta era que os hebreus agora eram livres. Como Deus abre os mandamentos dizendo: “te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” estava agora complementando ao dizer que além deles não mais terem que trabalhar para o governo eles tinham que também descansar de seus trabalhos. Não eram mais escravos do trabalho e não deviam voltar a esta condição; principalmente por vontade própria. Certamente pensaram que como já estavam acostumados a trabalhar todos os dias em trabalhos difíceis sem acumular nada para si, poderiam agora trabalhar para si com a mesma intensidade para acumular bens e riquezas. Mas Deus diz, neste mandamento, “vocês não são mais escravos do trabalho”. Isto fica confirmado nas explicações dadas por Moisés nas duas passagens citadas no início desta postagem. Nenhuma menção a culto foi feita. A ordem era apenas: “não sejam mais escravos deste mundo”.
Para aquela geração Moisés entendeu que precisava de uma explicação forte: Deus, que é todo-poderoso, também encerrou suas atividades de criação ao fim do sexto dia. Diante desta afirmação o que os hebreus poderiam argumentar?
Posteriormente Moisés deu outra explicação necessária para aquela nova geração: Foi o Deus todo poderoso que vos tornou livres, por que voltariam a ser escravos do trabalho por vontade própria?
Outras implicações estão presentes neste mandamento. Ele foi o primeiro a dar alguma dignidade aos escravos. Um dia sem trabalho, assim como seus senhores. Neste dia as duas classes se tornavam portadoras de igual direito. Isto fez com que os hebreus vissem os escravos não como ferramentas, mas como pessoas e que Deus os tratava da mesma forma. O primeiro passo para a libertação dos escravos tinha sido instituído.
Outros benefícios se fizeram presentes: tempo sem trabalhar implica em comunhão familiar. Tempo para passar com os amigos. Tempo para restaurar as forças. Tempo para recomeçar com mais energia.
Este mandamento não é um dia para se cultuar a Deus?
Não necessariamente. Como já vimos no contexto histórico os hebreus já tinham a noção que deviam cultuar a Deus todos os dias. Por que Deus trocaria o culto de todos os dias para um único dia? E se era para prestar culto durante todo o dia ao invés de alguns momentos todos os dias porquê daria ordem para descansar e não uma ordem clara e direta para cultuar? Se o objetivo era o culto porque só ordenar a construção do tabernáculo cerca de um ano depois? Podemos ainda fazer uma outra pergunta que serve de introdução para o próximo item, se não era para descansar por que os judeus entenderam que não deviam fazer esforços e criaram muitas regras para este fim?
Outro ponto é que, como vimos no contexto histórico, os hebreus, ao saírem do Egito, estavam habituados a usar um calendário com semanas de dez dias (que não tinham nomes). Uma guarda do sétimo dia da semana lhes pareceu estranha e desnecessária. Abordaremos melhor este e outros pontos na próxima postagem sobre as Aparentes contradições da Bíblia, incluindo quando ele foi estabelecido e porque Deus atribuiu como posse Sua.
Como Jesus o interpretou
Vamos fazer uma análise rápida das sete ocasiões em que Jesus abordou o tema “frente” aos mestres da Lei para entendermos o que não é violar o quarto mandamento. Isto é muito importante porquê Jesus cumpriu definitivamente toda Lei o os profetas [Mt. 3:15, 5:17; Lc. 24:44; Jo. 1:45].
1. Mc. 2:23-28 » Nesta passagem, que também é descrita em Mt. 12:1-8 e Lc. 6:1-5, Jesus e seus discípulos estão caminhando (não sabemos qual distância percorreram) quando passando por searas os discípulos começaram a colher espigas e debulhando-as com as mãos as comiam. Alguns fariseus perguntaram porque estavam fazendo isto já que não era lícito fazê-lo em dia de sábado. Jesus respondeu citando outro evento que era proibido pela Lei [Lv. 24:5-9]. Este texto é interessante porque Jesus cita uma proibição da Lei que não está no Decálogo e faz isso para mostrar que a Lei não se resume aos Dez Mandamentos e há coisas mais importantes do que a regra da Lei em si. Conclui ainda dizendo que “o sábado foi estabelecido por causa do homem” e “de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado”. Com estas palavras Ele deixa claro que o homem é o “fator” principal da Lei mesmo Deus sendo o estabelecedor. Tudo na Lei era para o benefício do homem e não de Deus. A. W. Pink disse que: “Se um universo, ou anjos, ou seres humanos Lhe fossem necessários de algum modo, teriam sido chamados à existência desde toda a eternidade. Ao serem criados, nada acrescentaram a Deus essencialmente”. Se nem toda a sua criação lhe são necessárias, absolutamente, porque imaginaríamos que um dia em uma semana ou mesmo toda Lei o fosse? Principalmente porque Ele é senhor também do sábado, assim como é de todas as coisas. Ao lermos Mt. 12:5 lemos ainda Jesus dizendo que os próprios sacerdotes violam o sábado no templo e ficam sem culpa; e completa dizendo que Ele é maior que o templo. Podemos ver aqui Jesus mostrando que cuidar de sua própria saúde material e espiritual é mais importante que guardar o sábado.
2. Mt. 12:9-12 » Esta passagem também se encontra em Mc. 3:1-4 e Lc. 6:6-9. Neste episódio Jesus está no templo em um dia de sábado. Precisamos ressaltar que Jesus também ia ao templo em outros dias da semana, e não apenas no sábado [Mt. 26:55; Mc. 14:49; Lc. 19:47; 20:1; 21:37; 22:53; Jo. 8:1-2]. Estava ali presente um homem que tinha uma de suas mãos ressequida. Os que ali estavam no templo procuravam algum motivo para acusar a Jesus e observavam se Ele curaria no sábado. Jesus então os questiona se um de seus animais estivesse em perigo se eles não iriam salvá-lo mesmo se fosse no sábado, e não obtém resposta. Mostra-lhes que melhorar a vida do próximo é mais importante, cura aquele homem e conclui dizendo que é licito fazer o bem aos sábados.
3. Lc. 13:10-17 » Nesta passagem única Jesus livra uma mulher de um espírito que a mantinha encurvada já há dezoito anos. O chefe da sinagoga repreende aos enfermos que vinham para serem curados por Jesus lhes dizendo que viessem nos outros dias da semana e não no sábado. Jesus o repreende dizendo que, pelos seus animais, eles saíam de suas casas até o estábulo para os soltar para que fossem comer e beber. E questiona por qual motivo Ele não deveria libertar aquela mulher do cativeiro que já há tanto tempo estava. Aqui Jesus mostra que libertar o cativo e oprimido pelo diabo/pecado é mais importante que cuidar dos animais e do que o sábado.
4. Lc. 14:1-6 » Nesta passagem Jesus está na casa de um dos principais dos fariseus e lá se achava presente um homem hidrópico. Este problema pode levar a morte e você pode obter mais informações neste site https://melhorcomsaude.com.br/conhecendo-hidropisia/. Jesus questiona aos presentes se é licito curar no sábado. Sem obter resposta Jesus cura-o, despede, e pergunta qual deles se o filho ou boi caísse num poço não o tiraria logo, mesmo sendo em um sábado. Aqui é mostrado que cuidar do próximo é mais importante que o sábado.
5. Jo. 5:1-18 » Nesta passagem Jesus está no templo em Jerusalém próximo ao tanque chamado Betesda onde um paralítico a trinta e oito anos esperava uma oportunidade para ser curado nas águas do tanque. Jesus cura-o e manda ele tomar o seu leito e andar. Os judeus ao verem que carregava o leito disseram-lhe que isto não era lícito fazer no sábado. Ele respondeu que aquele que o havia curado o autorizou. Perguntaram quem era e, mais tarde, quando descobriram que fora Jesus, O perseguiram por fazer curas aos sábados. Mas Jesus lhes disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Aqui podemos abordar dois novos pontos: a. Se alguma coisa que lhe pertence ou é de sua responsabilidade pode causar quaisquer danos a outros, trate de removê-lo antes que algo ruim aconteça e; b. Jesus diz que Deus nunca parou de trabalhar, portanto não se guarda o sábado em memória a Deus ter descansado. Afinal Ele não se cansa nem dorme [Sl. 121:4]. A referência a Deus descansar é ter encerrado sua obra de criação. E é claro que não podemos trazer esta ideia ao mandamento literalmente. Alguns de nossos projetos não podem ser concluídos em apenas seis dias, mas é importante que paremos a cada seis dias para recuperar as forças e nos dedicarmos a outras coisas que também são (ou são até mais) importantes.
6. Jo. 7:21-24 » Nesta passagem temos, muito provavelmente, até que ponto chegou o “problema” da cura citada no ponto 5. Os judeus estão desejando a morte de Jesus e quando Ele o diz abertamente todos se esquivam e ainda o acusam de ter demônio. Jesus os ignora e continua dizendo que a forma como entendiam a Lei causou um problema na própria Lei: a circuncisão (que está na Lei) e é anterior a Lei, quando realizada no sábado, era uma violação ao quarto mandamento do Decálogo. Importante notar que Jesus cita outro ponto da Lei além dos Dez Mandamentos (é a segunda que abordamos aqui e isto será importante em postagens futuras). Jesus queria mostrar que um artigo da Lei estava em conflito com outro? Não. Jesus quer mostrar que seus conceitos estão errados. O sábado é um dia para evitar que o homem seja novamente escravo do trabalho e não um dia para o homem não fazer quase nada. Isto também é uma lição de que se duas “doutrinas” estão em conflito é porque nosso entendimento está equivocado.
7. Jo. 9:1-16 » Nesta passagem Jesus cura um cego de nascença que posteriormente é interrogado se realmente o era, pois tal ato só podia ser obra de Deus. O que Jesus diz aqui a seus discípulos foi: “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou...”. Assim Jesus mostra que fazer a obra de Deus é mais importante que guardar o sábado.
Síntese
O quarto mandamento do Decálogo é um dia de descanso do trabalho secular, mas que podemos fazer diversas obras. Não vamos determinar nesta postagem se devemos ou não guardar o dia de sábado, ou seja, temos que descansar exatamente no dia que hoje chamamos de sábado, isso vai ficar para outra postagem que faremos após concluir esta série e que já mencionamos anteriormente. Por enquanto é suficiente saber que temos trabalho a fazer: para nós, para o próximo e para Deus. Não que nossa salvação dependa dessas coisas, mas porque é isto que o amor que Deus depositou em nossos corações nos impulsiona a fazer.
Os aguardamos nas próximas postagens.
"Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando." [Tg. 4:17].
DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!
Ozires de Beserra da Silva
Técnico em Informática, Licenciado em Matemática e Servo do Deus Altíssimo.
Bibliografia
- BAINES, John & MÁLEK, Jaromír. O mundo egípcio: Deuses, Templos e Faraós. Volume II. Edições Del Prado, 1996, Madrid;
- CALENDÁRIO PRIMITIVOS. Disponível em: http://www.calendario.cnt.br/cal_diversos.htm. Acesso em: 14/03/2018;
- FERREIRA, Lucas. Egito Antigo: O calendário egípcio. Disponível em: http://antigoegito.org/calendario-egipcio/. Acesso em: 28/02/2018;
- PELLINI, J. R. Reciprocidade e redistribuição no Egito Antigo durante o Novo Império. Rev. Do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 12: 143-163, 2002.
- FORNAZIERI, L. L. Relações de trabalho no Antigo Egito. Publicado em 06 de junho de 2012. Disponível em: https://historiandonanet07.wordpress.com/2012/06/06/relacoes-de-trabalho-no-antigo-egito/. Acesso em: 28/02/2018;
- PINK, A. W. Os Atributos de Deus. Editora Bible Truth Depot, 1990;